terça-feira, outubro 19, 2004

660. Querido escriba
(ou carta de um blogue a quem o escreve)

Você anda muito cheio de sem jeito. Uns dias, está negro, como se a sua alma tivesse sido invadida pela carvoeira, outros, alegre e bem disposto, escrevendo aquilo que você considera graçolas. Veja se se define porque eu já não tenho cu que aguente. As pessoas que aqui o visitam não merecem estas constantes variações de estilo. Estilo? Deixe-me rir. Estas constantes variações de falta de estilo. Veja, por exemplo, os blogues que comentam notícias de jornais. São lídissimos. Você lembra-se quando lia a telepress, aquele conjunto de recortes, à maneira, que evitava que você tivesse de comprar todos os jornais para ler uma pequena meia dúzia de notícias? Pois agora há os blogues telepréssicos. E são de borla. E aqueles que todos os dias colocam um poema retirado das majestosas obras da Sophia, do Eugénio, do Fernando, do Álvaro, do Pablo. Aposto que você já sabe o “Mar Português” de trás para a frente e de frente para trás. Esses sim, cumprem a sua cultural missão. E também são de borla. O quê? Os seus autores não criam nada? Não seja patético! Ou então, escreva coisas coerentes e não ande aos saltinhos de gato para cavalo, de cavalo para rinoceronte, de rinoceronte para galo de Barcelos. Isto não é nenhuma quinta e muito menos um jardim zoológico. Se você escrevesse coisas interessantes, aqui na minha página, do tipo “o meu gato hoje quando foi lavar os dentes, verificou que a pasta dentífrica tinha acabado” e, de seguida, fosse coerente e escrevesse um novo texto: “hoje fui ao supermercado, comprar pasta dentífrica para o meu gato” e terminasse a saga com “hoje o meu gato, já tinha uma pasta de dentes nova”, iria ver o êxito que eu teria. Assim, este pobre blogue, sniff, sniff, sniff (isto sou eu a chorar, meu caro escriba) vê-se na contingência de ter de falar mal do Santana Lopes um dia, editar um poema sobre as “lapiseiras de bico de carbono duro”, outro dia, depois falar de futebol ou do estado do tempo. Isto não é linha editorial que se preze, percebe? Assim não vale, caro escriba. Você há quase um ano que me escreve e ainda não lhe tomou um rumo. Está bem, eu sei que nem todos sabem escrever posts e posts a citar os posts dos outros, mas você podia fazer um esforçozinho, não acha? Olhe hoje já estou cansado de o criticar, mas prometo que um dia destes voltarei ao assunto.


PS. E deixe-se de pêésses, que eu já estou farto desta última frase, quase sempre, escrita para evitar um novo post.

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