982. Party Time Blog
Reunir-se-á, amanhã, em Beja o grupo dos ante-et-postadores. É o segundo convívio colectivo desde o seu nascimento, desta vez em território alentejano, não muito longe de onde eu costumo passar muitos dos meus fins-de-semana. Não sendo eu um alentejano de nascimento sou-o por afinidade já que a minha cara-metade nasceu por essas paragens e logo que a vida nos proporcionou re-adoptamos a sua terra natal como o nosso segundo lar. O Alentejo interior exerce sobre mim vários fascínios. O primeiro é a aproximação à Paz. Na “minha” zona não sou agredido pelo constante ruído dos carros, pela poluição citadina, pela má cara de quem já acorda em stress e de quem chega a casa mais ainda stressado. Eu não dou a saudação apenas às gentes da minha rua nem recebo os bons dias apenas dos vizinhos da porta do lado. Na “minha” terra todos somos vizinhos, todos nos saudamos e até os forasteiros que àquelas paragens rumam, mesmo que por horas, se cumprimentam. O segundo é a gastronomia. Ficarei por estes dois, mas se me apetecer, voltarei ao tema noutra ocasião. Mas a gastronomia de um povo, que durante anos e anos, não soube, na sua maioria, o que era comer mais de um naco de pão com toucinho salgado ou uma sopa de acelgas é na verdade espantosa. Atrevo-me a dizer que ninguém cozinha borrego como os alentejanos, que ninguém lida o porco como eles nas suas mais variadas utilizações, da banha aos torresmos, do entrecosto ao presunto, das febras aos enchidos. Comer um cozido de grão à alentejana ou uma feijoada em púcara de barro, uma sopa de cação, umas migas, uma carne de porco com amêijoas, umas ovas de saboga, um javali estufado, uma açorda de coentros, um arroz de fressura, um ensopado de borrego, um grelhado de achegas, uma lebre com feijão branco, um coelho guizado à caçador, uns pezinhos de coentrada ou um cabrito no forno é sempre um momento solene, naquelas paragens. E há o gaspacho! Ah... o gaspacho fresquinho, comido em tardes abrasadoras. Nada pode ser mais prazenteiro. E se eu começasse a discorrer pelas sobremesas… Pela sericaia, pela encharcada, pelo arroz doce, pelo pão de rala, pelo bolo de requeijão, nunca mais parava. E o post sairia longo, longo, longo que ninguém seria capaz de ler. Por isso, neste convívio que vai ser de gentes, de amigos, de familiares, vai também, pelo que temos vindo por aqui a escrever, um convívio de sabores. Alentejanos, pois claro! E regado, bem regado com vinho tinto que é como quem diz, com o néctar de todos os Deuses. E que Eles estejam connosco.
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