quarta-feira, junho 07, 2006

985. Eu, Supremo Bispo, gosto de espalhar a confusão



Tenho-me divertido à brava não só a pensar em coisas que fiz, como também em polémicas que crio e em medidas que tomo.

Em relação às coisas que fiz, falo-vos agora nos deputados que elegi o ano passado para a Assembleia de República. Quando manipulei os resultados, para que fosse aquela a distribuição parlamentar, eu já sabia da mescla que iria lá meter. Uns com convicções políticas, aos quais lhes incuti o espírito da defesa dos interesses do país acima de qualquer outra coisa (digo-vos de passagem que era essa a minha intenção quando um dia criei o conceito de política e de democracia) e outros, para que isto tudo não fosse uma monotonia sedativa, que eu lá colocaria para defesa de interesses particulares, inclusive os deles próprios. Por isso, não se admirem de que as incompatibilidades entre política e interesses seja aquilo que é, pois é assim mesmo que eu quero para continuar a alimentar a confusão. Aliás se assim não fosse, eu não teria escrito aquele poema que imortalizei na voz de outro Génio da minha Criação, que a todos vós apresentei como Zeca Afonso. É que eu não tenho por hábito, a não ser quando ando extremamente deprimido com as minhas figurinhas de diversão, de criar coisas efémeras, tais como o “pimba, pimba” e o “chama o antónio”. Por essa razão, Eu escrevo canções que não perdem a actualidade.

“…A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios, poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos,
Mas nada os prende às vidas acabadas.

São os mordomos do universo todo
Senhores à força. mandadores sem lei
Enchem as tulhas, bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei.

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada…”





No que respeito ás medidas que tomo, fiquem com esta sobre os fumadores, a proibição em certos locais e a afixação de caveiras e pulmões dilacerados nos maços de tabaco. E para que não abusem, mando-vos a polícia. Afinal sou o Supremo Bispo, para quê?

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