Memória III
Durante a manhã, fiquei pelo Bairro. Reuníamos no muro comentando. Um ouviu isto na rádio, outro ouviu aquilo, entretanto chegavam uns, partiam outros, a confusão era grande, as notícias incoerentes, os boatos, muitos.
Almocei algo nervoso. O meu irmão e o meu pai tinham saído para o trabalho e a preocupação no rosto da minha mãe era indisfarçável. Eu tinha decidido não ir ao Técnico, já que as recomendações eram para não sair de casa. Por outro lado, não estava disposto a que a minha mãe ficasse só. Fui apenas a Almada, comprar jornais. Todos os que consegui. Quando Marcelo saiu na Chamite, do Quartel do Carmo, as lágrimas correram-me de emoção. Na esquina, eu e um amigo abraçamo-nos. Apenas. Fortemente. E dissemos em uníssono: Ganhámos!
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