quarta-feira, abril 14, 2004

À Tarde

No dia 14 de Abril de 1980 rumamos, por indicação de um amigo, a um lugarzinho calmo entre a cidade e o rio. A zona não era muito habitada e as casas tinham qualidade. O preço era bom e como ficamos por aqui quase a tarde inteira, tivemos oportunidade de ver o pôr-do-sol por entre os pinheiros. Olhamos um para o outro e sorrimos. Estávamos para casar e o sol vermelho por detrás das árvores, quase a cair no firmamento convidava ao romance. O vendedor, sempre muito diligente e “conhecedor” de todo o projecto, lá nos ”informou” de que ali não iria ser construído mais nada, que nada seria autorizado porque estragaria a paisagem. E nós a fingirmos que “comíamos”. Mesmo assim comprámos. Não pela paisagem. Pela construção, pelo local e essencialmente pelo preço. Hoje lembrei-me disto por fazer exactamente 24 anos. Fui à janela. A serra da Arrábida, mesmo ao longe ninguém ma tira. E também já me ofereceram a paisagem sobre a auto-estrada e a linha férrea. E o sol continua lá. Em dias como os de hoje. Por detrás dos telhados. Os pássaros já não cantam no arvoredo. O arvoredo nasceu da terra e em cinza se desfez… ou na folha de papel onde não escrevi estas linhas.

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