433. Bom Dia!
Às vezes pergunto-me porque é que eu sou tão ‘mariquinhas’ com o Schubert. Pergunto-me se serei normal. Bom, eu sei que não sou normal, pelo que a pergunta que me faço é descabida. Mas não é por causa do gato que eu acho isso. É por outras coisas, que não vêm ao caso. Quanto a gostar assim do meu gato, é uma doença infantil, sempre adorei os pequenos felinos. Mas vejam que não é assim um caso tão raro. Deixem-me partilhar convosco este pequeno texto de Eugénio de Andrade:
“Acerca de gatos
Em Abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: furnicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo. “
Bom e agora? Agora resta-me desejar a todos vós amigas leitoras e amigos leitores, um muito bom dia. Um dia felino!
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