Olá meu amor,
Sei que pareço demodé ao escrever-te uma carta de amor. Hoje há tantas maneiras de te dizer o mesmo que dispensariam que me dirigisse aos correios de envelope na mão, cheirando a colónia, para selar esta escrita. Poderia ter usado o e-mail, mandar-te um SMS pelo telemóvel ou simplesmente discar o teu número e falar contigo ao telefone. Talvez mais simplesmente, pensarás tu, dizer-te o mesmo ao ouvido, aqui já ao teu lado, enquanto te acaricio os cabelos na cabeça deitada no meu colo e te roubo furtivamente, perdoa-me o pleonasmo, um beijo. Mas confessa-me amor para ver se eu estou enganado. Há quanto tempo não abres a caixa do correio e encontras uma carta de amor? Há muito, respondes-me tu e é o que eu de facto já presumia. Há muito. A nova tecnologia, ou não nos deixa ser românticos, ou nos transforma em românticos banais e compulsivos. Mas escrever uma carta é diferente. Podes até sentir o perfume das minhas mãos no papel (hoje escolhi um papel mate muito bonito, não achas?) e depois de dobrada a folha em quatro partes, guardá-la junto ao teu coração? Sabes amor, hoje senti frio. Se não tivesse estado tanto frio teria ido fotografar os amores-perfeitos que carinhosamente plantaste nos canteiros da nossa varanda e ter-te-ia mandado uma fotografia. Tu sabes que eu gosto de mandar uma foto nas cartas que te escrevo não sabes? E sabes porque faço isso? Porque te amo. Afinal, és tu, hoje, o meu amor-perfeito. Está-se-me a acabar a tinta desta vil caneta de aparo que se desacostumou de ser usada. Recarregá-la-ei com a mais fina tinta azul para que te volte a escrever. E fica prometida a fotografia de uma flor para outra flor. Um milhão de beijos deste que te ama.
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