Não sei se existe a figura jurídica do assassínio por incompetência. E se existe, não sei se existe moldura penal para assassínio por incompetência. E se não existe, devia existir. Porque enquanto continuarmos a ter gestões e administrações e direcções hospitalares atribuídas aos boys dos partidos e das sociedades secretas vão continuar a existir os assassinatos por incompetência.
O meu sogro não entrou doente no hospital. O meu sogro caiu e fracturou o colo do fémur. Foi um acidente, não uma doença. Considerar que, uma pessoa de 81 anos, com o colo do fémur fracturado, não é um caso de urgência e fazê-lo esperar por uma vaga com um atraso previsível de 10 dias como se fosse a fila para o talho onde se tira a senha de vez, parece-me de critério discutível. O que não me parece, nem é, discutível é ter um utente com processo hospital presente, com uma úlcera gástrica, tratada no mesmo hospital e estabilizada há 14 anos e enfiarem-lhe no estômago com anti-inflamatórios e analgésicos que lhe provocaram uma hemorragia gástrica. Depois as consequências, nomeadamente a insuficiência respiratória. Mataram o meu sogro por incompetência e incúria para além de outros maus tratos que lhe infligiram que nem vale a pena relatar. O meu sogro entrou na maca dos bombeiros no Hospital Garcia de Orta em Almada com uma perna partida e saiu na urna de uma agência funerária, oito dias depois, sem sequer lhe terem feito a intervenção que deviam.
Não me conforto com prémios de consolação e se vou ficar por aqui não é por cobardia mas sim por bom senso. Tendo em conta o corporativismo da classe (igual ao de outras, diga-se de passagem) e conhecendo como funciona a justiça portuguesa, seria um processo que prescreveria ou que terminaria com mais uma culpa a morrer solteira. Por isso, não me contentando com prémios de consolação tenho um que ninguém mo poderá tirar. É o de saber que todos esses filhos da puta um dia também morrem.
PS. A foto que ilustra é do meu sogro cerca de 1 hora após a queda que lhe fracturou a perna, tocando castanholas improvisadas por ele próprio.
O meu sogro não entrou doente no hospital. O meu sogro caiu e fracturou o colo do fémur. Foi um acidente, não uma doença. Considerar que, uma pessoa de 81 anos, com o colo do fémur fracturado, não é um caso de urgência e fazê-lo esperar por uma vaga com um atraso previsível de 10 dias como se fosse a fila para o talho onde se tira a senha de vez, parece-me de critério discutível. O que não me parece, nem é, discutível é ter um utente com processo hospital presente, com uma úlcera gástrica, tratada no mesmo hospital e estabilizada há 14 anos e enfiarem-lhe no estômago com anti-inflamatórios e analgésicos que lhe provocaram uma hemorragia gástrica. Depois as consequências, nomeadamente a insuficiência respiratória. Mataram o meu sogro por incompetência e incúria para além de outros maus tratos que lhe infligiram que nem vale a pena relatar. O meu sogro entrou na maca dos bombeiros no Hospital Garcia de Orta em Almada com uma perna partida e saiu na urna de uma agência funerária, oito dias depois, sem sequer lhe terem feito a intervenção que deviam.
Não me conforto com prémios de consolação e se vou ficar por aqui não é por cobardia mas sim por bom senso. Tendo em conta o corporativismo da classe (igual ao de outras, diga-se de passagem) e conhecendo como funciona a justiça portuguesa, seria um processo que prescreveria ou que terminaria com mais uma culpa a morrer solteira. Por isso, não me contentando com prémios de consolação tenho um que ninguém mo poderá tirar. É o de saber que todos esses filhos da puta um dia também morrem.
PS. A foto que ilustra é do meu sogro cerca de 1 hora após a queda que lhe fracturou a perna, tocando castanholas improvisadas por ele próprio.
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