Tive uma discussão enorme com ele. No final como de costume virei-lhe a costas. Não podia fazer outra coisa para não chegarmos a vias de facto. Na verdade nunca chegaríamos porque eu não sou violento. Uns gritos, uns apupos, umas pateadas, se for preciso ergo ao alto uns cartazes com uns dizeres mais acutilantes mas não entro em pancadaria. Foi sempre assim, não é cobardia é feitio. Ele diz-me que nem sempre fui assim e recorda-me, como quem me quer picar, os meus tempos de juventude, quando ainda estudante. E a discussão, que não começou aí, agudizou-se. Ele diz que tem melhor memória que eu e afirma que a idade é um posto. Coitado, apenas uns anitos mais velho e já pensa que é general. Enfim. Eram conversas sobre o Abril de 1969, sobre a crise académica, sobre o papel dos estudantes na sociedade, como Portugal nunca mais foi o mesmo e até de um golo de Eusébio se falou. Só que não valia a pena toda esta discussão. No final da contenda cada um ficou com a sua. Eu digo que o Alberto Martins está muito diferente daqueles gloriosos tempos das lutas académicas, da greve da academia, das justas reivindicações e principalmente do saber dizer NÃO sem medo e o meu espelho não tem a mesma opinião. Alguém entende os espelhos?
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