terça-feira, agosto 31, 2004

557. Sete dias.

Ela entrava descalça no rio. A cada movimento, mais ou menos brusco, que deslumbrava sob as águas límpidas e cristalinas do Guadiana, ali onde as azenhas bebiam da corrente, tremia-lhe o corpo e apertava-me mais a mão. Quase entrava em pânico quando uma cobra de água sorrateira ou distraída deslizava como se lhe passasse debaixo dos pés. Pegava-a ao colo e caminhava com ela nos braços até ás pequenas ilhas de juncos e canaviais, nossos esconderijos. As vozes dos garotos, que se ouviam, ao longe, abafadas pela água cadente das pequenas cachoeiras que caíam das azenhas, para os lagos que o baixio paria, eram a única música que ouvíamos. E apetecia-nos dançar. Abraçávamo-nos num estranho balançar de corpos e sensual enlace. Depois procurávamos comodamente onde nos sentássemos, pés na água brincando como crianças e o abraço transformava-se em beijo. E ficávamos exarando os cheiros do aloendro, do rosmaninho que crescia nas margens, do verde do juncal no misto com o suor dos nossos corpos. E beijávamos. Faltam sete dias.
556. Breves de fim de mês

O Paulo Portas fez mais pela divulgação do nome de Portugal em 12 milhas marítimas do que o Francis Obikweli em 100 metros Proponho-lhe a atribuição de um balde de plástico (desculpa ó Portas mas as medalhas já acabaram).

Agora sou eu quem não já não percebe nada. Não foi o Ministério Público quem interpôs acção contra os arguidos do processo Casa Pia? Agora uma juíza quer mandar prender de novo e o MP já não quer? Macacos me mordam se eu percebo alguma coisa de leis.

As vezes que eu tive que me confessar ao padre só porque dizia à minha mãe que era o gato que comia os bolos todos. Com tantos padres-nossos e ave-marias apanhei o santo vício de não mentir. Agora são os padres que mentem.

Tadinhos. Olha eu aqui cheio de pena deles. Até as lágrimas me vieram aos olhos (já sei que me vais chamar chorão, Arminda).

Quando li o título, confesso que me intriguei: como é que pessoas tão velhinhas conseguiam combater fogos? Depois tudo se esclareceu e ficam aqui registados os meus parabéns.

Durante um mês… ou mais, os jornais desportivos “compraram” um jogador por dia para o Glorioso SL Benfica. Mas o Pintinho é que sabe. Quem não tem dinheiro não tem vícios.

O Rocha já voltou de férias e ainda não me convidou para almoçar. Nem actualizou o blog. Vê lá se te despachas que eu quero ver as fotos. E estou cheio de fome.


segunda-feira, agosto 30, 2004

555. Ele há dias assim

Por acaso hoje tenho andado numa de falta de inspiração. Haviam tantos temas que eu gostaria de trazer para aqui, mas a maioria é demasiado séria para ser tratado com a ligeireza de um blog não especialista. Para isso há os blogs dos experts, dos que fazem análise política, económica, desportiva, social e por aí fora. Eu de vez em quando faço umas referências, mas não tenho nem a capacidade para ir ao fundo das questões, nem os necessários e suficientes conhecimentos. No desporto, sou apenas, mais um, treinador de bancada. Na política sou um activo participante, uma vez que voto em todas as eleições. E acho isso o quanto basta. A partir daí já não temos mais voto na matéria. Da vida social, estiveram, um dia destes, uns amigos meus a explicarem-me quem era um tal de José Castelo Branco. Confesso que parti a moca a rir. Mas no final percebi que estavam todos a gozar comigo. Olha, olha, eles a pensarem que eu acredito em marcianos. Da sociedade civil em geral, sou um observador mais ou menos atento, mas tenho dificuldade em tratar certos temas sem dizer uma dúzia de palavrões. Por exemplo, que nomes iria eu, aqui, chamar a um ministro que retira um subsídio de invalidez a um homem paralítico e acamado, porque a mulher resolveu ganhar 60 contos por mês para não morrerem de fome? E, finalmente, em economia sou um zero à esquerda, aliás um espelho fiel do que vale a nossa economia: zero. Talvez pudesse falar da Justiça, da Saúde e da Educação, mas só me vem à memória aquela história de quando o Santana Lopes se começou a rir porque o Presidente Suíço lhe apresentou o Ministro da Marinha, uma vez que, não tendo a Suiça mar, como é que tinham um ministro da Marinha? Ao que o Presidente Suíço lhe terá respondido “Isso não vale, Dr. Santana Lopes. Eu também não me desatei a rir quando o senhor me apresentou os Ministros da Saúde, da Justiça e da Educação”. Bom, talvez escreva sobre literatura. Afinal de contas, esta semana, já li a TV +, a TV 7 dias, a TV Guia, a Lux, a Maria, a Nova Gente, a Ana, A Ana mais atrevida, a Flash, a Hola, e outras boas publicações, pelo que sou quase um especialista. Mas não, não falo, cairia o Carmo e a Trindade: “Ó Pré tu isto, ó Pré tu aquilo”, fazendo-me de facto limitar-me à minha insignificância. Podia escrever um poema, mas para arranjar uma rima vejo-me aflitíssimo e só me vem à cabeça uma quadra por acaso que nem é de minha autoria e por isso nem vou reproduzir aqui. E se eu não rimar, vêm logo com a conversa, “Ó Pré, estás armado em pós-moderno, ou quê?’. E eu fico acabrunhado, já se vê. Portanto resta-me falar de ciência. Era uma vez um gajo chamado Einstein… O quê? Já conhecem? Já sabem quem era? Então está decidido. Hoje não escrevo post nenhum. Ele há dias assim.

domingo, agosto 29, 2004

554. De repente

Como sabeis amigas leitoras e amigos leitores que me acompanham há alguns meses, eu sou fumador. Não vou aqui dissertar sobre os malefícios do tabaco, no seu todo, embora devesse escrever pelo menos um post por dia sobre isso. Mesmo que não convencesse ninguém, de tanto me flagelar, talvez eu me curasse dessa doença. Mas, como diz o nosso sábio povo, há males que vêm por bem. O fumo do cigarro, neste meu parco escritório-biblioteca, suja-me tudo. A minha Maria lava os cortinados todos os dois meses e, hoje, veio-me com a conversa de quem deveria lavar as paredes da sala era eu.

Passei os olhos pelas paredes, não as achei assim tão amareladas para merecer tamanho castigo, mas num relance olhei para a estante e vi que, algumas capas de livros, as quais eu tinha uma vaga ideia de serem brancas, já não o eram. Levantei-me para ver mais de perto, mas como sou um viciado em books, vai daí chamou-me a atenção um, que já li há uns bons pares de anos, chamado “Pelo Amor de Judith” de Meir Shalev. Já não me lembrava bem da história e fui ler a pequena súmula que vem na dobra da contracapa:

“Zaidé tem três pais. O que lhe deu o nome, o que lhe deu a vida e o que lhe contou a sua história. Três homens que amaram a sua mãe, Judith: Não sabe qual dos três é o seu verdadeiro pai…”

Depois, de repente veio-me toda a história à memória. Pensei ir relê-lo mas ficará para outra ocasião. Cheguei à conclusão que tenho boa memória (se calhar o tabaco não mata assim tantos neurónios, mas isso é para outra ocasião). O livro, recomendo-o vivamente.

E novamente de repente (como sabeis o pensamento voa mais rapidamente que o próprio repente), veio-me também à ideia que, no livro “Old Possum's Book of Practical Cats” de TS Eliot, ele diz que os gatos têm 3 nomes.

E assim de repente, lembrei-me também que já tenho bilhetes para ir ver o Cats em Outubro. E com esta, são 3 as vezes que vejo o Cats (roam-se de inveja, vá!).

Mas se, assim de repente, é tudo de 3 em 3, vou esperar que a minha Maria me diga mais duas vezes que as paredes precisam ser lavadas. Assim como assim, eu continuo a fumar….

sexta-feira, agosto 27, 2004

553. Lunch Time Blog

I’m so exciting. Imaginem que encontram na rua o Presidente da República, ou o Pedro Santana Lopes, que é quase a mesma coisa; ou então que está ali a cinco metros de vocês o José Mourinho, ou o Tony Blair, por exemplo, que fala quase tão bem inglês como o Mourinho; ou, por supuesto, o António Banderas ou o Joaquim de Almeida que falam quase tão bem espanhol com sotaque americano um como outro; ou, ainda, o Bill Gates ou então o Belmiro de Azevedo, assim tipo um Bill Gates à portuguesa; ou, já agora, o D. Duarte Nuno de Bragança, ou príncipe Carlos de Inglaterra, quer dizer, ambos são herdeiros mas não vão ter trono nenhum, ao que parece. Imaginem agora que um deles vos apertava a mão. Não seria excitante? Bolas, eu acho que sim! Eu nunca mais lavaria a mão que cumprimentasse uma figura destas. Mas não, desencantem-se porque não vi ninguém assim tão pouco interessante. Hoje enquanto almoçava o meu Bacalhau à Braz, almoçava também, numa mesa perto da minha, o Ricardo Araújo Pereira, do Gato Fedorento. Obviamente, fui cumprimentá-lo e agradecer-lhe os momentos de boa disposição que por conta dele e dos outros elementos do “seu grupo” e, também, por conta do meu filho saber quase de cor os sketchs do “Gato”, que passam no infelizmente pior canal de cabo que a TV nos oferece (juro que prefiro ver o Viver/Viver à SIC Radical), dizia eu, agradecer os momentos de boa disposição que me proporcionaram estas férias. Já agora quando é que o Gato Fedorento passa a dar num canal de jeito?

PS.
1. Nem precisava dizer que, é claro, lavei as mãos depois de almoçar. Mas que foi excitante cumprimentar o Ricardo, isso foi!
2. Schubert, bem sei que é uma heresia chamar fedorento a um gato. Cá para mim acho que os gajos encontraram um primo teu, abandonado numa fossa. E em vez de irem dar banho ao cão, quer dizer, ao gato, arejaram-no com algum do melhor humor que se faz aqui neste portugalinho.
552. O meu aplauso de hoje...

Para o post da Controversa Maresia colocado ontem, pelas 7:18 p.m., sem título. A vieira do mar, no seu melhor!
551. Esperanças

(I)

Acabei de ouvir que quando o vencedor dos 50 kms marcha, cortou a meta, um português de nome Manuel Martins, de 36 anos, estava ainda no km 35. Ora cá temos um jovem, a ganhar experiência para os jogos olímpicos de 2052. Ao que isto chegou...

(II)

Numa completamente a sério. O jovem Emanuel de 18 anos ficou em 7º lugar na final de k1 - 1000. Parabéns miúdo. Tens uma larga margem de progressão, assim continues a empenhar-te. Força.

quinta-feira, agosto 26, 2004

550. De novo Francis!

O meu amigo que é António e também é Silva, nasceu nos Estados Unidos da América e por lá viveu uma porção de anos. O pai é português e a mãe é brasileira. A páginas tantas, foram viver para o Rio de Janeiro, onde acabou de crescer, tendo-se radicado de vez em Portugal. Casou e por cá trabalha. Não faz atletismo, nem joga futebol. Tem, no entanto, tripla nacionalidade. Americana de nascimento, brasileira e portuguesa. Imaginemo-lo a ganhar uma medalha olímpica, com a camisa de Portugal. Deverá haver alguma contestação pelo facto de ter nascido na América? Deverão os brasileiros reivindicar para si a glória de mais uma medalha conquistada por um brasileiro embora vestindo a camisola de Portugal? E para os americanos mais medalha, menos medalha, aquece ou arrefece? Será que eles sabem que o António é americano?

Francis Obikweli nasceu na Nigéria. Vive e trabalha em Portugal. É filho, embora que adoptivo de um casal português (não é raro em Portugal, se adoptarem crianças de outras nacionalidades). Francis veio para Portugal com 16 anos. Podemos dizer, ainda uma criança. Correu e corre com a camisola de Portugal.

Tenho muito orgulho na medalha que conquistas-te. Desejo-te toda a sorte do mundo para logo à noite. Quero voltar a chorar de alegria, como quando te vi receber a medalha dos 100 metros. Força Francis! Força Portugal!

PS. Da mesma forma que não contive a lágrima com Sérgio Paulinho e com Rui Silva.

quarta-feira, agosto 25, 2004

549. Republicação e Contestação

Li hoje no blog da minha querida Papoila, o seguinte post que com a devida vénia republico:

(cito)

"Não há chapada nos comentários mas há nos mails...

recebi um mail cujo autor dizia que "os blogs (o meu especialmente, penso) são uma necessidade patética de chamar a atenção, e isso é irritante".

Caro leitor: quanto a essa treta de querer-ser-lido, comentado, admirado, massajado, eu explico: é tudo mentira!
O narcisismo existe, só que ele não está na vontade de sermos lidos. Ele está na necessidade de nos lermos."

(fim de citação)


E agora a minha contestação à resposta da Papoila. Eu quero ser lido! Olha o exemplo:

CV

Ex-oficial da marinha mercante, ex-director de informática de uma das maiores seguradoras europeias, ex-director de informática da mais conceituada marca japonesa de electrónica de consumo, ex-director da maior empresa de telecomunicações móveis privada, ex-director de informática do maior produtor de pasta de papel do país, consultor independente de sistemas de informação, senior surveyor em operações de carga e descarga de mercadorias, ex-professor de matemática no ensino secundário privado e no ensino superior privado, licenciado em engenharia electrotécnica, 49 anos, casado, encontra-se desempregado há 2 anos.

Podem considerar irritante esta chamada de atenção, patética ou não, mas é para ser lida. É mesmo!

terça-feira, agosto 24, 2004

548. Tenho de o aturar?

- Estou chateado contigo!

- Comigo? Porquê?

O espelho disse-me que estava zangado comigo e, apesar da minha interrogação, acreditei de imediato. Não esboçou qualquer sorriso (fá-lo sempre quando brinca ou quando está a ser sarcástico).

- És um mono!

Quem estava a começar a irritar-se era eu. Se alguma vez se viu um espelho chamar mono a quem lhe dá vida. No entanto, tentei manter a calma.

- Vais ter de me explicar isso melhor. Já te enfrentei hoje várias vezes e fechaste-te em copas e, é a estas horas da tarde que te apetece ofender-me.

Conhecem aqueles olhares penetrantes que parecem cuspir fogo quando nos fitam directos? Pois foi assim que o espelho me fitou. Senti-me trespassado. Quase adivinhei o porquê daquele ar. Ainda assim, esperei três segundos, três longos segundos que me deixaram demasiado ansioso.

- Todo o dia à espera que escrevesses algo de jeito e tu, sossegado no teu canto, que nem um armário. És um mono!

Afinal a montanha pariu um rato. Juro que pensei pior. Um dia vou ter de ter uma conversa séria com este “tipo”. Um blog não é uma fábrica de encher chouriços. E mesmo que fosse, nem sempre há matéria-prima. E hoje não houve. Por muitas voltas que as tripas dessem.
547. Chez PreDaté


Xorisso na canoa

Vinhos tintos, brancos e berde há preção.

Oje á caracois e caraculetas asadas.

Sandes de perzunto, qeijo e fiambre

Á bifanas guerlhadas ó feritas.

Tabaco só ó balcão.


Vou ali à tasca e já bolto. Tou cá cuma galga.

segunda-feira, agosto 23, 2004

546. Lunch Time Blog

Hoje fui almoçar ao Manel Zé. Como podem perceber pelo nome, trata-se de um restaurante de um tipicamente alentejano. A lista era alentejana, com pezinhos de coentrada e sopa de cação e tudo. Ao meu lado comia-se uma sopinha destas mas não cheirava a poejos. Falha do Manel Zé ou falha do cliente. Não perguntei a um, nem a outro. No serviço uns olhos verdes penetrantes, hipnotizadores sob umas sobrancelhas fartas. Um sorriso cativante, um corpo escultural. Hei-de voltar ao Manel Zé para tentar cheirar os poejos. Pode ter sido um erro momentâneo.

Fui lavar as mãos e inevitavelmente confrontei-me com o espelho.

- Charmoso!

- Já cá faltavas tu – ripostei, um tanto ao quanto surpreendido com um não sei quê de piropo, que me soou irónico.

- Charmoso, insistiu o espelho.

Olhei-o atentamente. Quis perceber o que é que ele queria, efectivamente dizer. E foi então que realmente entendi. A forte cor bronzeada fazia sobressair, da curta melena, os fios prateados que há algum tempo me vêm povoando a outrora castanha, quase mel, cabeleira. Só a gentileza e, aqui sim, com toda a propriedade, a elegância das mulheres bonitas, principalmente as mulheres interiormente bonitas, são capazes de chamar charme à idade. ‘Não lhe chamo velho, ele não merece; digamos que é um homem charmoso’.

- Ó rapaz, pareces uma gaja! – disse-lhe eu, piscando um olho e esperando uma reacção mais ou menos pateta, como tolo costuma ser o meu espelho.

- Uma gaja ponto e virgula; Uma lady, uma verdadeira lady.
545. Tem jeito de ficar indiferente?

O meu amigo Branco de além-mar quase sempre nos presenteia com “estórias” deliciosas. Hoje li a “O Galaxão parte III - Tempos de secura” que ele escreveu no dia 19 (com atraso, mas férias são férias, né mesmo meu?), escrita como poucos saberiam escrever, em português do Brasil (se eu não tivesse já lido cardápio brasileiro ía lá saber o que era o xismaionese), que se não o fosse, não nos ofereceria o “movimento” que transmite, mesmo quando temos presentes um tanque vazio e bolsos quase duros, chorando quinze paus. Mas a minha referência a este texto tem dois objectivos: a divulgação que gosto de fazer aos blogs que eu gosto de ler e dizer que não há jeito de ficar indiferente, às histórias da adolescência. Se trocarmos um Galaxão por um Mini Cooper GT, um tanque de 100 litros por um de pouco mais de trinta, fizermos o câmbio do preço da gasolina na época, substituirmos os sete mânfios por cinco (o mini tinha dificuldades até com quatro, parecia que batíamos com o rabo no chão) e se contarmos que “no meu tempo” (ai que saudades ai, ai) o “agito” não era o que é agora, mas que havia bons locais para ver “passar” rios de mulheres… Olha aí meu, coloca antes 5 macacos no capot do Mini e a paisagem fica parecida. Cada um com a sua jola na mão. É que sempre sobravam cinco paus para uma loirinha. Menos seco...
544. Começar de novo…

A propósito do meu post n. 542, de Sábado, além dos comentários recebi vários e-mails de incentivo uns, de preocupação outros. Estive também à conversa com uma amiga bloguista no MSN que pertence ao meu “clube”. Falou-se em projectos e iniciativas e então eu fiz uma lista do que poderei fazer daqui para a frente:

1. Abrir um “Chez PreDaté” e passar a servir bicas; (a ideia não me parece feliz, pois iria plagiar de uma maneira rasca o meu amigo Joaquim que acabou de regressar de França);

2. Criar uma firma de lavagem de vidros pára-brisas nos sinais de trânsito; (a ideia também não me parece feliz, pois consta que os romenos só querem trabalhar por conta própria);

3. Abrir um cyber shop (não me parece boa ideia, pois eu consumiria todo o lucro em utilização de Internet);

4. Ter um jardim-de-infância (a ideia é no mínimo peregrina; eu não empresto a minha bola a ninguém e depois os outros meninos desatavam a chorar);

5. Importar saídinhas de praia, biquinis-tanga e shorts do Brasil para a comunidade brasileira da Costa da Caparica (oh Pré, mas tu estás parvo ou quê? Não viste no Algarve aquelas roupinhas made in Taiwan a metade do preço das brasileiras? - leia-se roupas);

6. Fazer de homem estátua no Rossio, nos Restauradores ou no Largo da Trindade (lá estás tu de novo a delirar, meu; passas quinze minutos sem beber uma jola? passas? lá se vai a estátua que nem a de Sadam em dia de invasão de Bagdad);

7. Escrever contos eróticos, de preferência uma banda desenhada (aqui há um pequeno handicap; eu não sei desenhar);

8. Vender bolas de Berlim, línguas da sogra, ou artesanato nigeriano pelas praias (não é má ideia, não; e o que é que vou fazer nos outros noves meses do ano? vou esculpir em madeira? sou algum Cargaleiro, sou?);

9. Ser assessor de um ministro ou secretário de estado (assim como assim, era só mais um não é?) .

Já chega! Vou começar a desenvolver um Business Case para cada uma das actividades descritas, preencher os quatro mil e setecentos documentos, ir às catorze repartições públicas, submeter o projecto a vinte e cinco instituições bancárias, daquelas que dizem sim em meia hora, e, entretanto, enquanto espero, treinar-me para a meia maratona do ano que vem. Acho que chegarei primeiro do que a aprovação do projecto… apesar da barriguinha.

domingo, agosto 22, 2004

sábado, agosto 21, 2004

542. Acabaram

Tinham de acabar. Não duram sempre as férias. E eu farto-me de rir com isto. Um desempregado, de férias (aqui dei uma gargalhada; é LOL que se escreve não é?). Pois é minha amigas leitoras e meus amigos leitores, estou de volta ao meu desemprego. Durante as três semanas que partilhei as férias da Maria até me esqueci que estava desempregado. Assumi as férias dela como se fossem minhas e, fiz férias também. Que isto de estar desempregado há 2 anos, sem direito a férias não é coisa que alguém goste. Estou, no entanto, com um dilema. Se por acaso, alguém se lembrar que o PreDatado, está desempregado e de repente o convidar para deixar esta vida de não faz-nada, como é que eu vou justificar o meu ar bronze acabadinho de regressar do Algarve? Vou dizer que passei os dias na varanda com uma tina de água ao lado a fingir de praia? Ou vou dizer que desempregado também tem direito a férias? Há algum contrato colectivo ou individual de trabalho que diga: “Todos os portugueses, há mais de 2 anos sem emprego, têm direito a gozar 3 semanas, com a sua Maria ou o seu Manuel, de preferência na praia. Caso o subsídio de um deles seja avantajado, poderão escolher, a Polinésia Tailandesa, o Nordeste Brasileiro, as Maldivas, as Seichelles ou as Maurícias (com um passagem por Reunião e Sta. Helena); caso vivam em Almada ou arredores, tenham juizinho e aproveitem a Costa da Caparica”? Se há, desconheço o contrato. Fiz uma trouxa num lençol, atei com dois nós a um pau de vassoura e, pernas para que vos quero, rumei ao Algarve. Agora estou de volta e cheio de esperança na bagagem. Como acabei de fazer 49 anos, a minha esperança é que nos próximos dezasseis anos consiga empregar-me. Caso não o consiga, reformo-me. E disse.

terça-feira, agosto 17, 2004

541. (XX) Mesmo em férias…

…há dias em que um gajo reserva as 24 horas do dia, para festejar o seu aniversário. Um, dois, três…começou!


(hoje nem que o Bin Laden fosse capturado, o Papa renunciasse, o George W. Bush dissesse um frase sem erros, o Milosevic ganhasse o Nobel da paz, o Pedro Santana Lopes anunciasse que a Cinha Jardim seria nomeada ministra adjunta do primeiro-ministro, o Pinto da Costa voltasse a contratar o Delneri, o Pacheco Pereira decidisse encerrar o Abrupto, a Playboy trocasse o coelhinho por um rinoceronte, a Maria fugisse com o Mr. Bean, o meu gatinho Schubert começasse a ladrar, nada, mas mesmo nada, me impediria de abrir uma garrafa de champanhe!)

segunda-feira, agosto 16, 2004

540. (XIX) Mesmo em férias…

..há avisos que não podem deixar de ser feitos. Amanhã, 17 de Agosto, é dia do meu aniversário. Faço 49 verões e estou aqui para as curvas (isto vocês não precisavam saber, mas já que escrevi não estou para voltar atrás). Vim aqui escrever esta nota, para vos intimar, leram bem? Intimar! Intimar a deixarem aqui uma mensagem de feliz aniversário. Estão desculpados e desculpadas, ou melhor dizendo, isentos e isentas de o fazer, todos os que se encontrarem em pleno gozo de férias blogosféricas, de férias reais, os que nunca me leram, nem vão ler esta mensagem, os que não gostam de mim (nem que seja por via de não gostarem do que escrevo), aqueles de quem eu não gosto (por exemplo, o Bin Laden, o George Bush, o Jorge Nuno Pinto da Costa, o Carlos Castro…), os que não sabem apreciar um pedaço de prosa quase sempre bem escrita (incha, que piroso e que convencido!), os gajos e gajas que têm uma inveja do caraças de eu fazer 49 e ainda estar aqui para as curvas (outra vez?), os distraídos e distraídas que só no dia seguinte é que se lembram e batem com a mão na testa e dizem ‘chiça, o Pré fez ontem anos!’ (alguns podem substituir o chiça por outra palavra que eu não levo a mal) e aqueles e aquelas que não dão nada a ninguém – forretas! – que nem os parabéns são capazes de dar. Todos os restantes aqui não mencionados, nem se atrevam, ouviram? Aliás, leram?

PS. Em férias não se fazem pêésses, mas é só uma pequena excepção. Escusam de se incomodar a ir comprar presentes, eu não sou muito dado a isso. È verdade, estava a esquecer-me. Ainda se lembram do NIB da minha conta bancária? O Porsche está lá, na loja, reservado. Vá lá, não sejam avarentos.

domingo, agosto 15, 2004

539. (XVII) Mesmo em férias

…há momentos para fazer uma pausa. Adicionem um feriado a um Domingo. Um feriado e um Domingo a um dia de férias. Depois juntem-lhe uma pitada (várias pitadas, para quem me conhece melhor) de falta de inspiração e temperem no fim com uma dose, uma grande dose de preguiça. Está aí a receita para não fazer nada. Fiquem em paz neste quinze de Agosto e tenham um muito bom dia!

sábado, agosto 14, 2004

538. (XVI) Mesmo em férias…

…há dias em que me apetece contar uma história real e deixar recados. Vou resumir, para que não enfade. Os nomes que vou usar na história são reais.

Conversei durante alguns anos com uma amiga minha da cidade de Cascavel, Paraná, Brasil, chamada Carin. A Carin parece-me ser uma pessoa respeitável e confiável. Um dia, do ano passado, falou-me que uma amiga dela, a Kachia, viria para Portugal para a cidade de Braga fazer um mestrado. Como amigo da Carin, achei que poderia em alguma eventual circunstância poder ajudar a Kachia, pelo que lhe pedi os contactos. Troquei e-mails com Kachia e coincidência pura, a Kachia viria para Portugal na altura que eu estava a partir, precisamente para o Paraná. Não pudemos entrar em contacto, mas quando regressei, prontifiquei-me a dar notícias. Algum tempo depois, recebi um e-mail da Kachia informando-me que viria para Lisboa, fazer o mestrado na FCT – FCSH e que estaria vivendo temporariamente na residência estudantil do Monte da Caparica. Marquei um encontro, almocei com ela e acedi ficar com o CV para ver se lhe poderia ser útil. Alguns dias depois, face a um bom, aparentemente, CV, intercedi junto do meu amigo Rocha para que lhe pudesse confiar uma tarefa na empresa dele, tarefa essa que, eu próprio, me disponibilizaria a orientar. Assim foi. Bem sei que o pagamento não era muito, mas seria justo para uma pessoa que nem sequer sabíamos o que iria render. Bom, a verdade é que a ajudei a arranjar emprego. Não vou contar aqui o que ao longo destes cincos meses de convivência foram os meus actos de solidariedade para com a Kachia. Ela como lê este blog, sabe-o e ficamos por aqui. Pois esta semana a Kachia decidiu despedir-se da empresa do Rocha. Tudo bem, era livre de o fazer. Mas, Kachia, eu não merecia, um e-mail, um telefonema ou um SMS? Além disso estive ao telefone contigo no dia que tomaste a decisão, mais uma vez numa atitude solidária e, não tiveste a veleidade de me informar? Pois “amiga”, eu não cobro nada, apenas reciprocidade. Tu quebraste o elo, está quebrado.

sexta-feira, agosto 13, 2004

537. (XV) Mesmo em férias…

… há males, que não vêm por bem. Hoje doem-me as articulações dos dedos. Está aí uma camada de ácido úrico a atafulhar-me as juntas. E agora eu pergunto: E então as jolas, também conhecidas como bejecas? E então os whiskyes mais ou menos on the rocks? E o meu tintol (ainda ontem uma Herdade de Espirra, 1999 sorriu para mim)?
Agora ando na fase das limonadas, dos sumos naturais, das águas lisas e com gás. Isto faz-se a um gajo que está de férias? É preciso ter um organismo muito maldoso, para trair um tipo desta maneira. No próximo ano, não me vai apanhar assim de repente, não. Vou-me prevenir antes. Ou deixo o organismo em casa, ou passo férias com a minha médica.

quinta-feira, agosto 12, 2004

536. (XIV) Mesmo em férias…

… há coisas que nos emocionam e que nos enchem de orgulho. Podem chamar-me vaidoso, que não me importo, pois é como me sinto, também, neste momento. E apetece-me partilhar convosco o motivo da minha emoção. A minha filhota acabou de receber a notícia de que lhe foi concedida uma bolsa para fazer o doutoramento. Como querem que um pai se sinta?

quarta-feira, agosto 11, 2004

535. (XIII) Mesmo em férias…

Ou talvez por causa delas, deito-me no muro que circunda o meu quintal, de barriga para cima, apago as luzes e olho para o céu. Nesta época do ano não vejo passar as renas puxando o trenó do pai natal; ainda faltam quatro meses para a sua sorridente viagem, de vermelho vestido, cantando e espalhando estrelas à passagem. O que vejo são as estrelas que ele plantou no ano anterior, algumas delas rasgando o céu e deixando rastos de luz como se fossem as caudas iluminadas da Dasher, da Dancer, da Prancer, da Vixen, do Comet, do Cupid, da Donder e da Blitze. E vou identificando as constelações e descubro as que estudei na escola e outras que eu invento. Nem sei se são constelações, mas vou juntando e juntando e faço colecção de estrelas. E vejo o dabliu da Cassiopeia e viro a cabeça ao contrário para ler nela um éme de Maria. E de repente sinto-me apaixonado pelo céu. E viajo pela via láctea, num skate debruado a pequenos diamantes e depois vou ao encontro da lua. E quando ela está de quarto, subo-lhe as montanhas à procura da luz de cheia e atravesso os rios para dormir no seu lado escuro. Como é lindo the dark side of the moon. E acordo banhado de pequenos pontos luminosos, beijado pela Merak e pela Dubhé, acariciado pela Betelgeuse, pela Bellatrix, pela Rigel e pela Saiph, depois da Sirius e da estrela Polar me terem vigiado o sono. Depois viro-me, deito-me de barriga para baixo, coloco as mãos sob o rosto e deixo-me massajar pelas três-marias, Alnitak, Alnilam e Mintaka e assim fico até os primeiros raios do todo-poderoso Sol, me informarem que a noite acabou, que agora é a vez dele reinar sobre todas as outras. Dentro de horas ele aí estará de novo. E não preciso de toalha para secar o meu corpo deste banho de luz e magia. Depois…


(hoje ouvi uma pequena história de fadas e lobisomens contada por uma criança; ele utilizou a palavra “depois”, quase uma centena de vezes; fiquei fascinado)

terça-feira, agosto 10, 2004

534. (XII) Mesmo em férias...

... há tempo para se ler e comentar o que escrevem nos outros blogs.

A Robina tem estado a publicar uma identidade nome-características no seu blog. Hoje chegou à letra V inicial do meu nome (para quem não sabe o PreDatado chama-se Vítor). Eu vou transcrever o texto dela e comentar em itálico o que penso do texto quando aplicado aqui ao Pre.


És:Tu és uma fonte de lucidez fora do comum, quando se trata de julgar o mundo e as pessoas. [ai meu Deus, como me engano com as pessoas]
De todas as vezes que abres a boca dizes coisas acertadas. [sem pretensiosismo, podemos ficar pelos 90%?]
O problema é que vives com um pé no chão e outro na lua, ligando e desligando a tua atenção com uma rapidez incrível. [e quantas vezes vivo com os dois na lua?]
Por isso, muitas vezes pareces ser indiferente ao que ocorre à tua volta. [aqui, sob pena de parecer contraditório vou arriscar: nunca ]
Liberdade, é para ti a coisa mais importante da vida e por isso costumas resolver sózinho os teus problemas sem pedires ajuda ou conselhos a ninguém. [absolutamente verdade]
Ordens? Detestas. Tanto dar como receber. [gosto de dar (ai, ai, estou a revelar-me demais)]
Só tens é de aprender a controlar essa tua teimosia. [burro velho não aprende latim]

E cá está minha querida Robi. Só falta uma frase no final. Mas essa, tu já deves saber qual é.
533. (XI) Mesmo em férias…

… há momentos em ficamos parados sem fazer nada; nestes momentos de puro “nadismo” o nosso pensamento parece fluir a uma velocidade hiper-sónica. Um micronésimo de segundo após o instante anterior já não nos lembramos o que estávamos a pensar no referido instante. Hoje dei comigo a pensar no que gosto e no que não gosto e de repente lembrei-me, sem saber como, que o primeiro pensamento foi café. Depois, em catadupa, isto e mais aquilo; seria despropositado e maçador listar estas pessoais preferências; até porque algumas são de carácter tão íntimo que só a mim, efectivamente, dizem respeito. E nesta senda de check-list mental associei de imediato ao café, o cigarro. Confesso que sou um viciado mas, o cigarro caiu na listagem daquilo que não gosto. Talvez se contem pelos dedos de uma mão, vá lá, de duas, para não exagerar, as vezes que fumei por prazer. É devido a este tipo de constatações que ao fim de 32 anos de fumo ando seriamente a pensar deixar de fumar. Mas nas férias não. Não as vou estragar com uma crise nervosa, uma tensão escusada. Os outros, à minha volta, não têm culpa. Vamos esperar mais uns diazitos.


alínea a) não é uma promessa, é uma vontade; alínea b) vou publicar o texto e tomar um café; alínea c) se tiver ali a playboy à mão, quem sabe dispense o cigarro; alínea d) não considerem a alínea c como a revelação de algo que eu goste ler.

segunda-feira, agosto 09, 2004

532. (X) Mesmo em férias…

… há coisas que não dispenso. Estava eu neste meu pensamento, profundo e pré-existencial, quando de repente fiquei com saudades de um certo PreDatado. Gostava de vê-lo a conversar com o espelho, de ouvi-lo manhãzinha cedo, gritar bom dia! aos quatro ventos, de lhe corrigir as redacções, da bandeirinha que ele só retirou do blog, quando o Dr. Lopes foi nomeado PM, e gostava dos cheiros e dos sabores do Lunch Time Blog. E porque é que fiquei com esta nostalgia assim de repente? (será porque, lá fora, a chuva não para de cair?). Não, eu explico-vos. Enquanto ao espelho cortava a barba, vejo-lhe no rosto abrir-se-lhe um sorriso. Os olhos do meu espelho sempre brilham quando as pituitárias são bem tratadas. O cheiro vinha da cozinha. Um prato de ovos mexidos e presunto, um sumo fresquinho de frutos, esperavam-me. Será que um dia destes teremos por aqui o Mary’s style breakfast?

(desculpem-me mas faço aqui uma pausa para café)
531. (IX) Mesmo em férias…

… há dias em que o máximo que nos apetece fazer é, nada. Um dia pachorrento, umas sonecas bem tiradas, um pouco de leitura para não perder o vício; uma cerveja geladinha, para não perder o vício; menos cigarros que o costume, só para matar o vício; a televisão em segundo, aliás terceiro ou mesmo quarto plano, para não ganhar um vício. E um post de início de madrugada. Porque eu sou viciado.

domingo, agosto 08, 2004

530. (VIII) Mesmo em férias…

…ou talvez por isso, há tempo e pachorra para ir aos bailes da aldeia. Não são os bailes da paróquia como canta o Rui Veloso, mas são parecidos. Dança-se de tudo, até uma adaptação mais ou menos pirosa de Nights in White Satin. Como se Nights in White Satin não fosse já pirosa q.b. O que me custa ver é a moçada da idade do meu filho, não saber agarrar-se à febra. Eu lá estava a marcar o ponto com a Maria e a lembrar-me de quando tinha 18 anos. As férias também servem para isto, para nos dar a descontracção suficiente de sacarmos as memórias lá do fundo. E mais uma vez dancei apaixonado.


(não digam a ninguém, mas não levei o Schubert; para olhar para as gatas estava lá eu, apesar da Maria… eu acho que ela nem notou os meus subtis desvios de cabeça e arrebitar de orelhas; devia estar a observar os gatos).

sábado, agosto 07, 2004

529. (VII) Mesmo em férias…

…há tempo para partilhar. Hoje vi-a. Estava deitada, de costas para cima, quase à beira mar. No lugar da tanga… pétalas. Não sei de que flor seria. Não reconheci. Aproximei-me lentamente e com os dentes tirei-as um a uma e soprei-as no ar; e uma após uma, foi-se revelando a mesma cor de pele e os espinhos. Esta flor tem espinhos que não ferem, apenas arranham um pouco. A pele estava mais seca, a tez a mesma… ao fundo alguém tinha colocado uma música de Leonard Cohen. Não falava de amor, apenas de encanto e de luxúria. O pensamento no pecado. Um pequeno insecto posou-me no ombro e falou, como se fosse o grilo do Pinóquio: o sal da água queima as mais bonitas flores.

(não se janta enquanto se procura um gato que feito vadio, não quer voltar a casa; pode-se gritar o nome, pode-se mandar SMS, pode-se quase chorar; um gato no cio, não responde; enquanto se envolve, o mundo reduz-se a ele e à gata; nem o pequeno guizo pregado ao pescoço o denuncia; mais tarde saciado, voltará ao ninho; a gata fará o mesmo; longe ou talvez não, alguém sofre.)

sexta-feira, agosto 06, 2004

528. (VI) Mesmo em férias...

... há tempo para seguir atentamente o debate entre o Pedro Ornelas e o Francisco José Viegas, sobre o escrever em Português. Só não gostaria que no calor do despique se chegasse ao insulto. Eles sabem o que eu quero dizer.


(a água na tapada da Mina está maravilhosa, no entanto amanhã haverá Algarve. E ficar a olhar atentamente o ar embevecido do Schubert para a gaiola do Fintas)


Notas 1. Schubert é um gato siamês e é meu.
2. Fintas é um hamster e é das minhas sobrinhas.

quinta-feira, agosto 05, 2004

527. (V) Mesmo em férias...

... há tempo para vos dizer que, andar a subir oliveiras e figueiras para ir buscar um gato - Schubert - caseiro, que ainda só sabe subir, mas tem medo de descer, deixa um gajo todo arranhado.


(e agora como é que a Maria vai acreditar, que eu estou arranhado pelos troncos de árvores, por causa de um gato, quando na verdade, ela deve estar convencida que teria sido uma gata?)


quarta-feira, agosto 04, 2004

526. (IV) Mesmo em férias...

... há tempo para dizer que o mesmo castanho e quente o Alentejo é lindo!


(Lá fora o vento sopra, uma brisa fresca amaina o todo-poderoso Sol. Um aperto no peito que me provoca tosse. Um gato - Schubert - fascinado com tanta liberdade, corre atrás dos gafanhotos. Eu volto a tossir. Neste jardim também há flores. O peito apertado.)

terça-feira, agosto 03, 2004

525. (III) Mesmo em férias…

… há tempo para vos dizer, que o espelho que estou a usar é muito melhor que o outro. Este é mais maduro, conhece melhor o mundo, dá-me conselhos sábios e diz ele (será que podemos confiar em profecias de espelhos?) que depois do dia 17 deste mês, um homem de 49 anos não será tão ingénuo como o de 48, tão sonhador como o de 47, tão irreverente como o de 46, tão utópico como o de 45 … e que será muito mais sóbrio, pujante e determinado.

Ele há espelhos que têm a mania… pelo sim pelo não, já estou a juntar dinheiro para comprar as velas.


PS. No anteriormente referido post 521, a CotadaEmBolsa disse:

“Ainda bem que escreveu essa carta...Sem PreAviso, fiquei a conhecê-lo melhor.”

Minha cara Cotada, o meu espelho lamenta desapontá-la; ele profetiza que depois do dia 17 de Agosto, eu serei diferente. Imagine cara amiga, você ter de começar de novo a sua aprendizagem do meu conhecimento. Estes espelhos são uns desmancha-prazeres… (malgré o PreAviso).

segunda-feira, agosto 02, 2004

524. (II) Mesmo em férias…

… há tempo para dizer que gosto dos vossos comentários; vejam se não é lindo este comentário ao meu post 521, deixado pela Flor:

“As flores secam mas algumas, de tão bonitas, guardamos entre as páginas de um livro, ou mantemos na jarra para continuarmos a apreciar...”

domingo, agosto 01, 2004

523. (I) Mesmo em férias...

... há tempo para dizer que ontem cortei o cabelo; ai amigas, estou tão bonitinho, que até tenho medo que me roubem.