529. (VII) Mesmo em férias…
…há tempo para partilhar. Hoje vi-a. Estava deitada, de costas para cima, quase à beira mar. No lugar da tanga… pétalas. Não sei de que flor seria. Não reconheci. Aproximei-me lentamente e com os dentes tirei-as um a uma e soprei-as no ar; e uma após uma, foi-se revelando a mesma cor de pele e os espinhos. Esta flor tem espinhos que não ferem, apenas arranham um pouco. A pele estava mais seca, a tez a mesma… ao fundo alguém tinha colocado uma música de Leonard Cohen. Não falava de amor, apenas de encanto e de luxúria. O pensamento no pecado. Um pequeno insecto posou-me no ombro e falou, como se fosse o grilo do Pinóquio: o sal da água queima as mais bonitas flores.
(não se janta enquanto se procura um gato que feito vadio, não quer voltar a casa; pode-se gritar o nome, pode-se mandar SMS, pode-se quase chorar; um gato no cio, não responde; enquanto se envolve, o mundo reduz-se a ele e à gata; nem o pequeno guizo pregado ao pescoço o denuncia; mais tarde saciado, voltará ao ninho; a gata fará o mesmo; longe ou talvez não, alguém sofre.)
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