sábado, julho 10, 2004

501. Bom Dia

- Estás diferente.
- Porquê?
- Tens uma face alegre e outra triste.

(Os espelhos são mais observadores. Pudera, não têm em que pensar. Às vezes são perspicazes.)

- Não leste o meu Bom Dia de ontem?
- Li e daí? O que posso deduzir?

(Eu não disse que os espelhos nem raciocínios simples fazem?)

- Sexta-feira é um bom dia, meu caro plano reflector. A minha foi quase perfeita.
- Então como explicas a meia face descaída?

Desta vez quem virou as costas ao espelho fui eu. Peguei na Bandeira Nacional, o ar tinha um espectro cor de cenoura onde ainda pairava uma sexta-feira, nua, deliciosa, cheirosa como a flor que costuma povoar-me as mesas e quente, que as nove e quinze quiseram nublar. Cobri a sexta-feira com a Bandeira Nacional, porque hoje é Sábado.
Vejam como nasceu o dia. Nublado, cinzento, triste.

E porque hoje é Sábado, apesar dos espelhos, desejo um bom dia para todos vós.

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