quarta-feira, julho 21, 2004

511. Redacção - Os médicos

Eu gosto muito de médicos. Quando eu era miúdo a minha mãe queria que eu estudasse para médico. Eu sei porque é que ela queria que eu fosse médico mas, não é para falar dos gostos da minha mãe que eu estou a escrever este redacção. É dos meus e, de facto, eu gosto muito de médicos. Não sei viver sem eles e acho que eles já não sabem viver sem mim. “Ora cá está você outra vez, senhor PreDatado”. Ouço-o à entrada de cada consultório que visito. É mentira, eu sou um grande mentiroso e acho que alguém a ler esta redacção, já está a pensar: “ai coitado, o PreDatado, já está com os pés para a cova”. Então, vou continuar a minha redacção, sem mentir, porque eu quero ter boa nota e, sem uma nota muito mas mesmo muito boa não entro em medicina. E se não entro em medicina depois não posso ir trabalhar para o Hospital Garcia de Orta, não posso atender a minha sogra que entra lá paralisada, e depois receitar-lhe um analgésico e mandá-la para casa e depois ela estar há um ano e meio acamada. porque ela tinha a bacia partida e pronto, por isso tenho de ter boa nota na redacção. A minha mãe diz, “está bem filho, mas também não era para seres um médico assim que eu queria que fosses médico”  e, eu respondi “está bem mãe então eu se calhar vou ser engenheiro”, porque, no outro dia, quando eu tive aquela  dor de cabeça horrível que parecia que me saltavam os miolos e andei de generalista em generalista até ao especialista final, neurocirurgião conceituado que me explicou tim tim por tim tim as causas de uma cefaleia pós-coital , me receitou uma caixinha de comprimidos. E a minha mãe coitada a dizer-me “pois um médico assim é que tu devias de ser”. E eu que não tomo nadinha que não leia a chamada literatura inclusa, como diz na caixa, deparei escrito nos efeitos secundários ‘pode provocar dores de cabeça’. Eu gosto muito de médicos. Ah estava-me a esquecer de escrever aqui na redacção, e de engenheiros desempregados, também.

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