517. Redacção – O frio
Eu gosto muito do frio. Quando eu era miúdo a minha mãe passava o tempo a atafulhar-me de camisolas, casacos, sobretudos, “tu vais apanhar uma constipação, ai vais, vais”. Eu acabava sempre por me constipar por andar sempre, assim, agasalhado. Talvez seja por causa de o calor me causar tanto desconforto que eu gosto tanto do frio, mas hoje, ao propor-me este tema, a minha professora, desconfio que ela teve uma pequena trombose nos neurónios. (Espero bem que ela não tenha tempo para ler a redacção, senão será chumbo pela certa). Quando toda a gente fala de tempo quente, de calor, de quarenta graus, ela pede-me para falar do frio. Então eu pensei numa piscina, muito grande, cheia com água vinda directamente do pólo norte, de uma arca frigorífica aqui mesmo ao lado, carregada de super bocks, sagres, carlsbergs e outras coca-colas assim do género, das casas de gelados da rua dos pescadores na costa, do ar condicionado do meu carro sintonizado para o low que é o que refresca mais, dos cubos de gelo a encherem o meu copo, de gin e água tónica, muito, muito gelo, pouco gin, sonho, todas as noites, com um passeio à serra da estrela, escorrego pela neve, escorrego, escorrego até parecer um croquete envolto em gelo. E fico com uma vontade das noites de Dezembro na minha casa no Alentejo profundo onde posso jogar ping-pong no alpendre com dois ou três graus negativos. Depois entro em casa e lá está a minha Maria de lareira acesa e café quentinho pronto para me aquecer as entranhas. Esperem isto de lareira já não é frio, é calor. Até me deu um arrepio na espinha.
(definitivamente, não aguento mais; Mariaaaaaaa, tras-me aí mais uma cerveja à banheira e leva-me o portátil que ele também quer mergulhar)
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