quinta-feira, julho 22, 2004

512. Redacção - As quecas

Eu gosto muito de quecas. Quando eu era miúdo, nunca ouvi essa palavra lá em casa. A fonia (e também a grafia), mais próxima, que eu conhecia era queque. Havia os da pastelaria e havia os meninos queques. Nunca percebi a comparação, até porque, para dizer a verdade, nunca achei o queque um bolo muito interessante. Só se isso queria dizer que os putos queques também não eram interessantes. Mas esse não é o meu problema. Voltando ao tema que a minha professora me mandou, como trabalho de casa, parece que o Verão anda a aquecer os miolos ao pessoal (pessoas, até à data decentes como o TOM, a Duende ou a Catarina, já andam a escrever textos de quecas. Deve ter sido neles que a minha professora se inspirou). Ou o Verão anda a aquecer os miolos desta gente, ou desataram todos a comprar o livro do João Ubaldo Ribeiro, influenciados pela encenação de “A Casa dos Budas Ditosos”. Mas uma queca é uma queca e duas ou mais ainda é melhor. Mas para o fazer é preciso saber-se, é preciso querer-se e é preciso poder-se. Bom, aqui tenho de avisar, quem ler esta redacção, que não é gralha. Em Portugal o ph já não se usa. Para saber-se, até há livros de receitas, como para fazer queques. Um deles, até fiquei envergonhado quando o abri, chama-se camassutra ou lá como é que se escreve. Vem até ilustrado. Portanto quem errar, é burrinho(a). O querer-se, tem a ver com uma coisa que não sei se me vão levar a mal, se eu escrever. Chama-se tesão e é aquilo que dá nos bichinhos quando o teor relativo de umas certas hormonas dispara. Mas isso é para os cientistas e eu não queco cientificamente. Poder-se é uma coisa mais complicada. Eu poderia teorizar sobre o poder aqui. Teria de falar de tanta coisa e de tanto gajinho e gajinha (minha senhora, isto é calão, não entre em conta para a nota final), que nunca mais acabaria a redacção. E, às páginas tantas, seria obrigado a escrever com ph, portanto é melhor ficar-me por aqui e dizer que o Verão também me está a afectar os miolos. Só que tenho um problema. Não sei fazer aquelas descrições do tipo, ‘ela deixou cair a toalha que lhe cobria o corpo. As gotas de água, do banho acabado de tomar, não tiveram tempo de secar. Imaginava-a de uma maneira diferente. Talvez tenha sido o factor surpresa que fez subir em mim o querer. As hormonas… Pensei, se face a uma escultura, não me imobilizaria, eu, também. Continuaria assim feito estátua? Saberia eu utilizar toda a minha imaginária versatilidade, face à estupefacção? De repente, abracei-a, olhei-a nos olhos, aproximei-me dos seus lábios. Beijei-a ternamente. Agora era apenas uma questão de poder. E ali, quem mais podia era ela’. Eu não faço a mínima ideia onde que os meus supra-citados arranjam tanta imaginação para escrever, mas tenho de concluir que eu gosto muito de quecas.  




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