582. Ser pai é,
- Ficar a tomar conta do puto, mudar-lhe a fralda e quando a mãe chega ele estar borrado até ao pescoço;
- Carregar com os vinte sacos do supermercado escada a cima, porque ele prefere o colo da mãe;
- Tentar convencê-los a ser do Benfica e ela preferir o Sporting, cedendo à chantagem da mama;
- Tirar do carro, armar o carrinho, tirá-los dos braços da mãe, pô-los no carrinho, apertar os cintos, empurrar o carrinho, dá-los para os braços da mãe, fechar o carrinho, meter o carrinho no carro;
- Ter a certeza que eles disseram primeiro papá do que mamã;
- Dizer estremunhado e virado para o outro lado “vê lá se acordas que a menina parece que está a chorar”;
- Dar-lhes um beijo antes de sair para o emprego, outro quando chega, afagar-lhes a cabeça e ficar a rezar para que ao Sábado ou ao Domingo eles não perguntem “mãe, este senhor que vem cá aos fins-de-semana é que é o pai?”
- Poder dizer “o teu filho já fez merda” quando eles fazem asneira e poder dizer “o meu filho é fixe”, quando eles fazem coisas boas;
- Não perceber porque é que a prancha de surf do ano passado já não serve; será que as ondas cresceram?
- Ampliar os armários da filha porque os cento e vinte pares de sapatos, chinelas, saias, blusas, vestidos, cuecas, soutiens e o diabo a sete, já não cabem no guarda-roupa;
- Pegar no berbequim, furar e apertar parafusos porque é preciso colocar os suportes da viola;
- Pagar as quotas do Sporting à filha, quando aquele dinheirinho era bem mais empregue numas jolas;
- Fazer-lhe o nó da primeira gravata;
- Dar uma de cota e explicar porque é que não quer que ele use brinco, porque é que não quer que ele use piercings, porque é que não quer que ele faça tatuagens.
- Emprestar-lhes o carro sempre que eles pedem e dar-lhes a chave mesmo quando eles não pedem, para poder ficar a sós com a mãe;
- Ter de ouvir rock punk hardcore em volume 17, quando está sentado no sofá a ler o jornal do fim-de-semana passado;
- Ficar babadinho até aos pés quando ela se licencia ou quando ele entra na universidade;
- Amar uma mulher que foi capaz de fazer as outras oitocentas e quarenta e duas coisas, aqui não relatadas e, que só ela “sabe” fazer.
(este post é dedicado à vieira do mar e por ricochete à papoila)
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