678. Esclarecimento
O PreDatado morreu. RIP.
O seu autor, por enquanto, ainda está vivo. Mas tem um bichinho bom a roer-lhe as entranhas que não o deixa abandonar o teclado. Por isso, ele e o filho resolveram, a meias, contar uma história. Andam a fazê-lo por aqui. De vez em quando um episódio.
Por outro lado, ele, o Alves Fernandes aka Pre, é um tipo assim, como dizer, maníaco-depressivo. As suas fases de maníaco não as partilha com ninguém. Quando a depressão o ataca quem paga são os botões. É ali, que ele escarrapacha tudo!
PS. Este post foi colocado aqui a pedido do ex-PreDatado, em carta testamentária.
quarta-feira, novembro 03, 2004
sexta-feira, outubro 29, 2004
677. PreAnunciado
Amigas leitoras e amigos leitores, como vós bem sabeis, eu não sou nada, mesmo nada de comemorações. Quando no dia 29 de Outubro de 2003, coloquei aqui uma postagem que dizia,
“Hoje é o primeiro dia...Aliás ontem... foi pré datado!”
estava longe de imaginar que ao longo de um ano, eu estaria aqui regularmente a dizer coisas. De facto não passaram de coisas, na maioria das vezes sem qualquer importância social, outras com algum carácter interventor (o PreDatado existe, não é ficção), contei histórias, descrevi almoços, mais ou menos condimentados, fiz algumas incursões na poesia, citei quando me apeteceu, mandei recados, aplaudi e critiquei, brinquei. No fundo diverti-me. Há muitas coisas que me divertem, mas nada se compara ao prazer que me dá ler e escrever. Tenho alguma dificuldade em dizer, tal como um célebre futebolista um dia afirmou que, quando marcava um golo tinha um orgasmo, que cada vez que escrevo um texto, experimente uma sensação semelhante. No entanto, sinto-me satisfeito quando o faço. Por mais pequeno que seja, sai sempre de um momento de emoção. E foi neste somatório de pequenas emoções que escrevi para vocês e, desculpem-me o egoísmo, que escrevi para mim.
Um ano não é uma meta, mas é um marco. E, embora não o tenha premeditado, a verdade é que, em termos de blogue, fico-me por aqui. Pelo menos em termos de PreDatado. Com muito prazer, vou continuar a frequentar a blogosfera. Virei ler os textos das minhas amigas e dos meus amigos virtuais com quem me habituei a privar neste espaço cibernético como que religiosamente.
Quero agradecer particularmente à Maria, à minha Maria, o apoio que me deu e que, fundamentalmente, se consubstanciou na aceitação das horas de “separação” que esta máquina infernal provocou.
Quero deixar uma palavra de agradecimento e também gabar a paciência dos poucos, menos de cem efectivamente que, diariamente, aqui vieram ler o que eu escrevia e, alguns dos quais comentar, ajudando-me a melhorar.
Até sempre. Bem hajam!
PS. Linha intencionalmente deixada em branco, porque hoje não haverá pêésse.
Amigas leitoras e amigos leitores, como vós bem sabeis, eu não sou nada, mesmo nada de comemorações. Quando no dia 29 de Outubro de 2003, coloquei aqui uma postagem que dizia,
“Hoje é o primeiro dia...Aliás ontem... foi pré datado!”
estava longe de imaginar que ao longo de um ano, eu estaria aqui regularmente a dizer coisas. De facto não passaram de coisas, na maioria das vezes sem qualquer importância social, outras com algum carácter interventor (o PreDatado existe, não é ficção), contei histórias, descrevi almoços, mais ou menos condimentados, fiz algumas incursões na poesia, citei quando me apeteceu, mandei recados, aplaudi e critiquei, brinquei. No fundo diverti-me. Há muitas coisas que me divertem, mas nada se compara ao prazer que me dá ler e escrever. Tenho alguma dificuldade em dizer, tal como um célebre futebolista um dia afirmou que, quando marcava um golo tinha um orgasmo, que cada vez que escrevo um texto, experimente uma sensação semelhante. No entanto, sinto-me satisfeito quando o faço. Por mais pequeno que seja, sai sempre de um momento de emoção. E foi neste somatório de pequenas emoções que escrevi para vocês e, desculpem-me o egoísmo, que escrevi para mim.
Um ano não é uma meta, mas é um marco. E, embora não o tenha premeditado, a verdade é que, em termos de blogue, fico-me por aqui. Pelo menos em termos de PreDatado. Com muito prazer, vou continuar a frequentar a blogosfera. Virei ler os textos das minhas amigas e dos meus amigos virtuais com quem me habituei a privar neste espaço cibernético como que religiosamente.
Quero agradecer particularmente à Maria, à minha Maria, o apoio que me deu e que, fundamentalmente, se consubstanciou na aceitação das horas de “separação” que esta máquina infernal provocou.
Quero deixar uma palavra de agradecimento e também gabar a paciência dos poucos, menos de cem efectivamente que, diariamente, aqui vieram ler o que eu escrevia e, alguns dos quais comentar, ajudando-me a melhorar.
Até sempre. Bem hajam!
PS. Linha intencionalmente deixada em branco, porque hoje não haverá pêésse.
quinta-feira, outubro 28, 2004
676. Não sei que título colocar no post...
Renuncio
Cada letra que escrevo me parece uma palavra.
Cada palavra que escrevo me parece uma frase.
Estou cansado.
A vida não é só isto e eu
Estou cansado.
A vida não é só escrever e eu
Estou cansado.
Preciso de beber
De rir
De amar e ser amado
Mas
Estou cansado.
Preciso de beber o perfume
Que todas as noites
Teu corpo exala,
E que Suskind jamais inalou,
Mas estou cansado.
Preciso de beber o hálito dos teus beijos,
Quando me envolves os lábios de uma languidez
Que inibria
E que, Venus e Apolo tributo alto pagariam para beber,
Mas estou cansado.
Preciso de beber o vinho que vertes em
Largos vasos, cujo néctar hipnotisante
A vontade aguça, o desejo incute e o amor provoca,
(Baco nunca provou tal néctar, garanto)
Mas estou cansado.
Preciso de beber o fresco ar das montanhas, quando
Alvo manto as cobre para que frio não tenham,
Em paisagem de delírio que Rembrand nunca pintou,
Mas estou cansado.
Preciso de rir, quando
Calado mimo para escutar meu riso
(E Morceau riria ele quando os outros riam?),
Mas estou cansado.
Preciso de amar o sol,
De amar a montanha,
De amar o vento e o mar amar também,
De amar as formigas que trabalham para eu cantar,
De amar o chão que de vermelho o outono de folhas cobre,
Não como Quixote amou Dulcineia,
Mas como Pedro amou Inês
Mas estou cansado.
Sabias que eu amo o vermelho?
Mas de o vermelho amar me cansei.
De amar o azul do céu de Lisboa
E de amar Lisboa.
Outros a amaram antes de mim e de a amarem não se cansaram.
Esta Lisboa que Pessoa amou,
Esta Lisboa que, de amar, Pessoa não se cansou,
A mim cansa-me.
Eu amo o azul e de amar o azul eu estou cansado.
Preciso de ser amado pela lua
Qual ninfa quarto-luminosa
Sempre me encanta!
Mais que nova ou mais que cheia,
Mas a lua de quarto-me-amar
Está cansada também.
Preciso de ser amado por ti
Nem que, por via de Platão, o teu amor
Assim longíquo seja. Eu só quero sentir.
Mas de me amares longe e me não chegares
Te terás cansado também.
E por cansaço renuncio.
Renuncio ao liquido voraz
Que me queima as entranhas e me cansa as manhãs.
Renuncio ao liquido voraz
Que me lava as lembranças e de recordar me cansa.
Renuncio ao riso
Que me cansa as maxilas e me engelha a pele.
Renuncio ao riso
Que alegra almas e cansa tristes.
Só não renuncio ao amor.
Porquê? Eu sei e,
Sei que a tudo mais renuncio.
Estou cansado.
Alves Fernandes in Complexus
Renuncio
Cada letra que escrevo me parece uma palavra.
Cada palavra que escrevo me parece uma frase.
Estou cansado.
A vida não é só isto e eu
Estou cansado.
A vida não é só escrever e eu
Estou cansado.
Preciso de beber
De rir
De amar e ser amado
Mas
Estou cansado.
Preciso de beber o perfume
Que todas as noites
Teu corpo exala,
E que Suskind jamais inalou,
Mas estou cansado.
Preciso de beber o hálito dos teus beijos,
Quando me envolves os lábios de uma languidez
Que inibria
E que, Venus e Apolo tributo alto pagariam para beber,
Mas estou cansado.
Preciso de beber o vinho que vertes em
Largos vasos, cujo néctar hipnotisante
A vontade aguça, o desejo incute e o amor provoca,
(Baco nunca provou tal néctar, garanto)
Mas estou cansado.
Preciso de beber o fresco ar das montanhas, quando
Alvo manto as cobre para que frio não tenham,
Em paisagem de delírio que Rembrand nunca pintou,
Mas estou cansado.
Preciso de rir, quando
Calado mimo para escutar meu riso
(E Morceau riria ele quando os outros riam?),
Mas estou cansado.
Preciso de amar o sol,
De amar a montanha,
De amar o vento e o mar amar também,
De amar as formigas que trabalham para eu cantar,
De amar o chão que de vermelho o outono de folhas cobre,
Não como Quixote amou Dulcineia,
Mas como Pedro amou Inês
Mas estou cansado.
Sabias que eu amo o vermelho?
Mas de o vermelho amar me cansei.
De amar o azul do céu de Lisboa
E de amar Lisboa.
Outros a amaram antes de mim e de a amarem não se cansaram.
Esta Lisboa que Pessoa amou,
Esta Lisboa que, de amar, Pessoa não se cansou,
A mim cansa-me.
Eu amo o azul e de amar o azul eu estou cansado.
Preciso de ser amado pela lua
Qual ninfa quarto-luminosa
Sempre me encanta!
Mais que nova ou mais que cheia,
Mas a lua de quarto-me-amar
Está cansada também.
Preciso de ser amado por ti
Nem que, por via de Platão, o teu amor
Assim longíquo seja. Eu só quero sentir.
Mas de me amares longe e me não chegares
Te terás cansado também.
E por cansaço renuncio.
Renuncio ao liquido voraz
Que me queima as entranhas e me cansa as manhãs.
Renuncio ao liquido voraz
Que me lava as lembranças e de recordar me cansa.
Renuncio ao riso
Que me cansa as maxilas e me engelha a pele.
Renuncio ao riso
Que alegra almas e cansa tristes.
Só não renuncio ao amor.
Porquê? Eu sei e,
Sei que a tudo mais renuncio.
Estou cansado.
Alves Fernandes in Complexus
quarta-feira, outubro 27, 2004
675. Há dias felizes!
Vinte e sete de Outubro é um dia que nada me diz. Nada, de que tenha memória, me aconteceu a 27 de Outubro. Não tenho nenhum filho, amigo, conhecido que tenha nascido a 27 de Outubro. Não tenho parabéns para dar. Nunca comecei um namoro, nunca fiz jardinagem, não me lembro de ter escrito nada, antes, a 27 de qualquer Outubro. Não faço a mínima ideia se no dia 27 de Outubro do ano passado estava a chover ou fazia sol e nem sei se há dois anos, neste mesmo dia, o presidente Bush disse alguma aleivosia. Não conheço ninguém que tenha ganho o totobola, que tenha apanhado uma bebedeira, que tivesse comido tremoços; não me recordo qual era a fase da lua (nem me apetece ir consultar o Borda d’Água), não sei em que posição na tabela ia o Benfica no dia 27 de Outubro dos últimos 10 anos. Tenho a certeza que não tirei nenhuma fotografia tipo passe em nenhum dia 27 de Outubro, que não musiquei nenhum fado, que não me nasceu nenhum dente, que não viajei de mota, que não comi sushi, que não subscrevi nenhum abaixo-assinado, que não critiquei o Governo do Santana Lopes. E no entanto…No entanto, hoje é dia 27 de Outubro e, acredito que para alguns de vós este é um dia especial. E se o for, para mim também será. E, sendo assim, nunca mais direi que o dia 27 de Outubro nada me diz. Feliz dia para todos!
Vinte e sete de Outubro é um dia que nada me diz. Nada, de que tenha memória, me aconteceu a 27 de Outubro. Não tenho nenhum filho, amigo, conhecido que tenha nascido a 27 de Outubro. Não tenho parabéns para dar. Nunca comecei um namoro, nunca fiz jardinagem, não me lembro de ter escrito nada, antes, a 27 de qualquer Outubro. Não faço a mínima ideia se no dia 27 de Outubro do ano passado estava a chover ou fazia sol e nem sei se há dois anos, neste mesmo dia, o presidente Bush disse alguma aleivosia. Não conheço ninguém que tenha ganho o totobola, que tenha apanhado uma bebedeira, que tivesse comido tremoços; não me recordo qual era a fase da lua (nem me apetece ir consultar o Borda d’Água), não sei em que posição na tabela ia o Benfica no dia 27 de Outubro dos últimos 10 anos. Tenho a certeza que não tirei nenhuma fotografia tipo passe em nenhum dia 27 de Outubro, que não musiquei nenhum fado, que não me nasceu nenhum dente, que não viajei de mota, que não comi sushi, que não subscrevi nenhum abaixo-assinado, que não critiquei o Governo do Santana Lopes. E no entanto…No entanto, hoje é dia 27 de Outubro e, acredito que para alguns de vós este é um dia especial. E se o for, para mim também será. E, sendo assim, nunca mais direi que o dia 27 de Outubro nada me diz. Feliz dia para todos!
terça-feira, outubro 26, 2004
674. Preocupado…
… com os sósias. Ontem vi um gajo, que parecia meu irmão gémeo, a vender a revista CAIS. Pelo facto gostaria de fazer a seguinte declaração:
Declaração
Eu, abaixo assinado, declaro solenemente que, se alguém vos limpar os pára-brisas num qualquer sinal de trânsito, se alguém vos oferecer a revista Cais, se alguém vos ajudar a arrumar o carro, se alguém vos pedir um eurito para uma sopa, esse alguém AINDA não sou eu.
Ass. PreDatado
PS. Ufa! Estou muito mais aliviado. A directora do Independente ainda não descobriu este meu sósia.
… com os sósias. Ontem vi um gajo, que parecia meu irmão gémeo, a vender a revista CAIS. Pelo facto gostaria de fazer a seguinte declaração:
Declaração
Eu, abaixo assinado, declaro solenemente que, se alguém vos limpar os pára-brisas num qualquer sinal de trânsito, se alguém vos oferecer a revista Cais, se alguém vos ajudar a arrumar o carro, se alguém vos pedir um eurito para uma sopa, esse alguém AINDA não sou eu.
Ass. PreDatado
PS. Ufa! Estou muito mais aliviado. A directora do Independente ainda não descobriu este meu sósia.
segunda-feira, outubro 25, 2004
670. Conhecimento gastronómico-regional
Ontem fui a casa do meu irmão, que já morou na terra das caldeiradas mas já não mora. Foi a festa de aniversário do meu sobrinho. Aliás, este foi um fim-de-semana em grande, em termos de festividades e gastronomia. Já no Sábado tinha ido festejar as bodas de ouro de um amigo que é da terra das paelhas. Nós, eu que sou da terra do fado e a minha mulher, da terra das migas e dos gaspachos, ontem fomos convidados para almoçar uma feijoada (antes da festa de aniversário do meu sobrinho), na casa de uns cunhados, onde, por sinal, estava um casal, cujo elemento feminino do dito é da terra dos figos e das amêndoas. É assim que nós costumamos referir, os amigos ou as pessoas conhecidas, quando falamos deles. Ainda este fim-de-semana, quando o meu filho me disse que ía à discoteca, disse-me que não me preocupasse pois iria com o amigo da terra das tripas, o da terra da picanha e ainda com uma amiga da terra das cracas. Assim, como é tão comum, lá em casa, esta forma de identificar as pessoas, não ficamos nada admirados com o comentador da TVI quando referiu que o primeiro golo do Benfica foi marcado pelo “homem da terra do bacalhau”.
Ontem fui a casa do meu irmão, que já morou na terra das caldeiradas mas já não mora. Foi a festa de aniversário do meu sobrinho. Aliás, este foi um fim-de-semana em grande, em termos de festividades e gastronomia. Já no Sábado tinha ido festejar as bodas de ouro de um amigo que é da terra das paelhas. Nós, eu que sou da terra do fado e a minha mulher, da terra das migas e dos gaspachos, ontem fomos convidados para almoçar uma feijoada (antes da festa de aniversário do meu sobrinho), na casa de uns cunhados, onde, por sinal, estava um casal, cujo elemento feminino do dito é da terra dos figos e das amêndoas. É assim que nós costumamos referir, os amigos ou as pessoas conhecidas, quando falamos deles. Ainda este fim-de-semana, quando o meu filho me disse que ía à discoteca, disse-me que não me preocupasse pois iria com o amigo da terra das tripas, o da terra da picanha e ainda com uma amiga da terra das cracas. Assim, como é tão comum, lá em casa, esta forma de identificar as pessoas, não ficamos nada admirados com o comentador da TVI quando referiu que o primeiro golo do Benfica foi marcado pelo “homem da terra do bacalhau”.
sábado, outubro 23, 2004
669. Inquietação
Não!
Hoje podes perguntar se quero, que direi não.
Não interessa o que querias que eu quisesse porque o que quer que seja, não quero.
Hoje é dia de negação.
Não me perguntes porque não quero, porque apenas sei que não.
Porquê? não sei.
Vieste calma, eu sei, mas não sei porque vieste calma.
Contrasta com a minha ansiedade, essa calma.
E eu rejeito essa calma que me enerva.
Essa calma que me não acalma, antes me inquieta.
Nunca te percebi tão calma (mesmo quando eu digo que não quero).
Nem me perguntas porque não quero?
Não perguntas, porque sabes que não perguntando
Me verás mais ansioso, ainda.
Não!
Não me vencerás pelo contraste.
Roerei as unhas, escondido.
Comerei até às pontas dos dedos e,
Quando vieres calma, perguntar-me se quero
Mostrar-tos-ei sangrando,
Para te inquietar também.
A tua serenidade enerva-me (nunca reparaste?).
Não!
Hoje podes perguntar se quero, que direi não.
Não interessa o que querias que eu quisesse porque o que quer que seja, não quero.
Hoje é dia de negação.
Não me perguntes porque não quero, porque apenas sei que não.
Porquê? não sei.
Vieste calma, eu sei, mas não sei porque vieste calma.
Contrasta com a minha ansiedade, essa calma.
E eu rejeito essa calma que me enerva.
Essa calma que me não acalma, antes me inquieta.
Nunca te percebi tão calma (mesmo quando eu digo que não quero).
Nem me perguntas porque não quero?
Não perguntas, porque sabes que não perguntando
Me verás mais ansioso, ainda.
Não!
Não me vencerás pelo contraste.
Roerei as unhas, escondido.
Comerei até às pontas dos dedos e,
Quando vieres calma, perguntar-me se quero
Mostrar-tos-ei sangrando,
Para te inquietar também.
A tua serenidade enerva-me (nunca reparaste?).
sexta-feira, outubro 22, 2004
quinta-feira, outubro 21, 2004
667. Balanço
A uma semana do aniversário deste blogue deu-me para olhar para todo ele e constatar que:
Em 64 publicações descrevi os meus “comes e bebes” – estou mais gordinho!
Em 36 publicações coloquei poemas próprios – quase dava uma antologia!
Em 70 publicações fiz crítica política e social – Estás aqui estás a substituir o Marcelo.
Fiz 15 homenagens – Pai, Mãe, Maria, Anita, João incluídas.
Por 22 vezes falei de viagens – verifico que passeio pouco. Enfim…
Foi aos blogues dos outros “roubar” textos, 19 vezes. Citei-os sempre e fiz a vénia.
Coloquei extractos de obras consagradas por 39 vezes. Foi divulgação ou apoio aos meus textos. Espero não ter de pagar direitos de autor.
Armei-me em Gabriel Alves de trazer por casa e comentei o desporto por 43 vezes, das quais 12 foram exclusivas do meu Benfica!
Nos restantes 359 posts falei de tudo e de nada. Ficcionei, contei histórias, piadas, referi blogues que gosto, espontaneidades ou, assim, algo de mais profundo, coisas da vida, da minha e dos outros. Tenho de agradecer particularmente a três entes que me ajudaram nesta produção. O meu espelho que dialogou comigo e me ajudou a ver para lá da imagem; obviamente, o meu gato Schubert que foi muleta em mais de 40 textos e teve direito a 10 exclusivos; Last but not least, vocês leitoras e leitores amigos que tiveram a pachorra de me ler.
E eu? Alguma vez imaginei ser capaz de escrever isto tudo?
PS. Uma referência particular ao latim, sem o qual seria impossível qualquer post scriptum.
A uma semana do aniversário deste blogue deu-me para olhar para todo ele e constatar que:
Em 64 publicações descrevi os meus “comes e bebes” – estou mais gordinho!
Em 36 publicações coloquei poemas próprios – quase dava uma antologia!
Em 70 publicações fiz crítica política e social – Estás aqui estás a substituir o Marcelo.
Fiz 15 homenagens – Pai, Mãe, Maria, Anita, João incluídas.
Por 22 vezes falei de viagens – verifico que passeio pouco. Enfim…
Foi aos blogues dos outros “roubar” textos, 19 vezes. Citei-os sempre e fiz a vénia.
Coloquei extractos de obras consagradas por 39 vezes. Foi divulgação ou apoio aos meus textos. Espero não ter de pagar direitos de autor.
Armei-me em Gabriel Alves de trazer por casa e comentei o desporto por 43 vezes, das quais 12 foram exclusivas do meu Benfica!
Nos restantes 359 posts falei de tudo e de nada. Ficcionei, contei histórias, piadas, referi blogues que gosto, espontaneidades ou, assim, algo de mais profundo, coisas da vida, da minha e dos outros. Tenho de agradecer particularmente a três entes que me ajudaram nesta produção. O meu espelho que dialogou comigo e me ajudou a ver para lá da imagem; obviamente, o meu gato Schubert que foi muleta em mais de 40 textos e teve direito a 10 exclusivos; Last but not least, vocês leitoras e leitores amigos que tiveram a pachorra de me ler.
E eu? Alguma vez imaginei ser capaz de escrever isto tudo?
PS. Uma referência particular ao latim, sem o qual seria impossível qualquer post scriptum.
quarta-feira, outubro 20, 2004
666. Benfiquismo!
Nos primeiros vinte anos de sócio do Benfica nunca fui votar para a Direcção. A única pessoa que me fez ir às urnas foi João Vale e Azevedo. Para votar contra! Repito: CONTRA. De todas as vezes que JVA concorreu eu fui votar contra a sua candidatura. No entanto, apenas no seio da família benfiquista fui capaz de criticar a sua actuação. Tenho testemunhas, mas nem precisaria, pois sei que os verdadeiros benfiquistas me acreditam. Nunca um sportinguista ou um portista me ouviu a mínima crítica a JVA e à sua direcção. Muitas vezes engolia em seco. Mas engolia. Ontem, ao ler os jornais, dei conta da convocação de uma assembleia para expulsar de sócio não só JVA, mas também um grupo de outros benfiquista que pertenceram à sua Direcção. Já que não sou pessoa violenta, deixo aqui a minha mais veemente bofetada aos infames que fizeram tão mesquinha proposta. JVA fez tanto mal ao Benfica como tantos outros fizeram. E acredito que o tenha feito por todos os motivos e mais um. Só não acredito que o tenha feito por anti-benfiquismo. Viva o Glorioso SLB!
PS 1. Escrevi este texto em MS-Word, antes de o colocar aqui. O corrector de português sublinhou-me como erro as palavras sportinguista e portista. A palavra benfiquista foi aceite pelo dicionário. É apenas mais um sinal da nossa grandiosidade.
PS 2. Este é o post 666. Simplesmente dedicado às bestas que levam a Assembleia Geral tão inqualificável proposta.
Nos primeiros vinte anos de sócio do Benfica nunca fui votar para a Direcção. A única pessoa que me fez ir às urnas foi João Vale e Azevedo. Para votar contra! Repito: CONTRA. De todas as vezes que JVA concorreu eu fui votar contra a sua candidatura. No entanto, apenas no seio da família benfiquista fui capaz de criticar a sua actuação. Tenho testemunhas, mas nem precisaria, pois sei que os verdadeiros benfiquistas me acreditam. Nunca um sportinguista ou um portista me ouviu a mínima crítica a JVA e à sua direcção. Muitas vezes engolia em seco. Mas engolia. Ontem, ao ler os jornais, dei conta da convocação de uma assembleia para expulsar de sócio não só JVA, mas também um grupo de outros benfiquista que pertenceram à sua Direcção. Já que não sou pessoa violenta, deixo aqui a minha mais veemente bofetada aos infames que fizeram tão mesquinha proposta. JVA fez tanto mal ao Benfica como tantos outros fizeram. E acredito que o tenha feito por todos os motivos e mais um. Só não acredito que o tenha feito por anti-benfiquismo. Viva o Glorioso SLB!
PS 1. Escrevi este texto em MS-Word, antes de o colocar aqui. O corrector de português sublinhou-me como erro as palavras sportinguista e portista. A palavra benfiquista foi aceite pelo dicionário. É apenas mais um sinal da nossa grandiosidade.
PS 2. Este é o post 666. Simplesmente dedicado às bestas que levam a Assembleia Geral tão inqualificável proposta.
665. Está quase
Nos vindouros vinte e nove de Outubro prevê-se, no caso do destino da gente não nos pregar desagradáveis surpresas, que o blog do PreDatado e o próprio PreDatado, enquanto personalidade bloguística, completem um ano nestas lides. Nesse dia far-lhes-ei uma surpresa.
PS. Desengana-te Robina dos Bosques porque não vou escrever nenhum post sobre queques nem suas respectivas fêmeas.
Nos vindouros vinte e nove de Outubro prevê-se, no caso do destino da gente não nos pregar desagradáveis surpresas, que o blog do PreDatado e o próprio PreDatado, enquanto personalidade bloguística, completem um ano nestas lides. Nesse dia far-lhes-ei uma surpresa.
PS. Desengana-te Robina dos Bosques porque não vou escrever nenhum post sobre queques nem suas respectivas fêmeas.
664. Eu só queria comprar pão…
Para mim o favorito é o Frota. Não, para mim não, não gosto de brasileiros. Ai, não digas isso, ele é tão bom actor. Por isso mesmo, é falso! Está ali a fazer teatro. Ele é, é um grande jogador. Teatro está o outro a fazer. Qual outro? O maricas! Não chames maricas ao homem, ele tem aquele jeito mas não é nenhum maricas, o homem até tem um filho. E então o que é que isso quer dizer? Olha, para mim, quem devia ganhar era o Pedro Reis. Quem é esse? O alto. Aquele fala e fala bem. Ah já sei, mas a esse ninguém o conhece. O Presidente é que eu não gostava. Lá estás tu, o que é que tens contra o homem? Só se é por ser mais velho. Então para isso também não quero que a outra velha ganhe. Nem a Cinha. Ainda por cima é do Benfica. Oh filha, aquilo não tem nada a ver com bola. Você pediu-me o quê? Pedi seis bolinhas. Desculpe, a gente estava aqui entretidas com a Quinta. Não faz mal, podem continuar. Eu até nem vi o episódio de ontem.
PS.
And we all say:
OH!Well I never!
Was there ever
A Cat so clever
As Magical Mr. Mistoffelees!
Hoje ainda não parei de trautear. Os Cats no Coliseu. Já tinha visto em Londres. Ontem repeti. Aliás tri-peti. Excelente!
Para mim o favorito é o Frota. Não, para mim não, não gosto de brasileiros. Ai, não digas isso, ele é tão bom actor. Por isso mesmo, é falso! Está ali a fazer teatro. Ele é, é um grande jogador. Teatro está o outro a fazer. Qual outro? O maricas! Não chames maricas ao homem, ele tem aquele jeito mas não é nenhum maricas, o homem até tem um filho. E então o que é que isso quer dizer? Olha, para mim, quem devia ganhar era o Pedro Reis. Quem é esse? O alto. Aquele fala e fala bem. Ah já sei, mas a esse ninguém o conhece. O Presidente é que eu não gostava. Lá estás tu, o que é que tens contra o homem? Só se é por ser mais velho. Então para isso também não quero que a outra velha ganhe. Nem a Cinha. Ainda por cima é do Benfica. Oh filha, aquilo não tem nada a ver com bola. Você pediu-me o quê? Pedi seis bolinhas. Desculpe, a gente estava aqui entretidas com a Quinta. Não faz mal, podem continuar. Eu até nem vi o episódio de ontem.
PS.
And we all say:
OH!Well I never!
Was there ever
A Cat so clever
As Magical Mr. Mistoffelees!
Hoje ainda não parei de trautear. Os Cats no Coliseu. Já tinha visto em Londres. Ontem repeti. Aliás tri-peti. Excelente!
663. AACS
Ontem desde as rádios às televisões ouvi, em tudo quanto foi noticiário, o Ministro dos Assuntos Parlamentares a defender-se das alegadas pressões feitas à TVI, no caso Marcelo Rebelo de Sousa. Só que não percebi do que é que estava a defender-se. Ou nenhuma rádio e nenhuma estação de TV tiveram engenho e arte para captar as perguntas e o “contraditório” da AACS, o que me parece coincidência a mais, ou não houve. O pior (pior, pior, pior como diz um dos entreteiners no Levanta-te e Ri), é que também não ouvi os repórteres das referidas estações tecerem comentários sobre isso. Ou sou eu que ando muito exigente, ou muito distraído. É que para árbitros “imparciais” já me chega o Olegário Benquerença.
Ontem desde as rádios às televisões ouvi, em tudo quanto foi noticiário, o Ministro dos Assuntos Parlamentares a defender-se das alegadas pressões feitas à TVI, no caso Marcelo Rebelo de Sousa. Só que não percebi do que é que estava a defender-se. Ou nenhuma rádio e nenhuma estação de TV tiveram engenho e arte para captar as perguntas e o “contraditório” da AACS, o que me parece coincidência a mais, ou não houve. O pior (pior, pior, pior como diz um dos entreteiners no Levanta-te e Ri), é que também não ouvi os repórteres das referidas estações tecerem comentários sobre isso. Ou sou eu que ando muito exigente, ou muito distraído. É que para árbitros “imparciais” já me chega o Olegário Benquerença.
662. Agendem
A minha amiga Ju vai expor as suas pinturas no IPJ de Faro. A inauguração será no dia 2 de Dezembro. Tomem nota nas vossas agendas.
A minha amiga Ju vai expor as suas pinturas no IPJ de Faro. A inauguração será no dia 2 de Dezembro. Tomem nota nas vossas agendas.
terça-feira, outubro 19, 2004
661. Academia
Ontem tive a pachorra de ver um programa da SIC Noticias, chamado “Dia Seguinte”. Neste programa um doutor, chamado Dias Ferreira representa um clube de Futebol, o Sporting. Dizia ele, entre outras coisas e, parece que não pela primeira vez, que o Sporting é um clube diferente. Hoje à hora de almoço a nossa discussão sobre futebol teve algum acendimento e um dos temas foi, efectivamente, o Sporting ser um clube diferente. Mas como sou de ficar a matutar nas coisas e a tentar percebê-las, finalmente dou a mão à palmatória. Lembrei-me (porque também falamos disso) da Academia de Alcochete. Peguei no Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, e lá estava:
Academia s.f. sociedade de escritores, artistas ou cientistas; sede dessa sociedade; escola de ensino superior; conjunto de estudantes de uma instituição escolar; reunião de académicos.
E de facto, reconheço, que ver o Físico Nuclear Pinilla em campo, o poeta Paíto, o Dr. Cirurgião Dentista Hugo Viana, o Arquitecto Liedson, o escritor (best-seller) Rogério, os estudantes Ricardo, Hugo, Beto, e Pedro Barbosa, o prémio Nobel da química Custódio, o Pintor Sá Pinto, todos reunidos, é de facto uma coisa diferente!
PS. Não liguem ao post, isto é coisa de lampião ressabiado, porque na Catedral da Luz o papa chama-se Vieira e o bispo chama-se Veiga. Já agora, quantos portugueses conhecem o orçamento geral do estado para 2005?
Ontem tive a pachorra de ver um programa da SIC Noticias, chamado “Dia Seguinte”. Neste programa um doutor, chamado Dias Ferreira representa um clube de Futebol, o Sporting. Dizia ele, entre outras coisas e, parece que não pela primeira vez, que o Sporting é um clube diferente. Hoje à hora de almoço a nossa discussão sobre futebol teve algum acendimento e um dos temas foi, efectivamente, o Sporting ser um clube diferente. Mas como sou de ficar a matutar nas coisas e a tentar percebê-las, finalmente dou a mão à palmatória. Lembrei-me (porque também falamos disso) da Academia de Alcochete. Peguei no Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, e lá estava:
Academia s.f. sociedade de escritores, artistas ou cientistas; sede dessa sociedade; escola de ensino superior; conjunto de estudantes de uma instituição escolar; reunião de académicos.
E de facto, reconheço, que ver o Físico Nuclear Pinilla em campo, o poeta Paíto, o Dr. Cirurgião Dentista Hugo Viana, o Arquitecto Liedson, o escritor (best-seller) Rogério, os estudantes Ricardo, Hugo, Beto, e Pedro Barbosa, o prémio Nobel da química Custódio, o Pintor Sá Pinto, todos reunidos, é de facto uma coisa diferente!
PS. Não liguem ao post, isto é coisa de lampião ressabiado, porque na Catedral da Luz o papa chama-se Vieira e o bispo chama-se Veiga. Já agora, quantos portugueses conhecem o orçamento geral do estado para 2005?
660. Querido escriba
(ou carta de um blogue a quem o escreve)
Você anda muito cheio de sem jeito. Uns dias, está negro, como se a sua alma tivesse sido invadida pela carvoeira, outros, alegre e bem disposto, escrevendo aquilo que você considera graçolas. Veja se se define porque eu já não tenho cu que aguente. As pessoas que aqui o visitam não merecem estas constantes variações de estilo. Estilo? Deixe-me rir. Estas constantes variações de falta de estilo. Veja, por exemplo, os blogues que comentam notícias de jornais. São lídissimos. Você lembra-se quando lia a telepress, aquele conjunto de recortes, à maneira, que evitava que você tivesse de comprar todos os jornais para ler uma pequena meia dúzia de notícias? Pois agora há os blogues telepréssicos. E são de borla. E aqueles que todos os dias colocam um poema retirado das majestosas obras da Sophia, do Eugénio, do Fernando, do Álvaro, do Pablo. Aposto que você já sabe o “Mar Português” de trás para a frente e de frente para trás. Esses sim, cumprem a sua cultural missão. E também são de borla. O quê? Os seus autores não criam nada? Não seja patético! Ou então, escreva coisas coerentes e não ande aos saltinhos de gato para cavalo, de cavalo para rinoceronte, de rinoceronte para galo de Barcelos. Isto não é nenhuma quinta e muito menos um jardim zoológico. Se você escrevesse coisas interessantes, aqui na minha página, do tipo “o meu gato hoje quando foi lavar os dentes, verificou que a pasta dentífrica tinha acabado” e, de seguida, fosse coerente e escrevesse um novo texto: “hoje fui ao supermercado, comprar pasta dentífrica para o meu gato” e terminasse a saga com “hoje o meu gato, já tinha uma pasta de dentes nova”, iria ver o êxito que eu teria. Assim, este pobre blogue, sniff, sniff, sniff (isto sou eu a chorar, meu caro escriba) vê-se na contingência de ter de falar mal do Santana Lopes um dia, editar um poema sobre as “lapiseiras de bico de carbono duro”, outro dia, depois falar de futebol ou do estado do tempo. Isto não é linha editorial que se preze, percebe? Assim não vale, caro escriba. Você há quase um ano que me escreve e ainda não lhe tomou um rumo. Está bem, eu sei que nem todos sabem escrever posts e posts a citar os posts dos outros, mas você podia fazer um esforçozinho, não acha? Olhe hoje já estou cansado de o criticar, mas prometo que um dia destes voltarei ao assunto.
PS. E deixe-se de pêésses, que eu já estou farto desta última frase, quase sempre, escrita para evitar um novo post.
(ou carta de um blogue a quem o escreve)
Você anda muito cheio de sem jeito. Uns dias, está negro, como se a sua alma tivesse sido invadida pela carvoeira, outros, alegre e bem disposto, escrevendo aquilo que você considera graçolas. Veja se se define porque eu já não tenho cu que aguente. As pessoas que aqui o visitam não merecem estas constantes variações de estilo. Estilo? Deixe-me rir. Estas constantes variações de falta de estilo. Veja, por exemplo, os blogues que comentam notícias de jornais. São lídissimos. Você lembra-se quando lia a telepress, aquele conjunto de recortes, à maneira, que evitava que você tivesse de comprar todos os jornais para ler uma pequena meia dúzia de notícias? Pois agora há os blogues telepréssicos. E são de borla. E aqueles que todos os dias colocam um poema retirado das majestosas obras da Sophia, do Eugénio, do Fernando, do Álvaro, do Pablo. Aposto que você já sabe o “Mar Português” de trás para a frente e de frente para trás. Esses sim, cumprem a sua cultural missão. E também são de borla. O quê? Os seus autores não criam nada? Não seja patético! Ou então, escreva coisas coerentes e não ande aos saltinhos de gato para cavalo, de cavalo para rinoceronte, de rinoceronte para galo de Barcelos. Isto não é nenhuma quinta e muito menos um jardim zoológico. Se você escrevesse coisas interessantes, aqui na minha página, do tipo “o meu gato hoje quando foi lavar os dentes, verificou que a pasta dentífrica tinha acabado” e, de seguida, fosse coerente e escrevesse um novo texto: “hoje fui ao supermercado, comprar pasta dentífrica para o meu gato” e terminasse a saga com “hoje o meu gato, já tinha uma pasta de dentes nova”, iria ver o êxito que eu teria. Assim, este pobre blogue, sniff, sniff, sniff (isto sou eu a chorar, meu caro escriba) vê-se na contingência de ter de falar mal do Santana Lopes um dia, editar um poema sobre as “lapiseiras de bico de carbono duro”, outro dia, depois falar de futebol ou do estado do tempo. Isto não é linha editorial que se preze, percebe? Assim não vale, caro escriba. Você há quase um ano que me escreve e ainda não lhe tomou um rumo. Está bem, eu sei que nem todos sabem escrever posts e posts a citar os posts dos outros, mas você podia fazer um esforçozinho, não acha? Olhe hoje já estou cansado de o criticar, mas prometo que um dia destes voltarei ao assunto.
PS. E deixe-se de pêésses, que eu já estou farto desta última frase, quase sempre, escrita para evitar um novo post.
segunda-feira, outubro 18, 2004
659. Crónica Social
Lindo vestido o da Patá (à esquerda na foto). Pitucha e o seu namorado José de Alencar e Santos (à direita na foto). Elegantíssima ía Ginginha e o seu (dizem) novo namorado Carlos Pinto e Pinto (em baixo). Não faltaram os penetras e as novas tias que se fizeram convidadas. A festa estava um must, que o digam o empresário Gulherme Navarone e Xaputinha Quintal (segurando uma taça de martini, azeitona, na foto acima).
PS 1. A escrever assim, não tarda estou a escrever para uma revista cor-de-rosa ou de outra cor qualquer.
PS 2. Aviso aos editores: tenho pose que é como quem diz pareço bicha (mas não sou paneleira). PS 3. O meu nome artístico-literário é Pre Vila Real (ou será Pre Santa Apolónia?). Contactos pelo 91 ahahaha (rir com pose), o resto adivinhem, bichas!!!
Lindo vestido o da Patá (à esquerda na foto). Pitucha e o seu namorado José de Alencar e Santos (à direita na foto). Elegantíssima ía Ginginha e o seu (dizem) novo namorado Carlos Pinto e Pinto (em baixo). Não faltaram os penetras e as novas tias que se fizeram convidadas. A festa estava um must, que o digam o empresário Gulherme Navarone e Xaputinha Quintal (segurando uma taça de martini, azeitona, na foto acima).
PS 1. A escrever assim, não tarda estou a escrever para uma revista cor-de-rosa ou de outra cor qualquer.
PS 2. Aviso aos editores: tenho pose que é como quem diz pareço bicha (mas não sou paneleira). PS 3. O meu nome artístico-literário é Pre Vila Real (ou será Pre Santa Apolónia?). Contactos pelo 91 ahahaha (rir com pose), o resto adivinhem, bichas!!!
656. Marujos
Noutros tempos chamava-lhes os “marujos”. Vinham a cavalo de Vila Real de Santo António até ao Pomarão. A cavalo, é como o Ti Manel se refere a virem de barco Guadiana acima. Depois, canastas à cabeça ou aos ombros calcorreavam montes e vales. Os pés escorriam sangue e nem para a bucha ganhavam. De que servia comerem um pedacinho de pão aqui ou ali se, em casa, uma prole de filhos os esperava com fome? Do Pomarão à Mina de S. Domingos, mesmo a corta-mato, são mais de 15 kms. De trem, só os senhores da mina. Os operários saíam noite pela madrugada, para pegarem às oito. As serviçais, que iam tratar das casas de quem mais posses tinha, faziam vinte, trinta ou mais kms sempre a pé. Os filhos ficavam na cama, guardados pelas irmãs mais velhas. Os filhos, duas horas depois, por volta das seis, levantavam-se para guardar rebanhos ou trabalhar na ceifa. E os contrabandistas atravessavam o Chança a nado, quase sem respirarem, onde do lado de cá os guardas-fiscais os esperavam. Tempos difíceis.
PS. 1 Maria Útilia, desejo-te um feliz aniversário. O Ti Manel, mandou-vos cumprimentos.
PS. 2 Apesar dos tempos estarem maus, não guardei as romãs só para mim.
Noutros tempos chamava-lhes os “marujos”. Vinham a cavalo de Vila Real de Santo António até ao Pomarão. A cavalo, é como o Ti Manel se refere a virem de barco Guadiana acima. Depois, canastas à cabeça ou aos ombros calcorreavam montes e vales. Os pés escorriam sangue e nem para a bucha ganhavam. De que servia comerem um pedacinho de pão aqui ou ali se, em casa, uma prole de filhos os esperava com fome? Do Pomarão à Mina de S. Domingos, mesmo a corta-mato, são mais de 15 kms. De trem, só os senhores da mina. Os operários saíam noite pela madrugada, para pegarem às oito. As serviçais, que iam tratar das casas de quem mais posses tinha, faziam vinte, trinta ou mais kms sempre a pé. Os filhos ficavam na cama, guardados pelas irmãs mais velhas. Os filhos, duas horas depois, por volta das seis, levantavam-se para guardar rebanhos ou trabalhar na ceifa. E os contrabandistas atravessavam o Chança a nado, quase sem respirarem, onde do lado de cá os guardas-fiscais os esperavam. Tempos difíceis.
PS. 1 Maria Útilia, desejo-te um feliz aniversário. O Ti Manel, mandou-vos cumprimentos.
PS. 2 Apesar dos tempos estarem maus, não guardei as romãs só para mim.
655. Bom dia
Passei o fim-de-semana no “meu” Alentejo. Seja Primavera ou Verão, seja Outono ou Inverno, o Alentejo é sempre lindo. Ontem foi dia de romãs. Uma pequena romanzeira que tenho no quintal, que nasceu espontânea há uns 3 anos atrás e tratada por quem nunca percebeu o mínimo de agricultura, deu romãs de 750 gramas. Maravilhosas na abertura, vermelhas e doces.
PS. Ao contrário da romã levei com um árbitro azul e amargo. Coisas do futebol.
Passei o fim-de-semana no “meu” Alentejo. Seja Primavera ou Verão, seja Outono ou Inverno, o Alentejo é sempre lindo. Ontem foi dia de romãs. Uma pequena romanzeira que tenho no quintal, que nasceu espontânea há uns 3 anos atrás e tratada por quem nunca percebeu o mínimo de agricultura, deu romãs de 750 gramas. Maravilhosas na abertura, vermelhas e doces.
PS. Ao contrário da romã levei com um árbitro azul e amargo. Coisas do futebol.
sexta-feira, outubro 15, 2004
654. Em defesa da língua portuguesa
Eu sou um conversador nato. Às vezes sinto-me, até, tagarela de mais. E quando não tenho gente perto, converso à distância. Seja ao telefone, seja nas salas de conversação da Internet, vulgo chats. É aqui que a porca torce o rabo. Viram que escrevi chats? Era necessário, uma vez que já tinha escrito antes salas de conversação? Não, não era. É também lá que eu costumo ler e escrever LOL…
Ao ler, ontem, o post do Circo Cerebral (ops, o post…, quer dizer o texto), ele que está a passar férias em Inglaterra, reparei que escreveu, e muito bem, acrescento, Escritório em vez de Office, Janelas em vez de Windows, Edição Casa em vez de Home Edition. Só não sei se fez bem em escrever Chispe em vez de XP, mas acho que foi por causa da falta do acento circunflexo no teclado. RAG.
PS 1. PS é latim, portanto é desculpável.
PS 2. RAG = Rindo Às Gargalhadas em vez do anglo-saxónico LOL. Em defesa da língua portuguesa.
PS 3. Em França existe já uma determinação oficial para se utilizar COURRIEL (uma junção/abreviatura de courrier electronique) em vez do anglicismo e-mail. Sabendo como funcionam os Correios em Portugal nem me atrevo a propor CORRELE. Nem em azul as mensagens chegariam a tempo.
Eu sou um conversador nato. Às vezes sinto-me, até, tagarela de mais. E quando não tenho gente perto, converso à distância. Seja ao telefone, seja nas salas de conversação da Internet, vulgo chats. É aqui que a porca torce o rabo. Viram que escrevi chats? Era necessário, uma vez que já tinha escrito antes salas de conversação? Não, não era. É também lá que eu costumo ler e escrever LOL…
Ao ler, ontem, o post do Circo Cerebral (ops, o post…, quer dizer o texto), ele que está a passar férias em Inglaterra, reparei que escreveu, e muito bem, acrescento, Escritório em vez de Office, Janelas em vez de Windows, Edição Casa em vez de Home Edition. Só não sei se fez bem em escrever Chispe em vez de XP, mas acho que foi por causa da falta do acento circunflexo no teclado. RAG.
PS 1. PS é latim, portanto é desculpável.
PS 2. RAG = Rindo Às Gargalhadas em vez do anglo-saxónico LOL. Em defesa da língua portuguesa.
PS 3. Em França existe já uma determinação oficial para se utilizar COURRIEL (uma junção/abreviatura de courrier electronique) em vez do anglicismo e-mail. Sabendo como funcionam os Correios em Portugal nem me atrevo a propor CORRELE. Nem em azul as mensagens chegariam a tempo.
653. Al(he)ado
Vejo, de um lado, o azul e também do outro.
Lá em baixo, um vapor passa, fumante.
E o fumo se mistura com o fumo de cá.
Na margem, o fumo esfuma-a.
Estou mais perto do Sol,
E à noite, das estrelas.
Vejo as estrelas num dos lados e também no outro.
E a luz se mistura com a luz de cá.
Tudo é igual nas duas margens.
Lá em baixo, entre a ponte e o mar,
O vazio.
Não voarei nesse ar!
Vejo, de um lado, o azul e também do outro.
Lá em baixo, um vapor passa, fumante.
E o fumo se mistura com o fumo de cá.
Na margem, o fumo esfuma-a.
Estou mais perto do Sol,
E à noite, das estrelas.
Vejo as estrelas num dos lados e também no outro.
E a luz se mistura com a luz de cá.
Tudo é igual nas duas margens.
Lá em baixo, entre a ponte e o mar,
O vazio.
Não voarei nesse ar!
quinta-feira, outubro 14, 2004
652. A operada
Catarina:
- Não sabia que ías tirar a vesícula. Da próxima vez estás proibida de o fazer sem me avisares. Os amigos são para as ocasiões. Se me tivesses dito, teria pedido para levares a minha também. Quem tira uma, tira duas. E assim poupava-se uma ida ao hospital (tirar uma vesícula é chic). Agora que os transportes públicos aumentaram, sempre se poupava uns cêntimos. Eu sei que não é bom estar a falar em poupanças, pois o nosso primeiro diz que agora há dinheiro a rodos, e vai aumentar as pensões e isso, e os funcionários públicos e isso, mas eu sempre fui assim. Só não sei o que é vou fazer daqui em diante aos euritos que me sobram e que aplicava em pêpêérres. Quanto à hérnia, não sei quê, não sei quê, a minha é discal, pelo que não a cedo a ninguém. Se me tirarem a dita, onde é que eu vou ouvir música? É que, apesar dos CDs, ainda tenho muitos discos de vinil para ouvir. Finalmente, vamos ao que interessa: os pontos. Ó miúda, mas tu não acabaste o liceu há uma data de anos? Ainda tens pontos? Ou estás a falar do relógio de ponto lá do emprego. Confesso que nunca vi um relógio de ponto de bikini. Mas tu é que sabes, se o bikini já era, olha, mal por mal, preferia os pontos de matemática. O quê? Não estás a ver a relação entre o bikini e a matemática? Então lê o PS.
PS. Ilha de Bikini / Atol de Bikini : Área terrestre: 3.4 square milles; Ilha: 384 acres; Ilha de Eneu: 308 acres; Total Lagoon área: 240 square milles. Quem não souber fazer contas está lixado.
Catarina:
- Não sabia que ías tirar a vesícula. Da próxima vez estás proibida de o fazer sem me avisares. Os amigos são para as ocasiões. Se me tivesses dito, teria pedido para levares a minha também. Quem tira uma, tira duas. E assim poupava-se uma ida ao hospital (tirar uma vesícula é chic). Agora que os transportes públicos aumentaram, sempre se poupava uns cêntimos. Eu sei que não é bom estar a falar em poupanças, pois o nosso primeiro diz que agora há dinheiro a rodos, e vai aumentar as pensões e isso, e os funcionários públicos e isso, mas eu sempre fui assim. Só não sei o que é vou fazer daqui em diante aos euritos que me sobram e que aplicava em pêpêérres. Quanto à hérnia, não sei quê, não sei quê, a minha é discal, pelo que não a cedo a ninguém. Se me tirarem a dita, onde é que eu vou ouvir música? É que, apesar dos CDs, ainda tenho muitos discos de vinil para ouvir. Finalmente, vamos ao que interessa: os pontos. Ó miúda, mas tu não acabaste o liceu há uma data de anos? Ainda tens pontos? Ou estás a falar do relógio de ponto lá do emprego. Confesso que nunca vi um relógio de ponto de bikini. Mas tu é que sabes, se o bikini já era, olha, mal por mal, preferia os pontos de matemática. O quê? Não estás a ver a relação entre o bikini e a matemática? Então lê o PS.
PS. Ilha de Bikini / Atol de Bikini : Área terrestre: 3.4 square milles; Ilha: 384 acres; Ilha de Eneu: 308 acres; Total Lagoon área: 240 square milles. Quem não souber fazer contas está lixado.
651. Conduzir à esquerda
O meu sobrinho anda por terras de sua majestade. Diz ele, lá no seu genial blog, que nunca viu tanta gente a guiar em contra-mão. Fez-me lembrar quando, há alguns anos atrás, invocando a mais antiga aliança do mundo, alguém, aqui no nosso cantinho, achou que também deveríamos começar a conduzir pela esquerda. Dizia às páginas tantas do seu argumentativo discurso: “… e, a título experimental, na primeira semana, serão só os camiões”.
O meu sobrinho anda por terras de sua majestade. Diz ele, lá no seu genial blog, que nunca viu tanta gente a guiar em contra-mão. Fez-me lembrar quando, há alguns anos atrás, invocando a mais antiga aliança do mundo, alguém, aqui no nosso cantinho, achou que também deveríamos começar a conduzir pela esquerda. Dizia às páginas tantas do seu argumentativo discurso: “… e, a título experimental, na primeira semana, serão só os camiões”.
650. Outonos da minha infância
O meu pião
Onde estará aquele meu pião? Era pequeno, maneirinho, como nós dizíamos, quando íamos comprá-los à Casa Ramos. Todo, cabia na pequena mão fechada. Era para dar pontaria. Tinha um pionais na cabeça. Chamávamos-lhe o bacelo. “Não tem bacelo? Vai para a quinta do camelo”. Eram assim a brincadeiras dos putos. A guita era de algodão. Essa não se desfiava. As de sisal não prestavam, não davam um bom aperto e, aos poucos, esfarelavam-se. Em cima, uma coleirinha pintada a várias cores. O meu pião tinha uma coleira verde e vermelha, feita com tinta de óleo. “Não tem coleira? Vai para o fundo da algibeira”. Era o código para que não fosse fanado. Havia putos que não compravam piões, fanavam os que não tinham coleira. O meu pião rodava sempre mais de um minuto. Eu jogava-o “à homem”. Um movimento de arremesso forte de cima para baixo. E apanhava-o entre os dedos ou com a própria guita. A mim não me fazia cócegas quando rodava na palma da mão. Era à homem. Eu não jogava à cagadinha. O meu pião rodava mais de um minuto.
Paravas, olhando o jogo do pião.
Num lance, a guita ainda a sibilar,
Pegava-o do chão.
E, com a perícia (já contada),
Punha-o a rodar
Na mão da namorada.
O meu pião
Onde estará aquele meu pião? Era pequeno, maneirinho, como nós dizíamos, quando íamos comprá-los à Casa Ramos. Todo, cabia na pequena mão fechada. Era para dar pontaria. Tinha um pionais na cabeça. Chamávamos-lhe o bacelo. “Não tem bacelo? Vai para a quinta do camelo”. Eram assim a brincadeiras dos putos. A guita era de algodão. Essa não se desfiava. As de sisal não prestavam, não davam um bom aperto e, aos poucos, esfarelavam-se. Em cima, uma coleirinha pintada a várias cores. O meu pião tinha uma coleira verde e vermelha, feita com tinta de óleo. “Não tem coleira? Vai para o fundo da algibeira”. Era o código para que não fosse fanado. Havia putos que não compravam piões, fanavam os que não tinham coleira. O meu pião rodava sempre mais de um minuto. Eu jogava-o “à homem”. Um movimento de arremesso forte de cima para baixo. E apanhava-o entre os dedos ou com a própria guita. A mim não me fazia cócegas quando rodava na palma da mão. Era à homem. Eu não jogava à cagadinha. O meu pião rodava mais de um minuto.
Paravas, olhando o jogo do pião.
Num lance, a guita ainda a sibilar,
Pegava-o do chão.
E, com a perícia (já contada),
Punha-o a rodar
Na mão da namorada.
quarta-feira, outubro 13, 2004
649. Bom senso
Eu já sabia que eu tinha bom senso. O que eu não sabia era que ela sabia que eu tinha. E agora que sei que ela sabe que tenho, com todo o bom senso que me caracteriza, não posso deixar de lhe mandar um beijinho.
PS. 1. Só ontem li a tua primeira crónica do DNA. Mais vale tarde que nunca. Mas como não sou crítico de escrita, manda o bom senso que não faça considerações.
PS. 2. Gostei.
Eu já sabia que eu tinha bom senso. O que eu não sabia era que ela sabia que eu tinha. E agora que sei que ela sabe que tenho, com todo o bom senso que me caracteriza, não posso deixar de lhe mandar um beijinho.
PS. 1. Só ontem li a tua primeira crónica do DNA. Mais vale tarde que nunca. Mas como não sou crítico de escrita, manda o bom senso que não faça considerações.
PS. 2. Gostei.
terça-feira, outubro 12, 2004
647. Caminhos
Se encoberto o céu se encontra,
Minh’alma está de cinza nublada.
Hoje fui passear pelo jardim onde já não se vêem rosas brancas. Por todo lado procurei verde, mas a cores do Outono confundem-se com as cores das romãs. Respirei fundo e consegui das magnólias, sentir-lhes o cheiro. Mas não encontrei os odores do rosmaninho.
Se encoberto o céu se encontra,
Vou tropeçando nas pedras do caminho.
Sempre te peço que abras as janelas, que lhe retires as trancas. Tu sabes quanto eu gosto que por elas seja invadido de manhãs. Se pudesse mandar desviar, as nuvens, as sombras, as paredes, queria ver o Sol o dia inteiro. Eu sei que não peço muito. Se fossem só as frestas me bastaria. Hoje, quase tudo se me nega.
Minh’alma está de cinza nublada
Como venda em jogo da cabra-cega.
Se encoberto o céu se encontra,
Minh’alma está de cinza nublada.
Hoje fui passear pelo jardim onde já não se vêem rosas brancas. Por todo lado procurei verde, mas a cores do Outono confundem-se com as cores das romãs. Respirei fundo e consegui das magnólias, sentir-lhes o cheiro. Mas não encontrei os odores do rosmaninho.
Se encoberto o céu se encontra,
Vou tropeçando nas pedras do caminho.
Sempre te peço que abras as janelas, que lhe retires as trancas. Tu sabes quanto eu gosto que por elas seja invadido de manhãs. Se pudesse mandar desviar, as nuvens, as sombras, as paredes, queria ver o Sol o dia inteiro. Eu sei que não peço muito. Se fossem só as frestas me bastaria. Hoje, quase tudo se me nega.
Minh’alma está de cinza nublada
Como venda em jogo da cabra-cega.
segunda-feira, outubro 11, 2004
domingo, outubro 10, 2004
643. Anjo da Guarda
Olho para o tecto, parece branco
Alguns vultos de sombra
Desenham estranhas nuvens.
Amedrontam-me, viro-me para o lado
Onde em paredes brancas
Vultos
Desenham estranhas nuvens.
Tapo os olhos, que nada vêem, com as palmas das mãos
Que me parecem brancas,
Vultos que são sombrias nuvens.
No outro lado estás tu.
Vulto,
Toco-te e adormeço.
Alves Fernandes in Complexos
Olho para o tecto, parece branco
Alguns vultos de sombra
Desenham estranhas nuvens.
Amedrontam-me, viro-me para o lado
Onde em paredes brancas
Vultos
Desenham estranhas nuvens.
Tapo os olhos, que nada vêem, com as palmas das mãos
Que me parecem brancas,
Vultos que são sombrias nuvens.
No outro lado estás tu.
Vulto,
Toco-te e adormeço.
Alves Fernandes in Complexos
sábado, outubro 09, 2004
sexta-feira, outubro 08, 2004
641. Nostalgias
Eram sete e meia da manhã. Nem mais, nem menos um minuto. Entrava no café precisamente sempre à mesma hora. O Sr. Andrade tinha já o galão e o papo-seco, que guardava de véspera, ligeiramente torrado e barrado com pouca manteiga, pronto para servi-lo. Tinha vestido um fato azul-escuro, camisa branca, gravata azul clara, lisa, de seda natural. Como sempre, chegou-se ao balcão, embora desta vez com alguma dificuldade pois, no lugar onde costumava tomar o pequeno-almoço estava agora encostada uma nova cliente. Não pediu licença. Aguardou calmamente a sua oportunidade. Mal se abriu uma nesga, esticou um braço, pegou no copo e bebeu um pequeno gole. Sem açúcar, como ele gostava. Depois, pegou no pão e comeu-o. Todo. Nunca embuchava quando comia pão. Comia-o calmamente enquanto o copo de café com leite arrefecia. Pagou, deu os bons dias de despedida e dirigiu-se ao carro. Esperava-o, pela frente, uma longa fila de trânsito.
Foi há mais de dois anos que repetiu este ritual pela última vez. Ainda hoje tem por costume já estar vestido às sete e meia da manhã. Já não toma o pequeno-almoço no café do Sr. Andrade, mas ainda gosta de café com leite morno, quase frio, sem açúcar, nem enfrenta a fila de automóveis, com condutores a esfregarem os olhos, passageiras a maquilharem-se, um ou outro dedo no nariz a completarem a higiene diária. Nem ouve a TSF no rádio do carro. Não sabe como estão os acessos ao túnel do Marquês, nem se há engarrafamentos na rotunda do Freixo.
Hoje, levanta-se da mesa, passa o copo do café com leite por água, coloca-o na máquina de lavar, dirige-se para a secretária, lê on-line todas as ofertas de emprego e depois escrevinha qualquer coisa no blog. Tem saudades do café do Sr. Andrade.
Eram sete e meia da manhã. Nem mais, nem menos um minuto. Entrava no café precisamente sempre à mesma hora. O Sr. Andrade tinha já o galão e o papo-seco, que guardava de véspera, ligeiramente torrado e barrado com pouca manteiga, pronto para servi-lo. Tinha vestido um fato azul-escuro, camisa branca, gravata azul clara, lisa, de seda natural. Como sempre, chegou-se ao balcão, embora desta vez com alguma dificuldade pois, no lugar onde costumava tomar o pequeno-almoço estava agora encostada uma nova cliente. Não pediu licença. Aguardou calmamente a sua oportunidade. Mal se abriu uma nesga, esticou um braço, pegou no copo e bebeu um pequeno gole. Sem açúcar, como ele gostava. Depois, pegou no pão e comeu-o. Todo. Nunca embuchava quando comia pão. Comia-o calmamente enquanto o copo de café com leite arrefecia. Pagou, deu os bons dias de despedida e dirigiu-se ao carro. Esperava-o, pela frente, uma longa fila de trânsito.
Foi há mais de dois anos que repetiu este ritual pela última vez. Ainda hoje tem por costume já estar vestido às sete e meia da manhã. Já não toma o pequeno-almoço no café do Sr. Andrade, mas ainda gosta de café com leite morno, quase frio, sem açúcar, nem enfrenta a fila de automóveis, com condutores a esfregarem os olhos, passageiras a maquilharem-se, um ou outro dedo no nariz a completarem a higiene diária. Nem ouve a TSF no rádio do carro. Não sabe como estão os acessos ao túnel do Marquês, nem se há engarrafamentos na rotunda do Freixo.
Hoje, levanta-se da mesa, passa o copo do café com leite por água, coloca-o na máquina de lavar, dirige-se para a secretária, lê on-line todas as ofertas de emprego e depois escrevinha qualquer coisa no blog. Tem saudades do café do Sr. Andrade.
quinta-feira, outubro 07, 2004
640. Excitação (II)
Mas eu hoje não paro de me excitar? Então não é que o PS de Marco se quer demitir, porque o Presidente da Câmara anda a dormir com uma porca? E esses senhores nunca leram aquela passagem bíblica que diz, “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”? Será que nunca nenhum deles teve uma porca à cabeceira? Santa ignorância. Ainda vamos ter, à semelhança das mães de Bragança, um abaixo-assinado dos pais do Marco.
(hoje estou virado para as juras; juro e torno a jurar, que se me dessem a escolher entre dormir com uma porca e andar atrás de um árbitro, escolheria a primeira; sei lá o que iam pensar de mim por andar atrás de um gajo…)
Mas eu hoje não paro de me excitar? Então não é que o PS de Marco se quer demitir, porque o Presidente da Câmara anda a dormir com uma porca? E esses senhores nunca leram aquela passagem bíblica que diz, “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”? Será que nunca nenhum deles teve uma porca à cabeceira? Santa ignorância. Ainda vamos ter, à semelhança das mães de Bragança, um abaixo-assinado dos pais do Marco.
(hoje estou virado para as juras; juro e torno a jurar, que se me dessem a escolher entre dormir com uma porca e andar atrás de um árbitro, escolheria a primeira; sei lá o que iam pensar de mim por andar atrás de um gajo…)
639. Excitação (I)
Aimeusdeuses, estou tão excitado. Acabei de ouvir, na SIC Notícias, que o Sr. Presidente da República recebeu o professor Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma hora e cinco minutos. Confesso que se tivesse sido durante uma hora e dez minutos eu não ficaria mais excitado.
(eu ainda sou do tempo em que o Sr. Presidente da República consultou 853 personalidades e 28 partidos políticos, para chegar à conclusão que a nomeação do Dr. Pedro Santana Lopes, para Primeiro-Ministro, não era anti-constitucional. Juro – grito eu batendo três vezes com a mão direita no peito – que nessa época também fiquei muito excitado)
Aimeusdeuses, estou tão excitado. Acabei de ouvir, na SIC Notícias, que o Sr. Presidente da República recebeu o professor Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma hora e cinco minutos. Confesso que se tivesse sido durante uma hora e dez minutos eu não ficaria mais excitado.
(eu ainda sou do tempo em que o Sr. Presidente da República consultou 853 personalidades e 28 partidos políticos, para chegar à conclusão que a nomeação do Dr. Pedro Santana Lopes, para Primeiro-Ministro, não era anti-constitucional. Juro – grito eu batendo três vezes com a mão direita no peito – que nessa época também fiquei muito excitado)
638. Estou preocupadíssimo
Ao passar num quiosque vi na capa de um jornal desportivo que o Sporting está a pensar em eleições antecipadas.
(estou tão perturbado que escrevi a frase anterior sem virgulas por nem saber onde as colocar; e esta também... ou quase).
Eu gosto tanto do Dias da Cunha. É que, sabem minhas amigas leitoras e meu amigos leitores, quando o ouço falar, esqueço-me de outros gágás da nossa "praça". E além disso dá jeito ao meu clube que os seu rival tenha um presidente destes. C'est pour cause...
Ao passar num quiosque vi na capa de um jornal desportivo que o Sporting está a pensar em eleições antecipadas.
(estou tão perturbado que escrevi a frase anterior sem virgulas por nem saber onde as colocar; e esta também... ou quase).
Eu gosto tanto do Dias da Cunha. É que, sabem minhas amigas leitoras e meu amigos leitores, quando o ouço falar, esqueço-me de outros gágás da nossa "praça". E além disso dá jeito ao meu clube que os seu rival tenha um presidente destes. C'est pour cause...
636. A propósito da Escola de Colares
(e de um post de Francisco José Viegas, no Aviz – Repórter 6/10/2004)
Tive um patrão que se chamava Celso. Quando entrei para essa empresa o tal senhor ainda não era o patrão. Eu habituei-me a tratá-lo por Senhor Celso, enquanto ele, mais velho, e hierarquicamente superior me chamava simplesmente Vitor. O tempo passou e o tal senhor foi indigitado como chefe da banda. A páginas tantas, exigiu que o tratasse por Senhor Celso do A. (não colocarei o apelido, por motivos óbvios). O argumento era de que me tinha tratado sempre por Sr. Engº Vitor Fernandes e, como tal, era uma falta de respeito, tratá-lo por senhor Celso. Não adianta dizer que era totalmente mentira. A partir desse dia passei a tratá-lo por Senhor Delegado Geral. Ao senhor Primeiro-Ministro, toda a gente o trata por senhor Primeiro-Ministro. Ao Sr. Presidente da República, ao Senhor Presidente da Câmara e até ao Senhor Presidente de um clube de futebol, toda a gente trata por Senhor Presidente. A um médico as pessoas chamam senhor Doutor, idem a um advogado ou a um economista. A mim até me costumam chamar Senhor Condómino do 3º Esq. Portanto, meu caro Francisco José Viegas, não vejo nenhum convite à indisciplina ou à má educação, e muito menos à rebeldia, chamar Sr.ª Contínua à D. Rosa. Ela é contínua ou não é Sr. Escritor? Eu recuso-me a chamar Sr. Jorge Sampaio ao Sr. Presidente da República, enquanto o for. Chamem-me rebelde.
(podem-me tratar por Sr. blogger ou bloguista, em vez de Sr. PreDatado; não vos considerarei mal educados, podem crer)
(e de um post de Francisco José Viegas, no Aviz – Repórter 6/10/2004)
Tive um patrão que se chamava Celso. Quando entrei para essa empresa o tal senhor ainda não era o patrão. Eu habituei-me a tratá-lo por Senhor Celso, enquanto ele, mais velho, e hierarquicamente superior me chamava simplesmente Vitor. O tempo passou e o tal senhor foi indigitado como chefe da banda. A páginas tantas, exigiu que o tratasse por Senhor Celso do A. (não colocarei o apelido, por motivos óbvios). O argumento era de que me tinha tratado sempre por Sr. Engº Vitor Fernandes e, como tal, era uma falta de respeito, tratá-lo por senhor Celso. Não adianta dizer que era totalmente mentira. A partir desse dia passei a tratá-lo por Senhor Delegado Geral. Ao senhor Primeiro-Ministro, toda a gente o trata por senhor Primeiro-Ministro. Ao Sr. Presidente da República, ao Senhor Presidente da Câmara e até ao Senhor Presidente de um clube de futebol, toda a gente trata por Senhor Presidente. A um médico as pessoas chamam senhor Doutor, idem a um advogado ou a um economista. A mim até me costumam chamar Senhor Condómino do 3º Esq. Portanto, meu caro Francisco José Viegas, não vejo nenhum convite à indisciplina ou à má educação, e muito menos à rebeldia, chamar Sr.ª Contínua à D. Rosa. Ela é contínua ou não é Sr. Escritor? Eu recuso-me a chamar Sr. Jorge Sampaio ao Sr. Presidente da República, enquanto o for. Chamem-me rebelde.
(podem-me tratar por Sr. blogger ou bloguista, em vez de Sr. PreDatado; não vos considerarei mal educados, podem crer)
635. Ainda não me habituei à ideia…
De ver o José Castelo Branco como se não fosse bicha
De ver o Jornal Nacional de Domingo sem o Marcelo Rebelo de Sousa
De deixar de beber cerveja, whisky e comer certas iguarias por causa do ácido úrico
Mas sobretudo, sobretudo
De ter que dar razão ao José Pacheco Pereira! Com o post de hoje, no Abrupto, “Rigorosos e Especiosos” eu não poderia estar mais de acordo. Aplaudo.
(eu sei que para si, os conceitos de esquerda e de direita, já eram; no entanto subscrevo-o quando diz “pobre país”; está aqui um ‘tipo’ de esquerda a aplaudir opiniões de um ‘tipo’ de direita; de facto… pobre país)
De ver o José Castelo Branco como se não fosse bicha
De ver o Jornal Nacional de Domingo sem o Marcelo Rebelo de Sousa
De deixar de beber cerveja, whisky e comer certas iguarias por causa do ácido úrico
Mas sobretudo, sobretudo
De ter que dar razão ao José Pacheco Pereira! Com o post de hoje, no Abrupto, “Rigorosos e Especiosos” eu não poderia estar mais de acordo. Aplaudo.
(eu sei que para si, os conceitos de esquerda e de direita, já eram; no entanto subscrevo-o quando diz “pobre país”; está aqui um ‘tipo’ de esquerda a aplaudir opiniões de um ‘tipo’ de direita; de facto… pobre país)
quarta-feira, outubro 06, 2004
634. Contraditório
Muito se tem dito e se tem escrito sobre o contraditório. Há dois dias que, em termos políticos é claro, a notícia do dia é Marcelo Rebelo de Sousa. Deveria ter contraditório? Se calhar devia. Mas ele deu um golpe de mestre. Despediu-se da TVI. Pois, há quem diga que o Governo, o Dinheiro, os Interesses, pá, essas balelas todas é que forçaram o MRS a sair. Eu, não acredito. Alguma vez, depois dos coronéis alguém fez censura a alguém? Não, meus caros, isso da censura não existe. O quê? O poder dos lobbys, do capital? Mas estão a delirar, ménes? Mas isso existe? O que aconteceu mesmo foi que o MRS quis chatear o Governo uma vez mais. Vai daí despede-se e todos ficam a pensar que o PSL teve alguma coisa a ver com isso (só espero que o Acidental, ou o Basfémias, ou o Quinto dos impérios, não venha aqui roubar-me a teoria e depois, nem uma citaçãozinha, nem um postal, nem um SMS…).
PS. A propósito de contraditório, será que alguma Alta Autoridade vai obrigar a TVI a criar um programa chamado o Arranha-Céus dos Desconhecidos?
Muito se tem dito e se tem escrito sobre o contraditório. Há dois dias que, em termos políticos é claro, a notícia do dia é Marcelo Rebelo de Sousa. Deveria ter contraditório? Se calhar devia. Mas ele deu um golpe de mestre. Despediu-se da TVI. Pois, há quem diga que o Governo, o Dinheiro, os Interesses, pá, essas balelas todas é que forçaram o MRS a sair. Eu, não acredito. Alguma vez, depois dos coronéis alguém fez censura a alguém? Não, meus caros, isso da censura não existe. O quê? O poder dos lobbys, do capital? Mas estão a delirar, ménes? Mas isso existe? O que aconteceu mesmo foi que o MRS quis chatear o Governo uma vez mais. Vai daí despede-se e todos ficam a pensar que o PSL teve alguma coisa a ver com isso (só espero que o Acidental, ou o Basfémias, ou o Quinto dos impérios, não venha aqui roubar-me a teoria e depois, nem uma citaçãozinha, nem um postal, nem um SMS…).
PS. A propósito de contraditório, será que alguma Alta Autoridade vai obrigar a TVI a criar um programa chamado o Arranha-Céus dos Desconhecidos?
633. Dilema
Tenho estado a pensar se hei-de fazer referências à Quinta das Celebridades no meu blog ou se hei-de dar uma de intelectual, fingir que não vejo, passar ao lado e citar de vez em quando os filósofos da antiguidade (não é piada ao Sócrates, ok?) ou os da modernidade, penso eu de que… (não é piada ao Pinto da Costa ok?).
Mas estive um bocadinho a pensar ao que é que me havia de referir de relevante nos últimos dias, para armar ao pingarelho e até parecer um gajo bem informado e veio-me à cabeça a rábula das mini-saias. Agora tenho novo dilema. Será que hei-de aqui escrever uma prelecção sobre a mini-saia, com uma incursão nos anos 60 e de caminho falar nos Beatles, nos The Monkeys, no início da carreira dos Bee Gees ou nos nunca acabados Rolling Stones e depois ficar-me pela Mary Quant ou falar naquela gaja podre de boa que é minha vizinha e que por acaso até é top model, o que já causou umas duas ou três observações da Maria, “tipo estás a ver se chove ou queres chuva?”. Então resolvi mesmo não querer saber se nas escolas se vai proibir a mini-saia, tal véu islâmico em escolas francesas e, resolvi pegar no tema do Reitor da Universidade Católica sobre as discotecas. Mas é aqui que, novamente, a porca torce o rabo. É que se vou falar em discotecas, vou ter que falar no Santana Lopes e daí passo para o Governo e para a governação, e o caraças, que este blog tem mais que fazer do que falar em animais. E falando em porca a torcer o rabo e em animais, que tal falar na Quinta da Celebridades?
Tenho estado a pensar se hei-de fazer referências à Quinta das Celebridades no meu blog ou se hei-de dar uma de intelectual, fingir que não vejo, passar ao lado e citar de vez em quando os filósofos da antiguidade (não é piada ao Sócrates, ok?) ou os da modernidade, penso eu de que… (não é piada ao Pinto da Costa ok?).
Mas estive um bocadinho a pensar ao que é que me havia de referir de relevante nos últimos dias, para armar ao pingarelho e até parecer um gajo bem informado e veio-me à cabeça a rábula das mini-saias. Agora tenho novo dilema. Será que hei-de aqui escrever uma prelecção sobre a mini-saia, com uma incursão nos anos 60 e de caminho falar nos Beatles, nos The Monkeys, no início da carreira dos Bee Gees ou nos nunca acabados Rolling Stones e depois ficar-me pela Mary Quant ou falar naquela gaja podre de boa que é minha vizinha e que por acaso até é top model, o que já causou umas duas ou três observações da Maria, “tipo estás a ver se chove ou queres chuva?”. Então resolvi mesmo não querer saber se nas escolas se vai proibir a mini-saia, tal véu islâmico em escolas francesas e, resolvi pegar no tema do Reitor da Universidade Católica sobre as discotecas. Mas é aqui que, novamente, a porca torce o rabo. É que se vou falar em discotecas, vou ter que falar no Santana Lopes e daí passo para o Governo e para a governação, e o caraças, que este blog tem mais que fazer do que falar em animais. E falando em porca a torcer o rabo e em animais, que tal falar na Quinta da Celebridades?
632. A minha professora e o Presidente da República
A minha professora está toda contente por ter sido colocada na mesma escola. Nós, os alunos é que ficamos um bocadinho chateados. Isto porque ela é muito exigente. Hoje, mal entramos nas aulas, pediu-nos para fazermos um pequeno exercício. “Se eu escrevesse ao Presidente da República, o que é lhe diria”. Eu levantei o braço e disse-lhe que ela estava a pedir muito para gente tão pequenina. Então, talvez por castigo, obrigou-me, a mim, a ser o primeiro a interferir. Tive de lhe dizer que antes de vir para as aulas, passei como de costume pelos três cafés habituais. E que tinha levado uma seca em triplicado, de José Castelo Branco e Cinha Jardim. Que eu ainda tinha metido conversa com um, que estava a pagar o gasóleo a 0,849 €, mas ele disse-me que estava um bocado mesmo preocupado era com os 5 pontos do Sporting, na 5ª jornada. Bebi a bica num gole, quase me queimei, mas ainda tive tempo de lhe perguntar se ele achava bem que o governo não aceitasse as críticas do Marcelo na TVI. O que eu fui falar. Não perceberam bem (de facto com a boca queimada do café, acho que não me fiz entender) e levantaram-se quase em coro a defender a TVI, sim, é que era boa, que o Castelo Branco era a vida da quinta, sem ele o programa não tinha graça nenhuma e tal e tal e coiso. Os outros putos já estavam todos a falar uns com os outros, e havia um até que apostava que o castelo Branco ia mugir mais depressa o brasileiro do que uma vaca na quinta. Aqui a professora deu um berro, mandou calar a malta e perguntou-me o que é que esta conversa tinha a ver com o que eu escreveria ao Sr. Presidente da República. Fiquei espantando com tanta falta de capacidade analítica da minha professora, mas mesmo assim ainda fui dizendo, que se lhe escrevesse, tinha-lhe pedido para não ter feito aquele discurso, no 5 de Outubro.
- Ó Pre, porquê? – Um ar de interrogação mais acentuado do que quando soube que estava colocada.
- Então não vê que com a malta de ponte, quatro dias fora, e preocupadíssima com as luvas de pelica do paneleirote da quinta, ninguém ia saber do que ele estava a falar. O melhor mesmo era ele estar caladinho e deixar a gente curtir a Isabel Preto que é boa como o milho.
A minha professora está toda contente por ter sido colocada na mesma escola. Nós, os alunos é que ficamos um bocadinho chateados. Isto porque ela é muito exigente. Hoje, mal entramos nas aulas, pediu-nos para fazermos um pequeno exercício. “Se eu escrevesse ao Presidente da República, o que é lhe diria”. Eu levantei o braço e disse-lhe que ela estava a pedir muito para gente tão pequenina. Então, talvez por castigo, obrigou-me, a mim, a ser o primeiro a interferir. Tive de lhe dizer que antes de vir para as aulas, passei como de costume pelos três cafés habituais. E que tinha levado uma seca em triplicado, de José Castelo Branco e Cinha Jardim. Que eu ainda tinha metido conversa com um, que estava a pagar o gasóleo a 0,849 €, mas ele disse-me que estava um bocado mesmo preocupado era com os 5 pontos do Sporting, na 5ª jornada. Bebi a bica num gole, quase me queimei, mas ainda tive tempo de lhe perguntar se ele achava bem que o governo não aceitasse as críticas do Marcelo na TVI. O que eu fui falar. Não perceberam bem (de facto com a boca queimada do café, acho que não me fiz entender) e levantaram-se quase em coro a defender a TVI, sim, é que era boa, que o Castelo Branco era a vida da quinta, sem ele o programa não tinha graça nenhuma e tal e tal e coiso. Os outros putos já estavam todos a falar uns com os outros, e havia um até que apostava que o castelo Branco ia mugir mais depressa o brasileiro do que uma vaca na quinta. Aqui a professora deu um berro, mandou calar a malta e perguntou-me o que é que esta conversa tinha a ver com o que eu escreveria ao Sr. Presidente da República. Fiquei espantando com tanta falta de capacidade analítica da minha professora, mas mesmo assim ainda fui dizendo, que se lhe escrevesse, tinha-lhe pedido para não ter feito aquele discurso, no 5 de Outubro.
- Ó Pre, porquê? – Um ar de interrogação mais acentuado do que quando soube que estava colocada.
- Então não vê que com a malta de ponte, quatro dias fora, e preocupadíssima com as luvas de pelica do paneleirote da quinta, ninguém ia saber do que ele estava a falar. O melhor mesmo era ele estar caladinho e deixar a gente curtir a Isabel Preto que é boa como o milho.
terça-feira, outubro 05, 2004
631. Peço desculpa
Por não ter falado do Rui Gomes da Silva, do Pedro Santana Lopes e do Marcelo Rebelo de Sousa;
Por não ter falado da Quinta das Celebridades e do José Castelo Branco;
Por não ter falado da anunciada renúncia do Carlos Carvalhas à liderança do PC
Por não ter falado no 5º aniversário da morte de Amália Rodrigues;
Por não ter falado do José Peseiro e da carreira do Sporting;
Por não ter falado do discurso do Presidente da Repúblicas nas comemorações do 5 de Outubro;
Mas…
Ultimamente não ando muito afim de causas. Eu agora sou mais casos e acasos. E por acaso, ontem passei o dia a comer presunto. Jamon Serrano e Jamon Bodega de tres e cinco bolotas e vino tinto de nuestros hermanos. E olé!
Por não ter falado do Rui Gomes da Silva, do Pedro Santana Lopes e do Marcelo Rebelo de Sousa;
Por não ter falado da Quinta das Celebridades e do José Castelo Branco;
Por não ter falado da anunciada renúncia do Carlos Carvalhas à liderança do PC
Por não ter falado no 5º aniversário da morte de Amália Rodrigues;
Por não ter falado do José Peseiro e da carreira do Sporting;
Por não ter falado do discurso do Presidente da Repúblicas nas comemorações do 5 de Outubro;
Mas…
Ultimamente não ando muito afim de causas. Eu agora sou mais casos e acasos. E por acaso, ontem passei o dia a comer presunto. Jamon Serrano e Jamon Bodega de tres e cinco bolotas e vino tinto de nuestros hermanos. E olé!
domingo, outubro 03, 2004
629. Até quando esta cruz?
O gajo estava a falar mansinho. O som vinha lá de dentro e invadia-me a casa de banho, cuja porta estava semi-aberta.
- Queres crer que eu ainda não acredito que o gajo esteja envolvido naquilo da pedofilia?
Peguei no frasco do after-shave e atirei-o contra.
O estilhaçar ouviu-se pela casa toda. Por um momento deixei de ouvir a teatral voz da televisão.
- Que barulho foi esse? – Ouviu-se um grito vindo algures não de onde.
- Não é nada amor, foi só o espelho que se partiu. Amanhã eu compro outro.
(há actores que até enganam os espelhos).
O gajo estava a falar mansinho. O som vinha lá de dentro e invadia-me a casa de banho, cuja porta estava semi-aberta.
- Queres crer que eu ainda não acredito que o gajo esteja envolvido naquilo da pedofilia?
Peguei no frasco do after-shave e atirei-o contra.
O estilhaçar ouviu-se pela casa toda. Por um momento deixei de ouvir a teatral voz da televisão.
- Que barulho foi esse? – Ouviu-se um grito vindo algures não de onde.
- Não é nada amor, foi só o espelho que se partiu. Amanhã eu compro outro.
(há actores que até enganam os espelhos).
627. Ignóbeis
Através da Maura no Diário de Lisboa, fui chamado à atenção para os prémios IgNobel deste ano. Ela realça vários. Eu gostaria de realçar este:
CHEMISTRY The Coca-Cola Company of Great Britain, for using advanced technology to convert liquid from the River Thames into Dasani, a transparent form of water, which for precautionary reasons has been made unavailable to consumers.
Pronto, já sei. O PreDatado é anti-capitalista primário não é?
Vejam os restantes aqui.
Através da Maura no Diário de Lisboa, fui chamado à atenção para os prémios IgNobel deste ano. Ela realça vários. Eu gostaria de realçar este:
CHEMISTRY The Coca-Cola Company of Great Britain, for using advanced technology to convert liquid from the River Thames into Dasani, a transparent form of water, which for precautionary reasons has been made unavailable to consumers.
Pronto, já sei. O PreDatado é anti-capitalista primário não é?
Vejam os restantes aqui.
sexta-feira, outubro 01, 2004
626. Citações
Excelente entrevista esta noite, no clube de jornalistas, na 2, concedida por José Pacheco Pereira. Excelente não, boa. Melhor dizendo, boa não, sofrível ou, corrigindo, péssima. Então não é que, o Dr. Pacheco Pereira citou para lá blogs que foi um disparate, ele disse até que, quando quer saber notícias de Felgueiras há um blog que as dá, ou quando quer saber notícias da Figueira da Foz, há um blog que as dá. Ó meu caro senhor Abrupto (tem de ser assim não é? Estamos a falar de blogs!), e eu não dou notícias do meu gato? E nem uma citação? Que entrevista sofrível. Sofrível, não, péssima!
Excelente entrevista esta noite, no clube de jornalistas, na 2, concedida por José Pacheco Pereira. Excelente não, boa. Melhor dizendo, boa não, sofrível ou, corrigindo, péssima. Então não é que, o Dr. Pacheco Pereira citou para lá blogs que foi um disparate, ele disse até que, quando quer saber notícias de Felgueiras há um blog que as dá, ou quando quer saber notícias da Figueira da Foz, há um blog que as dá. Ó meu caro senhor Abrupto (tem de ser assim não é? Estamos a falar de blogs!), e eu não dou notícias do meu gato? E nem uma citação? Que entrevista sofrível. Sofrível, não, péssima!
quinta-feira, setembro 30, 2004
625. Futebóis
Os gajos dos jornais, andam sempre a dizer e tal e coiso, e os pontos e tal dá mais equipas e isso, e depois vão cinco à UEFA e coiso. E coiso não, e coiso não, os gajos vão lá, vão lá, vão lá e não ganham nada. Báááá. (Desculpa lá a imitação Ricardo, mas é que deu muito jeito. Bááá).
Os gajos dos jornais, andam sempre a dizer e tal e coiso, e os pontos e tal dá mais equipas e isso, e depois vão cinco à UEFA e coiso. E coiso não, e coiso não, os gajos vão lá, vão lá, vão lá e não ganham nada. Báááá. (Desculpa lá a imitação Ricardo, mas é que deu muito jeito. Bááá).
624. Desejos
“P.sAdianto-vos, outrossim, que, não obstante, sou uma grávida normal.Tenho desejos e tudo: de manhã, a primeira coisa que me vem à cabeça é um “Smart ForFour”…(Já expliquei, a quem de direito, que se não me for feita a vontade, os traumas emocionais da criança podem ser terríveis…)”
Este PS não é meu. É da grávida. Imaginem se a Papoila, quando acordasse a primeira coisa que lhe viesse à cabeça fosse ler o PreDatado… (ai querido/a filho/a da Papoila. Tão pequenino assim, ainda não sabes o que são traumas)
“P.sAdianto-vos, outrossim, que, não obstante, sou uma grávida normal.Tenho desejos e tudo: de manhã, a primeira coisa que me vem à cabeça é um “Smart ForFour”…(Já expliquei, a quem de direito, que se não me for feita a vontade, os traumas emocionais da criança podem ser terríveis…)”
Este PS não é meu. É da grávida. Imaginem se a Papoila, quando acordasse a primeira coisa que lhe viesse à cabeça fosse ler o PreDatado… (ai querido/a filho/a da Papoila. Tão pequenino assim, ainda não sabes o que são traumas)
623. Bombeiros
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Almada. Humanitária? Dasse. Humanitária? Primeiro mandam uma ambulância com 2 homens: um motorista e outro. (deixem-me fazer um parêntesis para dizer que o serviço é pago). A Senhora tem 100 kgs (deixem-me fazer um parêntesis para dizer que a Senhora mora num rés de R/C). Eles têm macas com rodas. O motorista diz que não é nada com ele. Então? Mandaram só um? O que é que essa besta quadrada anda lá a fazer? É só para ligar sirenes e levar o dele ao fim do mês? Humanitária? A Senhora acaba o exame no hospital. A ambulância ainda lá está. A filha telefona para os bombeiros. Chama uma ambulância para o regresso (deixem-me fazer um parêntesis para dizer que o serviço é pago), “que é só um momentinho, que eles vão já”. A filha pergunta aos bombeiros se são eles a fazer o serviço de regresso. O motorista, o mesmo, assobia para o ar. Humanitária? Dasse. Voltam costas, vão embora. A ambulância regressa uma hora e cinco minutos depois. Humanitária? Venham cá vender rifas que mando-os pró caralho.
PS. Apesar da temperatura, não faço posts a quente. Esta é a terceira, ou quarta, ou quinta vez que situações destas se passam com os Bombeiros de Almada. Estou cansado destes gajos.
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Almada. Humanitária? Dasse. Humanitária? Primeiro mandam uma ambulância com 2 homens: um motorista e outro. (deixem-me fazer um parêntesis para dizer que o serviço é pago). A Senhora tem 100 kgs (deixem-me fazer um parêntesis para dizer que a Senhora mora num rés de R/C). Eles têm macas com rodas. O motorista diz que não é nada com ele. Então? Mandaram só um? O que é que essa besta quadrada anda lá a fazer? É só para ligar sirenes e levar o dele ao fim do mês? Humanitária? A Senhora acaba o exame no hospital. A ambulância ainda lá está. A filha telefona para os bombeiros. Chama uma ambulância para o regresso (deixem-me fazer um parêntesis para dizer que o serviço é pago), “que é só um momentinho, que eles vão já”. A filha pergunta aos bombeiros se são eles a fazer o serviço de regresso. O motorista, o mesmo, assobia para o ar. Humanitária? Dasse. Voltam costas, vão embora. A ambulância regressa uma hora e cinco minutos depois. Humanitária? Venham cá vender rifas que mando-os pró caralho.
PS. Apesar da temperatura, não faço posts a quente. Esta é a terceira, ou quarta, ou quinta vez que situações destas se passam com os Bombeiros de Almada. Estou cansado destes gajos.
quarta-feira, setembro 29, 2004
620. Editorial
Ultimamente, muito se tem discutido a Saúde em Portugal. Tudo bem, dizem que da discussão nasce a luz. Pode ser…
Para o Governo está tudo bem. Ou melhor, se não está bem transforma-se em S.A. e passa a estar bem. Simples. Para a oposição está mal. E para os utentes?
Para os utentes não está bem, nem está mal, está uma merda, parafraseando um antigo professor que tive no liceu.
No passado dia 3 de Setembro a minha médica de família passou-me uma credencial para uma consulta de especialidade. A consulta poderia ser marcada a 27 de Setembro. Confundi as datas e hoje dia 29 fui para marcar a dita. Pois é, enganei-me e agora poderei marcar a 25 de Outubro. Isto é para marcar uma consulta, não é para ser consultado. Não é um caso de vida ou de morte, felizmente, porque se o fosse lá teria eu de contratar um funcionário da “Anjinhos & Anjinhos, S.A.”, para agradecer ao senhor ministro a saúde que temos.
PS.
Declaração
Para os devidos efeitos e, porque me foi solicitado declaro que não tenho interesses, directos nem indirectos, na firma “Cunhas & Cunhas, SA”.
Ass. O PreDatado
Ultimamente, muito se tem discutido a Saúde em Portugal. Tudo bem, dizem que da discussão nasce a luz. Pode ser…
Para o Governo está tudo bem. Ou melhor, se não está bem transforma-se em S.A. e passa a estar bem. Simples. Para a oposição está mal. E para os utentes?
Para os utentes não está bem, nem está mal, está uma merda, parafraseando um antigo professor que tive no liceu.
No passado dia 3 de Setembro a minha médica de família passou-me uma credencial para uma consulta de especialidade. A consulta poderia ser marcada a 27 de Setembro. Confundi as datas e hoje dia 29 fui para marcar a dita. Pois é, enganei-me e agora poderei marcar a 25 de Outubro. Isto é para marcar uma consulta, não é para ser consultado. Não é um caso de vida ou de morte, felizmente, porque se o fosse lá teria eu de contratar um funcionário da “Anjinhos & Anjinhos, S.A.”, para agradecer ao senhor ministro a saúde que temos.
PS.
Declaração
Para os devidos efeitos e, porque me foi solicitado declaro que não tenho interesses, directos nem indirectos, na firma “Cunhas & Cunhas, SA”.
Ass. O PreDatado
619. Conto (IX)
Despertei com a luz do Sol que penetrava na fresta que servia de entrada à tenda. Mal me levantei as duas anciãs que permaneciam de cócoras vigiando a jovem, cobertas por pequenas marlotas, braços carregados de mananas cujas agulhas, batendo umas nas outras, faziam um estranho tilintar, com ar de malcomidas, saíram sem içar as cabeças. Dirigi-me à fenda, semicerrada por dois magnetos, espreitei a machamba que a rodeava. Num ápice toda a tenda fora inundada, pelo cheiro das madressilvas e das magnólias. Fiquei ainda uns momentos escutando o chilrear dos maria-é-dia, antes de reentrar. Nunca tinha visto a jovem “quase-virgem” à claridade da luz. Deitada em marroquinas, longas madeixas de cabelo cobriam-lhe o peito. À espreita, não maiores que marmelos, os seios que, apesar de insensíveis, ainda me seduziam.
(continua)
Despertei com a luz do Sol que penetrava na fresta que servia de entrada à tenda. Mal me levantei as duas anciãs que permaneciam de cócoras vigiando a jovem, cobertas por pequenas marlotas, braços carregados de mananas cujas agulhas, batendo umas nas outras, faziam um estranho tilintar, com ar de malcomidas, saíram sem içar as cabeças. Dirigi-me à fenda, semicerrada por dois magnetos, espreitei a machamba que a rodeava. Num ápice toda a tenda fora inundada, pelo cheiro das madressilvas e das magnólias. Fiquei ainda uns momentos escutando o chilrear dos maria-é-dia, antes de reentrar. Nunca tinha visto a jovem “quase-virgem” à claridade da luz. Deitada em marroquinas, longas madeixas de cabelo cobriam-lhe o peito. À espreita, não maiores que marmelos, os seios que, apesar de insensíveis, ainda me seduziam.
(continua)
terça-feira, setembro 28, 2004
618. Chocolates
Ao contrário da Catarina, não como chocolates enquanto escrevo, nem me faltou o tabaco. A minha Etelvina não partiu nada, não faltou ao trabalho, não está com dores de dentes. Não fiquei lixado com nenhum comentário, e tenho uma memória de merda.
Ao contrário do Circo Cerebral, não como a Cerelac ao bebé, não leio O Acidental, não tenho que ir buscar ninguém ao infantário, não faço BTT, não sou do Sporting.
Vou escrever sobre quê?
Ao contrário da Catarina, não como chocolates enquanto escrevo, nem me faltou o tabaco. A minha Etelvina não partiu nada, não faltou ao trabalho, não está com dores de dentes. Não fiquei lixado com nenhum comentário, e tenho uma memória de merda.
Ao contrário do Circo Cerebral, não como a Cerelac ao bebé, não leio O Acidental, não tenho que ir buscar ninguém ao infantário, não faço BTT, não sou do Sporting.
Vou escrever sobre quê?
617. À mão
Mentes perversas! Não é isso, caraças, não estou a colocar professores… estou só a teclar no blog. Ainda vou contratar um técnico de informática para produzir o meu blog a tempo e horas. Isto são lá horas de estar a escrever.
PS. Estou a encher chouriços enquanto escrevo a parte IX do conto.
Mentes perversas! Não é isso, caraças, não estou a colocar professores… estou só a teclar no blog. Ainda vou contratar um técnico de informática para produzir o meu blog a tempo e horas. Isto são lá horas de estar a escrever.
PS. Estou a encher chouriços enquanto escrevo a parte IX do conto.
614. Sabão
Se o Tide, agora, é sabão tradicional, porque é que eu hei-de usar Tide?
(a água fria da ribeira,
a água fria que o sol aqueceu…)
PS. O Schubert ouviu-me cantar, viu-me vestido com uns calções às flores e uma t-shirt a dizer "estive no algarve e pensei em ti" e chamou-me azeiteiro. Acho que ele anda a ver os Ídolos.
Se o Tide, agora, é sabão tradicional, porque é que eu hei-de usar Tide?
(a água fria da ribeira,
a água fria que o sol aqueceu…)
PS. O Schubert ouviu-me cantar, viu-me vestido com uns calções às flores e uma t-shirt a dizer "estive no algarve e pensei em ti" e chamou-me azeiteiro. Acho que ele anda a ver os Ídolos.
segunda-feira, setembro 27, 2004
612. Poupança
Ainda meio estremunhado, ouvi a minha Maria perguntar ao meu filho se levava os 5kgs de batatas na mochila, quando este saiu para as aulas.
- Batatas? Perguntei eu, pensando que ainda não tinha acordado.
- Sim filho (aqui o filho era eu). Comprei a 0,15€/Kg no Ecomarché.
- Então e o miúdo leva as batatas na mochila? – Continuava incrédulo.
- Claro, em tempo de guerra não se limpam armas. Ando a poupar dinheiro.
Fui-lhe buscar um copo de água com açúcar, escondi as facas e o picador de gelo, abracei-a com carinho, pedi-lhe “calma amor”, sentei-a no sofá e disse-lhe “vamos ver um bocadinho de televisão, vamos, para descontraíres?”.
Agora sou eu que obrigo os meus filhos a encherem as mochilas de batatas antes de saírem para a escola. É que “com batatas a 0,15€/Kg, o regresso às aulas é mais barato do Ecomarché”.
Ainda meio estremunhado, ouvi a minha Maria perguntar ao meu filho se levava os 5kgs de batatas na mochila, quando este saiu para as aulas.
- Batatas? Perguntei eu, pensando que ainda não tinha acordado.
- Sim filho (aqui o filho era eu). Comprei a 0,15€/Kg no Ecomarché.
- Então e o miúdo leva as batatas na mochila? – Continuava incrédulo.
- Claro, em tempo de guerra não se limpam armas. Ando a poupar dinheiro.
Fui-lhe buscar um copo de água com açúcar, escondi as facas e o picador de gelo, abracei-a com carinho, pedi-lhe “calma amor”, sentei-a no sofá e disse-lhe “vamos ver um bocadinho de televisão, vamos, para descontraíres?”.
Agora sou eu que obrigo os meus filhos a encherem as mochilas de batatas antes de saírem para a escola. É que “com batatas a 0,15€/Kg, o regresso às aulas é mais barato do Ecomarché”.
611. Mais
Hoje, já publiquei mais posts do que a Catarina, do que o Paulo Gorjão e quase tantos como o Barnabé. É fofo, não é?
Hoje, já publiquei mais posts do que a Catarina, do que o Paulo Gorjão e quase tantos como o Barnabé. É fofo, não é?
610. Linquis
Não linco por me lincarem (eita frase, boba). Não sei se o novo Dicionário da Academia já inclui lincar, deletar, printar e outros estrangeirismos assim. Não sei, porque não tenho o dito, nem me dei ao trabalho de o consultar. Mas, se não tem, deveria ter. E perguntam as minhas amigas leitoras e os meus amigos leitores num estridente uníssono: “Deveria ter?”. Pois deveria. Eu não linco por me lincarem. A minha coluna da direita tem bué (bué vem lá, no Dicionário) destas situações. Mas se eu tivesse que fazer uma divisão dos que me lincam e dos que não me lincam, provavelmente nalguns eu escreveria “Coça-me as costas que eu coço as tuas”. Uma frase destas é grande prá chuchu (eita, brasileiro matuto). Então, o meu amigo Branco usou “eu tilinco, tu milincas”. Vamos lá a pôr o lincar no Dicionário, ilustres doutores.
Não linco por me lincarem (eita frase, boba). Não sei se o novo Dicionário da Academia já inclui lincar, deletar, printar e outros estrangeirismos assim. Não sei, porque não tenho o dito, nem me dei ao trabalho de o consultar. Mas, se não tem, deveria ter. E perguntam as minhas amigas leitoras e os meus amigos leitores num estridente uníssono: “Deveria ter?”. Pois deveria. Eu não linco por me lincarem. A minha coluna da direita tem bué (bué vem lá, no Dicionário) destas situações. Mas se eu tivesse que fazer uma divisão dos que me lincam e dos que não me lincam, provavelmente nalguns eu escreveria “Coça-me as costas que eu coço as tuas”. Uma frase destas é grande prá chuchu (eita, brasileiro matuto). Então, o meu amigo Branco usou “eu tilinco, tu milincas”. Vamos lá a pôr o lincar no Dicionário, ilustres doutores.
609. Figuras de estilo
Uma corrida ondulante em vez de tenho uma escoliose genética;
A fetidez do éter em vez de vê lá se não te voltas a descuidar;
Devorei-te mastigando palavra a palavra em vez de li o teu post de ontem;
Passaram mais de três horas num luxuriante jogo de emoções em vez de deram uma queca monumental;
Como um trovão que ribomba na calada da noite em vez de ó filho, hoje não que me dói a cabeça;
Riscas verdes e brancas e faixas azuis povoaram os meus sonhos em vez de tive um pesadelo do caraças.
Inundado pela escuridão, no fim do túnel, uma ténue luz se vislumbra em vez de será que alguma vez terei a mesma sorte da Rititi?
PS. Este post é para parabenizar a Rititi, uma das bloggers que leio com muito prazer, que agora é colunista da DNA.
Sentada na berma da estrada, uma lata de pomada branca vertia rios de espuma cobrindo-lhe os pés de uma démodé meia branca em vez de ó Pré, agora deste em engraxador, foi?
Uma corrida ondulante em vez de tenho uma escoliose genética;
A fetidez do éter em vez de vê lá se não te voltas a descuidar;
Devorei-te mastigando palavra a palavra em vez de li o teu post de ontem;
Passaram mais de três horas num luxuriante jogo de emoções em vez de deram uma queca monumental;
Como um trovão que ribomba na calada da noite em vez de ó filho, hoje não que me dói a cabeça;
Riscas verdes e brancas e faixas azuis povoaram os meus sonhos em vez de tive um pesadelo do caraças.
Inundado pela escuridão, no fim do túnel, uma ténue luz se vislumbra em vez de será que alguma vez terei a mesma sorte da Rititi?
PS. Este post é para parabenizar a Rititi, uma das bloggers que leio com muito prazer, que agora é colunista da DNA.
Sentada na berma da estrada, uma lata de pomada branca vertia rios de espuma cobrindo-lhe os pés de uma démodé meia branca em vez de ó Pré, agora deste em engraxador, foi?
608. Se o Salazar fosse vivo…
Hoje tomei 3 bicas. Em três cafés diferentes. “Se o Salazar fosse vivo, a menina já tinha sido encontrada”. Nunca tinha dado conta da faceta de farejador de Salazar, mas lá que ouvi isto, ouvi. “Se o Salazar fosse vivo, esses gajos das velocidades já tinham sido todos mortos”. Claro está, só quem não sabia que Salazar era um exímio caçador de automobilistas é que pode duvidar duma frase destas. Isto foi noutro café. “Pois, pois, é o mesmo que os gajos da Casa Pia. Ai se o Salazar fosse vivo…”. Cá para mim acho que o Salazar enrabava os pedófilos. Ai enrabava, enrabava. Trinta e cinco anos depois da morte de Salazar, há pessoas a reclamarem-no. Não se envergonham senhores governantes? No terceiro café, onde tomei a terceira bica da manhã, ninguém pediu o regresso do Salazar. Vou optar por este último e só vou tomar a terceira bica. Prescindo das outras duas. Assim dormirei melhor e até vou parecer que sou ministro.
Hoje tomei 3 bicas. Em três cafés diferentes. “Se o Salazar fosse vivo, a menina já tinha sido encontrada”. Nunca tinha dado conta da faceta de farejador de Salazar, mas lá que ouvi isto, ouvi. “Se o Salazar fosse vivo, esses gajos das velocidades já tinham sido todos mortos”. Claro está, só quem não sabia que Salazar era um exímio caçador de automobilistas é que pode duvidar duma frase destas. Isto foi noutro café. “Pois, pois, é o mesmo que os gajos da Casa Pia. Ai se o Salazar fosse vivo…”. Cá para mim acho que o Salazar enrabava os pedófilos. Ai enrabava, enrabava. Trinta e cinco anos depois da morte de Salazar, há pessoas a reclamarem-no. Não se envergonham senhores governantes? No terceiro café, onde tomei a terceira bica da manhã, ninguém pediu o regresso do Salazar. Vou optar por este último e só vou tomar a terceira bica. Prescindo das outras duas. Assim dormirei melhor e até vou parecer que sou ministro.
607. E quando não me apetece escrever só penso que…
O suco da barbatana do entulho, do português vernáculo vicentino, não só como ora essa é bom, mas até mesmo porque enfim. Vale mais um homem todavia nunca do que sem comparação jamais.
PS. O Schubert acha que eu não ando a bater bem, por isso arranhou-me. Hoje sinto-me… arranhado.
O suco da barbatana do entulho, do português vernáculo vicentino, não só como ora essa é bom, mas até mesmo porque enfim. Vale mais um homem todavia nunca do que sem comparação jamais.
PS. O Schubert acha que eu não ando a bater bem, por isso arranhou-me. Hoje sinto-me… arranhado.
606. Conto (VIII)
O nubente assistiu macambúzio ao ritual que se seguiu. De facto não era espectável que, após uma tão excitante cerimónia de iniciação, a passagem seguinte assumisse um tão maçadiço teor. Assim para vos poupar a uma macarrónea crónica, apenas refiro que a jovem foi conduzida numa maca, acompanhada por duas anciãs, para uma tenda isolada, colocada nas cercanias da aldeia. Mal acabou de entrar, o futuro noivo estendeu-me a mão, no que foi retribuído. E sem a largar conduziu-me ao meu lugar, previamente reservado na mesa principal, precisamente do lado direito do chefe. Ele sentar-se-ia à esquerda. Os pratos exóticos de jamantes e jeticas, de miolos de macaco servidos na própria cabeça, de língua de jacaré numa espécie de estufado, que ía chegando em grandes travessa de barro cru, de espetos de láparos apenas separados por folhas de urtiga fresca, de jambé, de rabo de boi com natas de leite de morcega, misturavam-se com alguns dos mais conhecidos pratos ocidentais, como o javali assado em forno de lenha, estaladiço, rodeado de laranja e maçarocas de mabalemade cozido, macedónia de frutas, lulas (embora de um tamanho inusitado) recheadas com linguiça, nêsperas em calda de açúcar, muito marisco de casca e pardais nidífugos fritos em óleo de nicori. E foi com este repasto, de que não hesitei em provar todas as iguarias, que me saciei de uma fome de três dias. Adormeci bebendo um chimarão, não de erva-mate como seria de esperar, mas de uma mistura de gengibre e macela.
(continua)
O nubente assistiu macambúzio ao ritual que se seguiu. De facto não era espectável que, após uma tão excitante cerimónia de iniciação, a passagem seguinte assumisse um tão maçadiço teor. Assim para vos poupar a uma macarrónea crónica, apenas refiro que a jovem foi conduzida numa maca, acompanhada por duas anciãs, para uma tenda isolada, colocada nas cercanias da aldeia. Mal acabou de entrar, o futuro noivo estendeu-me a mão, no que foi retribuído. E sem a largar conduziu-me ao meu lugar, previamente reservado na mesa principal, precisamente do lado direito do chefe. Ele sentar-se-ia à esquerda. Os pratos exóticos de jamantes e jeticas, de miolos de macaco servidos na própria cabeça, de língua de jacaré numa espécie de estufado, que ía chegando em grandes travessa de barro cru, de espetos de láparos apenas separados por folhas de urtiga fresca, de jambé, de rabo de boi com natas de leite de morcega, misturavam-se com alguns dos mais conhecidos pratos ocidentais, como o javali assado em forno de lenha, estaladiço, rodeado de laranja e maçarocas de mabalemade cozido, macedónia de frutas, lulas (embora de um tamanho inusitado) recheadas com linguiça, nêsperas em calda de açúcar, muito marisco de casca e pardais nidífugos fritos em óleo de nicori. E foi com este repasto, de que não hesitei em provar todas as iguarias, que me saciei de uma fome de três dias. Adormeci bebendo um chimarão, não de erva-mate como seria de esperar, mas de uma mistura de gengibre e macela.
(continua)
domingo, setembro 26, 2004
604. Conto (VII)
Os membros da tribo só saíam da aldeia por dois motivos. Caçar e, quando se tornava necessário, iniciar o ritual do casamento. Era da tradição que qualquer jovem da tribo, antes de casar, fosse desvirginada por um “estrangeiro”. Por um lado, a jovem nunca seria acusada pelo futuro marido de que tivera tido um romance antes com alguém do mesmo grupo. Isso diminuía drasticamente as relações de desconfiança. Por outro lado, uma vez que a cerimónia era pública, haveria a certeza que a jovem era virgem antes do casamento. Desta vez, o estrangeiro escolhido fora eu. Quando a jovem parou de lacrimejar, respirei fundo. Abstraí-me da plateia e fiz amor com ela. Para ser preciso, o acto durou apenas o tempo de a desflorar. Uma ladainha ecoou em todo o anfiteatro e como que por magia, as nuvens, que desde há horas cobriam os céus, desapareceram e o luarejar misturou-se com a luz dos archotes. Foi um acto lancinante. Para mim, por me ter prestado a tão lapuz ritual. Para a implume jovem, porque o seu rosto se contorceu de dor no momento da penetração. Quando a ladainha que as anciãs entoavam em uníssono terminou, o chefe ergueu alto o lábaro com as armas da tribo - um falcão com focinho de jacaré. Numa lemniscata desenhada no chão, onde num dos círculos me sentei e, no outro, se sentou o futuro noivo, o tratado que antes haveria assinado com sangue, foi-nos lido em voz alta, por uma espécie de feiticeiro. Teria de ficar na aldeia até que a gravidez da jovem se consumasse.
(continua)
Os membros da tribo só saíam da aldeia por dois motivos. Caçar e, quando se tornava necessário, iniciar o ritual do casamento. Era da tradição que qualquer jovem da tribo, antes de casar, fosse desvirginada por um “estrangeiro”. Por um lado, a jovem nunca seria acusada pelo futuro marido de que tivera tido um romance antes com alguém do mesmo grupo. Isso diminuía drasticamente as relações de desconfiança. Por outro lado, uma vez que a cerimónia era pública, haveria a certeza que a jovem era virgem antes do casamento. Desta vez, o estrangeiro escolhido fora eu. Quando a jovem parou de lacrimejar, respirei fundo. Abstraí-me da plateia e fiz amor com ela. Para ser preciso, o acto durou apenas o tempo de a desflorar. Uma ladainha ecoou em todo o anfiteatro e como que por magia, as nuvens, que desde há horas cobriam os céus, desapareceram e o luarejar misturou-se com a luz dos archotes. Foi um acto lancinante. Para mim, por me ter prestado a tão lapuz ritual. Para a implume jovem, porque o seu rosto se contorceu de dor no momento da penetração. Quando a ladainha que as anciãs entoavam em uníssono terminou, o chefe ergueu alto o lábaro com as armas da tribo - um falcão com focinho de jacaré. Numa lemniscata desenhada no chão, onde num dos círculos me sentei e, no outro, se sentou o futuro noivo, o tratado que antes haveria assinado com sangue, foi-nos lido em voz alta, por uma espécie de feiticeiro. Teria de ficar na aldeia até que a gravidez da jovem se consumasse.
(continua)
sábado, setembro 25, 2004
603. Eu que pensava que era a estação de Corroios ou do Pragal, saiu-me isto
Fui copiar o quiz desta minha querida amiga... vejam como sou quente.
You're a Summer. You're just a ball of energy that
is constantly going on and on!! You're kinda
like the energizer bunny. lol. But your
probably really athletic and even if you're
not, you'd be good in sports because of all
your energy. You're enthusiastic about
everything you do and find it hard not to be
happy. You're usually pretty optimistic but can
be realistic when needed. You always hope for
the best to turn out and many times they do.
Sometimes though, you let your temper get the
best of you but you apologize as soon as you
can because you hate people being angry with
you. You're friends love how active you are and
you make them feel like they can do anything
crazy if they want to.
What season are you? (pics)
brought to you by
Fui copiar o quiz desta minha querida amiga... vejam como sou quente.
You're a Summer. You're just a ball of energy that
is constantly going on and on!! You're kinda
like the energizer bunny. lol. But your
probably really athletic and even if you're
not, you'd be good in sports because of all
your energy. You're enthusiastic about
everything you do and find it hard not to be
happy. You're usually pretty optimistic but can
be realistic when needed. You always hope for
the best to turn out and many times they do.
Sometimes though, you let your temper get the
best of you but you apologize as soon as you
can because you hate people being angry with
you. You're friends love how active you are and
you make them feel like they can do anything
crazy if they want to.
What season are you? (pics)
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602. Conto VI
Apesar da minha fraqueza física, motivada pela fome e quiçá pela situação inusitada, não quis parecer um qualquer jagodes. Levemente acariciei-lhes os seios. Primeiro um, depois outro. Tive uma surpresa. Não posso jactar-me de ter tido muitas mulheres na minha vida. Ainda sou relativamente jovem, falta um bom par de anos para atingir os quarenta. Nunca tive nenhuma mulher insensível ao toque nos mamilos. Pensei que a minha inabilidade ou a minha retracção fossem as responsáveis. Toquei-lhes com a ponta da língua numa tentativa de os bolinar. Nenhuma reacção da jovem, nem um tremor, nem uma expressão de prazer. Completamente insensível. Num instante, o chefe da “tribo” levantou-se e começou a jacular. Tal a velocidade com que emitia os sons, uma evidente forma primitiva de fala, que o joco se instalou entre os assistentes. Arrepiei no meu jogo amoroso e acto contínuo a jovem começou a jeremiar. Fez-se silêncio, só não absoluto porque, do goto da rapariga, se escutava um ténue choro. Alguns dias mais tarde, entendi essa insensibilidade dos seios das mulheres da aldeia.
(continua)
Apesar da minha fraqueza física, motivada pela fome e quiçá pela situação inusitada, não quis parecer um qualquer jagodes. Levemente acariciei-lhes os seios. Primeiro um, depois outro. Tive uma surpresa. Não posso jactar-me de ter tido muitas mulheres na minha vida. Ainda sou relativamente jovem, falta um bom par de anos para atingir os quarenta. Nunca tive nenhuma mulher insensível ao toque nos mamilos. Pensei que a minha inabilidade ou a minha retracção fossem as responsáveis. Toquei-lhes com a ponta da língua numa tentativa de os bolinar. Nenhuma reacção da jovem, nem um tremor, nem uma expressão de prazer. Completamente insensível. Num instante, o chefe da “tribo” levantou-se e começou a jacular. Tal a velocidade com que emitia os sons, uma evidente forma primitiva de fala, que o joco se instalou entre os assistentes. Arrepiei no meu jogo amoroso e acto contínuo a jovem começou a jeremiar. Fez-se silêncio, só não absoluto porque, do goto da rapariga, se escutava um ténue choro. Alguns dias mais tarde, entendi essa insensibilidade dos seios das mulheres da aldeia.
(continua)
sexta-feira, setembro 24, 2004
601. Ope 2 esquerda, direita!
Um gajo é assim, pronto, e eu não sei explicar. Eu sou um gajo de esquerda, toda a gente o sabe e, eu, sem medo (porque meus amigos e minhas amigas, não tenham dúvidas que desde o pós-gonçalvismo é preciso ter alguma coragem para se apregoar aos quatro ventos que se é de esquerda; ou alguém ainda dúvidas de que o Sócrates vai ganhara as eleições no PS?), dizia eu sem medo, sempre me assumi de esquerda. Ser de esquerda, não é só ser anti-Santana (o José Pacheco Pereira é-o, sem ser de esquerda), não é só ser anti-Portas (o Marcelo Rebelo de Sousa é-o, sem ser de esquerda), não é só ser anti-Bush ou anti-Sharon ou o raio que nos parta a nós, os de esquerda. Fundamentalmente, que me desculpem, alguns, poucos, homens e mulheres de direita quase inteligentes, ser de esquerda é ser inteligente. Porque para mim é um atentado à inteligência, alguém, como um tal não sei quantos Melo, deputado do CDS (e da Nação), vir a público defender a nomeação de Celeste Cardona para administradora da CGD, com base no seu Curriculum. Não vou falar em milhões, nem em milhares, mas apenas em centenas de Curricula mais ricos que o de Celeste Cardona. E ao que consta, essas centenas não foram convidadas para administradores da CGD. Esse tal de Melo, é como a minha avó dizia, esperto. E como diz o povo “esperteza é a inteligência de um burro”.
Um gajo é assim, pronto, e eu não sei explicar. Eu sou um gajo de esquerda, toda a gente o sabe e, eu, sem medo (porque meus amigos e minhas amigas, não tenham dúvidas que desde o pós-gonçalvismo é preciso ter alguma coragem para se apregoar aos quatro ventos que se é de esquerda; ou alguém ainda dúvidas de que o Sócrates vai ganhara as eleições no PS?), dizia eu sem medo, sempre me assumi de esquerda. Ser de esquerda, não é só ser anti-Santana (o José Pacheco Pereira é-o, sem ser de esquerda), não é só ser anti-Portas (o Marcelo Rebelo de Sousa é-o, sem ser de esquerda), não é só ser anti-Bush ou anti-Sharon ou o raio que nos parta a nós, os de esquerda. Fundamentalmente, que me desculpem, alguns, poucos, homens e mulheres de direita quase inteligentes, ser de esquerda é ser inteligente. Porque para mim é um atentado à inteligência, alguém, como um tal não sei quantos Melo, deputado do CDS (e da Nação), vir a público defender a nomeação de Celeste Cardona para administradora da CGD, com base no seu Curriculum. Não vou falar em milhões, nem em milhares, mas apenas em centenas de Curricula mais ricos que o de Celeste Cardona. E ao que consta, essas centenas não foram convidadas para administradores da CGD. Esse tal de Melo, é como a minha avó dizia, esperto. E como diz o povo “esperteza é a inteligência de um burro”.
600. Conto (V)
Os seios da jovem apresentavam-se hirtos. Os mamilos, de um castanho-escuro, pronunciado, destacavam-se da tez cor de mel do próprio peito. Olhando ao redor, nenhuma das fêmeas, diga-se em abono da verdade, bem mais idosas, tinha semelhanças com aquela. De resto, o homozigotismo não parecia ser a característica daquela variante da raça humana. Sem nunca deixar de se insinuar, pegou-me na mão e encaminhamo-nos para uma enxerga de vime, estrategicamente colocada, onde todos e cada um dos presentes poderiam observar-nos. Fiquei de joelhos em frente de um corpo estendido. Imotos. O jovem corpo feminino e eu próprio. O rapaz imberbe e nu, aproximou-se. Numa mão aportava uma folha de papiro que me apresentou e uma faca que mais parecia uma catana miniaturizada. Na outra, uma jaca. Passou-me a folha de papiro para as mãos e quase me obrigou a ler. A disposição dos caracteres, a fazerem-me lembrar línguas estranhas, códigos antigos, como que indecifráveis hieróglifos, tinha todo o aspecto de um hiopocraz. Fez-me entalar a jaca entre os dentes, a qual, instintivamente, mordi, no momento em que um corte fino no meu dedo indicador era perpetrado pelo próprio jovem. A dor aguda fez-me trincar a jaca em duas metades. O dedo, sangrando, foi-me feito colocar, como que assinando um testamento. Depois, virou as costas e foi tomar um dos dois lugares mais altos da plateia, ao lado do chefe da tribo. O hipocraz que um dos, aparentemente, súbditos de menor estatuto, me fez ingerir, seria feito, não da maneira convencional, pois em vez do costumeiro vinho na sua constituição, teria uma espécie de aguardente pura de alto teor alcoólico. A partir desse momento, apenas os seios da jovem concentravam a minha atenção.
(continua)
Os seios da jovem apresentavam-se hirtos. Os mamilos, de um castanho-escuro, pronunciado, destacavam-se da tez cor de mel do próprio peito. Olhando ao redor, nenhuma das fêmeas, diga-se em abono da verdade, bem mais idosas, tinha semelhanças com aquela. De resto, o homozigotismo não parecia ser a característica daquela variante da raça humana. Sem nunca deixar de se insinuar, pegou-me na mão e encaminhamo-nos para uma enxerga de vime, estrategicamente colocada, onde todos e cada um dos presentes poderiam observar-nos. Fiquei de joelhos em frente de um corpo estendido. Imotos. O jovem corpo feminino e eu próprio. O rapaz imberbe e nu, aproximou-se. Numa mão aportava uma folha de papiro que me apresentou e uma faca que mais parecia uma catana miniaturizada. Na outra, uma jaca. Passou-me a folha de papiro para as mãos e quase me obrigou a ler. A disposição dos caracteres, a fazerem-me lembrar línguas estranhas, códigos antigos, como que indecifráveis hieróglifos, tinha todo o aspecto de um hiopocraz. Fez-me entalar a jaca entre os dentes, a qual, instintivamente, mordi, no momento em que um corte fino no meu dedo indicador era perpetrado pelo próprio jovem. A dor aguda fez-me trincar a jaca em duas metades. O dedo, sangrando, foi-me feito colocar, como que assinando um testamento. Depois, virou as costas e foi tomar um dos dois lugares mais altos da plateia, ao lado do chefe da tribo. O hipocraz que um dos, aparentemente, súbditos de menor estatuto, me fez ingerir, seria feito, não da maneira convencional, pois em vez do costumeiro vinho na sua constituição, teria uma espécie de aguardente pura de alto teor alcoólico. A partir desse momento, apenas os seios da jovem concentravam a minha atenção.
(continua)
599. IST
O Henrique Silveira escreveu um interessante texto, entre o humor e alguma promoção pessoal (e porque não?), nomeadamente os seus dotes de rockeiro, mesmo que o “love me tender” não seja o mesmo que o “rock around the clock”. O Henrique encontra alunos e ex-alunos do Técnico por toda a parte e eu confirmo: É verdade! Infelizmente não são só encontráveis no LUX e nos restaurantes chineses. Felizmente, para o Henrique Silveira, que não tem que frequentemente passar pelos Centros de Emprego. Há muitos anos, também eu fui aluno do Técnico. Provavelmente, não sei bem qual é a idade do Henrique, quando eu saí de lá, talvez ele ainda nem pensasse em ir para o Técnico. Hoje, o Henrique, se me quiser conhecer, teria de ser, não professor no Técnico, mas talvez gestor de uma das empresas de “Executive Research” (qualquer uma delas), para onde envio, para algumas mais de uma vez, o meu CV, há dois anos consecutivos. Ou talvez nos encontremos um dia destes num curso de mergulho. Já vi pior. O Henrique deve também conhecer, pois no Técnico nunca se deixou de contar, aquela anedota, em que no circo o domador principiante, recém-licenciado do Técnico, enfrentava o feroz leão, que tirou a máscara e lhe disse: “Não tenhas medo, eu também sou do Técnico”.
O Henrique Silveira escreveu um interessante texto, entre o humor e alguma promoção pessoal (e porque não?), nomeadamente os seus dotes de rockeiro, mesmo que o “love me tender” não seja o mesmo que o “rock around the clock”. O Henrique encontra alunos e ex-alunos do Técnico por toda a parte e eu confirmo: É verdade! Infelizmente não são só encontráveis no LUX e nos restaurantes chineses. Felizmente, para o Henrique Silveira, que não tem que frequentemente passar pelos Centros de Emprego. Há muitos anos, também eu fui aluno do Técnico. Provavelmente, não sei bem qual é a idade do Henrique, quando eu saí de lá, talvez ele ainda nem pensasse em ir para o Técnico. Hoje, o Henrique, se me quiser conhecer, teria de ser, não professor no Técnico, mas talvez gestor de uma das empresas de “Executive Research” (qualquer uma delas), para onde envio, para algumas mais de uma vez, o meu CV, há dois anos consecutivos. Ou talvez nos encontremos um dia destes num curso de mergulho. Já vi pior. O Henrique deve também conhecer, pois no Técnico nunca se deixou de contar, aquela anedota, em que no circo o domador principiante, recém-licenciado do Técnico, enfrentava o feroz leão, que tirou a máscara e lhe disse: “Não tenhas medo, eu também sou do Técnico”.
quinta-feira, setembro 23, 2004
598. Carinho
- Olá filho da puta.
- Olá, meu querido, vejo que estás em plena forma.
- Tu também estás com bom ar, filho da puta.
- Faz-se pela vida. Quando mal nunca pior.
- Então o que é que vais fazer hoje, filho da puta?
- O costume quando o dia está bonito. Vou cheirar este Outono ainda Verão.
- Pena é que eu não possa sair daqui, filho da puta.
- Paciência rapaz. Os espelhos cá de casa são fixos.
(o meu espelho hoje estava demasiado carinhoso comigo. Chamou-me quatro vezes filho da puta. Cá para mim, admitiram-no na claque lá do clube - só nunca me tinha apercebido que o meu espelho era energúmeno).
aqui:
"sporting.pt - Algumas das reacções mais notadas e até algumas das mais insultuosas foram-lhe dirigidas directamente …
ADC - ... Com isso posso eu bem. Há muito que sei que entre energúmenos a expressão “filho da puta” é um termo carinhoso, eles até se tratam assim quando se abraçam."
- Olá filho da puta.
- Olá, meu querido, vejo que estás em plena forma.
- Tu também estás com bom ar, filho da puta.
- Faz-se pela vida. Quando mal nunca pior.
- Então o que é que vais fazer hoje, filho da puta?
- O costume quando o dia está bonito. Vou cheirar este Outono ainda Verão.
- Pena é que eu não possa sair daqui, filho da puta.
- Paciência rapaz. Os espelhos cá de casa são fixos.
(o meu espelho hoje estava demasiado carinhoso comigo. Chamou-me quatro vezes filho da puta. Cá para mim, admitiram-no na claque lá do clube - só nunca me tinha apercebido que o meu espelho era energúmeno).
aqui:
"sporting.pt - Algumas das reacções mais notadas e até algumas das mais insultuosas foram-lhe dirigidas directamente …
ADC - ... Com isso posso eu bem. Há muito que sei que entre energúmenos a expressão “filho da puta” é um termo carinhoso, eles até se tratam assim quando se abraçam."
597. Conto (IV)
Horas e horas sem me alimentar, atentava-me uma mesa assim. Não sabia a composição dos alimentos, mas isso não era importante. No entanto, permaneci imoto. Seria imperdoável tomar a iniciativa. Mais que imperdoável, inadequado e imbecil. O chefe tinha um aspecto rude, a atingir laivos de imane. Qualquer tentativa, mesmo que imaculada poderia ser considerada uma imisção nos costumes. Esperei. A cena que se seguiu é imperdível, mesmo para um observador externo. Dois jovens, um rapaz imberbe e uma moça implume, aproximaram-se, nus. Alguns dos indígenas desviaram-se abrindo caminho para o jovem par. O que se passou de seguida é, para um leigo nos costumes, inarrável. Como que impetrando, os olhos da rapariga dirigiram-se a mim. Não teria mais de 16 anos o que me começava a incomodar. Embora celibatário, qualquer relação que pudesse haver entre nós me pareceria ímpia. Mas, as circunstâncias, não me permitiriam impeticar com os anfitriões. Deu-me a mão e obrigou-me a levantar. Uma a uma, num ritual de sensualidade, retirou-me as vestes. Senti-me impotente para parar aquela espiral de emoções. Nunca fui casado, nunca tive filhos, mas qualquer acto que eu cometesse me acometia de incestuoso. Se alguém, da minha cultura, me visse, face a tão inusitados preparos, me acharia inábil. No entanto, o jogo iria continuar.
(continua)
Horas e horas sem me alimentar, atentava-me uma mesa assim. Não sabia a composição dos alimentos, mas isso não era importante. No entanto, permaneci imoto. Seria imperdoável tomar a iniciativa. Mais que imperdoável, inadequado e imbecil. O chefe tinha um aspecto rude, a atingir laivos de imane. Qualquer tentativa, mesmo que imaculada poderia ser considerada uma imisção nos costumes. Esperei. A cena que se seguiu é imperdível, mesmo para um observador externo. Dois jovens, um rapaz imberbe e uma moça implume, aproximaram-se, nus. Alguns dos indígenas desviaram-se abrindo caminho para o jovem par. O que se passou de seguida é, para um leigo nos costumes, inarrável. Como que impetrando, os olhos da rapariga dirigiram-se a mim. Não teria mais de 16 anos o que me começava a incomodar. Embora celibatário, qualquer relação que pudesse haver entre nós me pareceria ímpia. Mas, as circunstâncias, não me permitiriam impeticar com os anfitriões. Deu-me a mão e obrigou-me a levantar. Uma a uma, num ritual de sensualidade, retirou-me as vestes. Senti-me impotente para parar aquela espiral de emoções. Nunca fui casado, nunca tive filhos, mas qualquer acto que eu cometesse me acometia de incestuoso. Se alguém, da minha cultura, me visse, face a tão inusitados preparos, me acharia inábil. No entanto, o jogo iria continuar.
(continua)
quarta-feira, setembro 22, 2004
596. Quando não se responde…
- Recebeste o e-mail?
- Recebi
- E o que é que dizia?
(indiscreto o meu espelho, quer sempre saber de tudo; a minha vida íntima é só minha e não tenho que a partilhar; nem com o espelho)
- Recebeste o e-mail? – respondi.
(acho que o baralhei, finalmente começo a encontrar um jeito de me vingar)
- Um espelho não recebe e-mails – disse-me com algum desdém.
- Só te respondi – ripostei, sabendo que não estava a ser convincente e gozando na surra, a baralhação provocada.
(o espelho parou para reflectir, olhou para mim – nesse momento achei que ele já tinha percebido – e atirou-me como que provocando)
- Recebeste o e-mail? Só isso? E o que é que respondeste?
- Sim.
(virou-me as costas; fiquei sem perceber se ele pensou que o sim era uma resposta do meu e-mail ao outro e-mail, se sim era resposta à pouquez do conteúdo… vá lá a gente perceber os espelhos).
- Recebeste o e-mail?
- Recebi
- E o que é que dizia?
(indiscreto o meu espelho, quer sempre saber de tudo; a minha vida íntima é só minha e não tenho que a partilhar; nem com o espelho)
- Recebeste o e-mail? – respondi.
(acho que o baralhei, finalmente começo a encontrar um jeito de me vingar)
- Um espelho não recebe e-mails – disse-me com algum desdém.
- Só te respondi – ripostei, sabendo que não estava a ser convincente e gozando na surra, a baralhação provocada.
(o espelho parou para reflectir, olhou para mim – nesse momento achei que ele já tinha percebido – e atirou-me como que provocando)
- Recebeste o e-mail? Só isso? E o que é que respondeste?
- Sim.
(virou-me as costas; fiquei sem perceber se ele pensou que o sim era uma resposta do meu e-mail ao outro e-mail, se sim era resposta à pouquez do conteúdo… vá lá a gente perceber os espelhos).
595. Conto (III)
A idiossincrasia do que parecia ser o chefe do grupo, dado que todos os restantes pareciam idolatrá-lo, criou-me a ilusão que seria idóneo. Quando me desloquei a caminho do deserto, estava efectivamente convencido que o era. No entanto pequenos igarapés cortavam o terreno em quase todo o seu comprimento e em toda a sua largura criando malhas incomensuráveis de água, o que nos obrigou a dividir em ínfimos grupos de apenas três indivíduos, que mal cabíamos nas igaras estacionadas em fila. Chegamos finalmente a uma pequena ilha, ao fim de mais de 12 horas de viagem sem nada comermos. Apenas um gole de água, que um dos indígenas me ofereceu, por uma única vez. Quando chegamos, o meu aspecto apresentava-me como um ser ignóbil. A ilha estava iluminada aparentando uma igreja natural. De repente tive a sensação de me ter deixado iliçar. Ígneos archotes debruavam um caminho que me conduziria ao mais ignoto dos mundos. Eu que não era da igualha destes autóctones, estava a ser convidado a sentar-me à volta de uma mesa coberta das mais exóticas iguarias. Não arranjei coragem para ilidir. Só pensava se sairia dali ileso.
(continua)
A idiossincrasia do que parecia ser o chefe do grupo, dado que todos os restantes pareciam idolatrá-lo, criou-me a ilusão que seria idóneo. Quando me desloquei a caminho do deserto, estava efectivamente convencido que o era. No entanto pequenos igarapés cortavam o terreno em quase todo o seu comprimento e em toda a sua largura criando malhas incomensuráveis de água, o que nos obrigou a dividir em ínfimos grupos de apenas três indivíduos, que mal cabíamos nas igaras estacionadas em fila. Chegamos finalmente a uma pequena ilha, ao fim de mais de 12 horas de viagem sem nada comermos. Apenas um gole de água, que um dos indígenas me ofereceu, por uma única vez. Quando chegamos, o meu aspecto apresentava-me como um ser ignóbil. A ilha estava iluminada aparentando uma igreja natural. De repente tive a sensação de me ter deixado iliçar. Ígneos archotes debruavam um caminho que me conduziria ao mais ignoto dos mundos. Eu que não era da igualha destes autóctones, estava a ser convidado a sentar-me à volta de uma mesa coberta das mais exóticas iguarias. Não arranjei coragem para ilidir. Só pensava se sairia dali ileso.
(continua)
terça-feira, setembro 21, 2004
594. Vai uma bejeca?
"Desde a Antiguidade que se consome cerveja na Índia e na China. No Egipto Faraónico, a cerveja chegou a ser considerada bebida nacional e na Hispânia, o seu consumo era maciço. Contudo, os grandes bebedores de cerveja eram os Sumérios.Mas foi apenas no séc. XIII que surgiu um tipo de cerveja parecido com a que consumimos hoje. Este pequeno milagre foi conseguido por frades, graças à introdução do lúpulo como conservante.No séc. XV, a Alemanha fabrica a primeira cerveja ligeira, pouco fermentada, que desde a Baviera se foi estendendo ao resto da Europa.A cerveja manteve-se artesanal até 1860, quando Louis Pasteur, através dos seus trabalhos sobre fermentação da levedura, melhorou o processo de fabricação.No séc. XIX, surge em França uma cerveja local mais suave e sem álcool que deu origem a um moderno conceito de cerveja na década de 60: a Cerveja sem álcool."
In http://www.republicadacerveja.pt/html/cerv_historia.htm
Enquanto os meus dois amigos Serafim e Joca mordiscavam um pedaço de entrecosto, que o primeiro havia grelhado a preceito e, discutiam a quem haviam de dar vivas pela descoberta da cerveja, o Anastácio apareceu, com o seu ar de quem sempre tudo sabe e após escutá-los atentamente interveio:
- Pois eu cá, compadres, eu dou as minhas vivas aos brasileiros.
- Aos brasileiros???? – Perguntamos em uníssono, sem termos atingido o alcance da afirmação do Anastácio.
- Pois sim, homessa, aos brasileiros sim senhores.
- Ó compadre Anastácio, perguntava eu, calculando que dali não iria sair boa, mas diga-me lá vossemecê, o que é que os brasileiros têm a ver com a invenção da cerveja?
- Não é isso, compadre Vitor, não é nada disso. Eu dou vivas aos brasileiros por terem inventado a telenovela.
- Mas ó compadre, ripostou o Serafim, a gente está aqui discutindo quem teve mais mérito na invenção da cerveja e o compadre vem dar vivas aos brasileiros por causa da telenovela. Só você, compadre Anastácio, só você para desconversar.
- Mas qual desconversar, qual quê compadre Serafim. Então vossemecê não acha que quem todo o mérito são os nossos irmãos do lado de lá do Atlântico? Vejam vossemecês se eu não estou com a razão. Onde é que estão as comadres, vá lá, digam lá onde é que estão as comadres?
- Se calha lá dentro, vendo a telenovela, compadre – alvitrou o Joca.
- Pois é por isso mesmo que eu lhes dou vivas compadres. Enquanto as moças estão lá dentro distraídas com o romance, estão vossemecês aqui fora a virar cervejas atrás de cervejas, sem elas darem por nada. E a propósito, com menos conversa já eu bebia outra, que estou com a garganta seca.
In “À Mesa e no Quintal”, Alves Fernandes
"Desde a Antiguidade que se consome cerveja na Índia e na China. No Egipto Faraónico, a cerveja chegou a ser considerada bebida nacional e na Hispânia, o seu consumo era maciço. Contudo, os grandes bebedores de cerveja eram os Sumérios.Mas foi apenas no séc. XIII que surgiu um tipo de cerveja parecido com a que consumimos hoje. Este pequeno milagre foi conseguido por frades, graças à introdução do lúpulo como conservante.No séc. XV, a Alemanha fabrica a primeira cerveja ligeira, pouco fermentada, que desde a Baviera se foi estendendo ao resto da Europa.A cerveja manteve-se artesanal até 1860, quando Louis Pasteur, através dos seus trabalhos sobre fermentação da levedura, melhorou o processo de fabricação.No séc. XIX, surge em França uma cerveja local mais suave e sem álcool que deu origem a um moderno conceito de cerveja na década de 60: a Cerveja sem álcool."
In http://www.republicadacerveja.pt/html/cerv_historia.htm
Enquanto os meus dois amigos Serafim e Joca mordiscavam um pedaço de entrecosto, que o primeiro havia grelhado a preceito e, discutiam a quem haviam de dar vivas pela descoberta da cerveja, o Anastácio apareceu, com o seu ar de quem sempre tudo sabe e após escutá-los atentamente interveio:
- Pois eu cá, compadres, eu dou as minhas vivas aos brasileiros.
- Aos brasileiros???? – Perguntamos em uníssono, sem termos atingido o alcance da afirmação do Anastácio.
- Pois sim, homessa, aos brasileiros sim senhores.
- Ó compadre Anastácio, perguntava eu, calculando que dali não iria sair boa, mas diga-me lá vossemecê, o que é que os brasileiros têm a ver com a invenção da cerveja?
- Não é isso, compadre Vitor, não é nada disso. Eu dou vivas aos brasileiros por terem inventado a telenovela.
- Mas ó compadre, ripostou o Serafim, a gente está aqui discutindo quem teve mais mérito na invenção da cerveja e o compadre vem dar vivas aos brasileiros por causa da telenovela. Só você, compadre Anastácio, só você para desconversar.
- Mas qual desconversar, qual quê compadre Serafim. Então vossemecê não acha que quem todo o mérito são os nossos irmãos do lado de lá do Atlântico? Vejam vossemecês se eu não estou com a razão. Onde é que estão as comadres, vá lá, digam lá onde é que estão as comadres?
- Se calha lá dentro, vendo a telenovela, compadre – alvitrou o Joca.
- Pois é por isso mesmo que eu lhes dou vivas compadres. Enquanto as moças estão lá dentro distraídas com o romance, estão vossemecês aqui fora a virar cervejas atrás de cervejas, sem elas darem por nada. E a propósito, com menos conversa já eu bebia outra, que estou com a garganta seca.
In “À Mesa e no Quintal”, Alves Fernandes
593. Conto
Em tempos decidi escrever um conto neste blog. Mas devo ter-me esquecido. Só pode ter sido. Lembrei-me disso a conversar com uma amiga. Vou tentar recomeçar. Entretanto, deixo-vos com o bocadinho da prosa que tinha sido escrito antes.
Conto (I)
A disceptação teve o seu epílogo. Estava decidido. Como bom dendrófobo dirigir-me-ía para o deserto. Ele caminharia para os antípodas. Sentia-me fatigado de ser sempre apoucado nas minhas decisões. Assumiria de uma vez por todas o meu eremitismo. O badano, já cambado, haveria de suportar as duas ou três horas que me faltavam para chegar ao destino. Quando as adelfas e as carvalhinhas começaram a rarear nas margens do caminho, o dia abaçanava. A alimária alentecia e nem os golpes de butuca a fariam mover. Paramos. Coligi os escassos haveres, cobri-me com um bedém, com o qual me tinha abispado antes da partida, sentei-me ao velho jeito índio, pernas cruzadas uma sobre a outra e adormeci. A minha mente extenuada achapuçava-se de sonhos. Abentesmas albípedes, cujas restantes partes corporais se não viam, bandarreavam no meu espírito deixando-me azabumbado. Como seria possível em lugar tão ermo me sentir cercado. Acordei abruptamente. Autócnes de aspecto boçal faziam a festa. Nunca na vida tinham deparado com tão alva tez. Com as mãos enrugadas esbarbavam-me o capote como que se inteirando da minha condição de real.
Conto (II)
Os autócnes tinham um ar fúfio. As gaforinas não ajudavam à criação de uma imagem menos depreciativa. No entanto os pescoços exibiam fulgentes colares de estranho metal. Ensaiaram uma ginga em meu redor e tentaram comunicar. Não sei se por ter acordado no momento, os sons que emitiam eram-me ininteligíveis. A última vez que tinha escutado algo similar, foi de uns indígenas de Timor Oriental que tentaram ensinar-me o seu galóli. Tive medo que se tratassem de antropófagos preparando a funçanata. Num pequeno hiato de tempo, um deles de aspecto galhardo, apercebendo-se de que eu efectivamente não estava atinando com o seu linguarejar, ensaiou uma ideografia simples mas eficaz. Aí eu não tive coragem para ilidir. Aceitei de imediato. Era um convite para repasto. Seria?
(continua…)
Em tempos decidi escrever um conto neste blog. Mas devo ter-me esquecido. Só pode ter sido. Lembrei-me disso a conversar com uma amiga. Vou tentar recomeçar. Entretanto, deixo-vos com o bocadinho da prosa que tinha sido escrito antes.
Conto (I)
A disceptação teve o seu epílogo. Estava decidido. Como bom dendrófobo dirigir-me-ía para o deserto. Ele caminharia para os antípodas. Sentia-me fatigado de ser sempre apoucado nas minhas decisões. Assumiria de uma vez por todas o meu eremitismo. O badano, já cambado, haveria de suportar as duas ou três horas que me faltavam para chegar ao destino. Quando as adelfas e as carvalhinhas começaram a rarear nas margens do caminho, o dia abaçanava. A alimária alentecia e nem os golpes de butuca a fariam mover. Paramos. Coligi os escassos haveres, cobri-me com um bedém, com o qual me tinha abispado antes da partida, sentei-me ao velho jeito índio, pernas cruzadas uma sobre a outra e adormeci. A minha mente extenuada achapuçava-se de sonhos. Abentesmas albípedes, cujas restantes partes corporais se não viam, bandarreavam no meu espírito deixando-me azabumbado. Como seria possível em lugar tão ermo me sentir cercado. Acordei abruptamente. Autócnes de aspecto boçal faziam a festa. Nunca na vida tinham deparado com tão alva tez. Com as mãos enrugadas esbarbavam-me o capote como que se inteirando da minha condição de real.
Conto (II)
Os autócnes tinham um ar fúfio. As gaforinas não ajudavam à criação de uma imagem menos depreciativa. No entanto os pescoços exibiam fulgentes colares de estranho metal. Ensaiaram uma ginga em meu redor e tentaram comunicar. Não sei se por ter acordado no momento, os sons que emitiam eram-me ininteligíveis. A última vez que tinha escutado algo similar, foi de uns indígenas de Timor Oriental que tentaram ensinar-me o seu galóli. Tive medo que se tratassem de antropófagos preparando a funçanata. Num pequeno hiato de tempo, um deles de aspecto galhardo, apercebendo-se de que eu efectivamente não estava atinando com o seu linguarejar, ensaiou uma ideografia simples mas eficaz. Aí eu não tive coragem para ilidir. Aceitei de imediato. Era um convite para repasto. Seria?
(continua…)
sábado, setembro 18, 2004
592. Raposas ou velhas raposas
Eu gostava de saber escrever como o Sr. Carne. Infelizmente não nasci escritor, nem poeta, nem fui feito jornalista, pelo que a minha veia não chega a tanto. Fui mais talhado para ler disparates e, por mais que o grilo falante que há em mim me diga, ‘não sejas masoquista, não vás lá’, não evito as auto-agressões. Este tal de FA que escreve neste blog, é honestíssimo. Tal como agora defende a guerra às raposas, atendendo aos desempregados que o fim daquela actividade provocará, no Reino Unido, também terá escrito contra o fecho das fábricas de beterraba em Coruche, contra o fecho da Clark, contra o fecho Decantrofex, contra o fecho da Bombardier e terá escrito ou irá escrever um vastíssimo artigo contra o fecho da refinaria da Galp, em Leça. Ou então não…
PS. Pressuponho que o tal de FA irá contrapor ao fecho de todas as fábricas em Portugal, à instalação de algumas empresas subsidiárias da caça à raposa como sejam chouriço fumado de raposa, presunto de raposa, estolas e outros artefactos, comida para cães caçadores de raposa, armas e munições para espingardas de caça à raposa, casacas vermelhas de veludo, chapéus pretos… Ó meus amigos futuros ex-desempregados de todas estas fábricas em Portugal, o vosso futuro está garantido.
Eu gostava de saber escrever como o Sr. Carne. Infelizmente não nasci escritor, nem poeta, nem fui feito jornalista, pelo que a minha veia não chega a tanto. Fui mais talhado para ler disparates e, por mais que o grilo falante que há em mim me diga, ‘não sejas masoquista, não vás lá’, não evito as auto-agressões. Este tal de FA que escreve neste blog, é honestíssimo. Tal como agora defende a guerra às raposas, atendendo aos desempregados que o fim daquela actividade provocará, no Reino Unido, também terá escrito contra o fecho das fábricas de beterraba em Coruche, contra o fecho da Clark, contra o fecho Decantrofex, contra o fecho da Bombardier e terá escrito ou irá escrever um vastíssimo artigo contra o fecho da refinaria da Galp, em Leça. Ou então não…
PS. Pressuponho que o tal de FA irá contrapor ao fecho de todas as fábricas em Portugal, à instalação de algumas empresas subsidiárias da caça à raposa como sejam chouriço fumado de raposa, presunto de raposa, estolas e outros artefactos, comida para cães caçadores de raposa, armas e munições para espingardas de caça à raposa, casacas vermelhas de veludo, chapéus pretos… Ó meus amigos futuros ex-desempregados de todas estas fábricas em Portugal, o vosso futuro está garantido.
591. Livros
Subiamos a Avenida Nuno Álvares Pereira desde o antigo Liceu de Almada (hoje inexistente, mas onde fica a moderna Praça S. João Baptista), até ao Condestável. Ao lado uma pequena papelaria-livraria guardava, fora de montra, alguns livros proíbidos. Eu o o Zé Júlio eramos alguns dos, provavelmente, poucos compradores de obras "malditas". Lembrei-me disto, porque hoje vi na TV que em Viseu, as autoridades mandaram tirar um livro das montras. Só que a minha história, remonta a 1972! Para quando mandarem incendiar bibliotecas? Está na hora rapazes, está na hora. Os nazis demoraram menos tempo que vocês. Estão a perder-lhes aos pontos.
Subiamos a Avenida Nuno Álvares Pereira desde o antigo Liceu de Almada (hoje inexistente, mas onde fica a moderna Praça S. João Baptista), até ao Condestável. Ao lado uma pequena papelaria-livraria guardava, fora de montra, alguns livros proíbidos. Eu o o Zé Júlio eramos alguns dos, provavelmente, poucos compradores de obras "malditas". Lembrei-me disto, porque hoje vi na TV que em Viseu, as autoridades mandaram tirar um livro das montras. Só que a minha história, remonta a 1972! Para quando mandarem incendiar bibliotecas? Está na hora rapazes, está na hora. Os nazis demoraram menos tempo que vocês. Estão a perder-lhes aos pontos.
590. Antecipação...
Coloquei-lhe o post ontem, apenas por um erro no meu relógio. Hoje é que devia ter sido. Reparabenizo. E portanto, pode continuar a escutar a música. Feliz aniversário.
Coloquei-lhe o post ontem, apenas por um erro no meu relógio. Hoje é que devia ter sido. Reparabenizo. E portanto, pode continuar a escutar a música. Feliz aniversário.
sexta-feira, setembro 17, 2004
588. Velho
Perfil do candidato: Com experiência de mais de 5 anos em Business Intelligence. Capacidade para o desenvolvimento e geração de negócio Elevada experiência na gestão de equipas Elevada capacidade de análise e desenvolvimento de modelos conceptuais e funcionais Experiência na gestão de relacionamento com clientes Experiência na gestão de relacionamento com fornecedores Fluência falada e escrita em português e inglês, proactividade, disponibilidade para deslocações, gosto e apetência pelas actividades de I&D , capacidade de adaptação, facilidade de trabalhar em equipa e grande capacidade de análise e síntese.
“A KPI Solutions confirma a recepção da sua candidatura. Após análise curricular da mesma, comunica que o perfil apresentado não corresponde ao procurado no presente processo de recrutamento.
Manteremos o seu C.V. na nossa base de dados para consideração em futuras oportunidades.”
Sendo esta resposta uma autêntica aldrabice, não encontraram estes gajos outra maneira de me chamarem velho?
Perfil do candidato: Com experiência de mais de 5 anos em Business Intelligence. Capacidade para o desenvolvimento e geração de negócio Elevada experiência na gestão de equipas Elevada capacidade de análise e desenvolvimento de modelos conceptuais e funcionais Experiência na gestão de relacionamento com clientes Experiência na gestão de relacionamento com fornecedores Fluência falada e escrita em português e inglês, proactividade, disponibilidade para deslocações, gosto e apetência pelas actividades de I&D , capacidade de adaptação, facilidade de trabalhar em equipa e grande capacidade de análise e síntese.
“A KPI Solutions confirma a recepção da sua candidatura. Após análise curricular da mesma, comunica que o perfil apresentado não corresponde ao procurado no presente processo de recrutamento.
Manteremos o seu C.V. na nossa base de dados para consideração em futuras oportunidades.”
Sendo esta resposta uma autêntica aldrabice, não encontraram estes gajos outra maneira de me chamarem velho?
quinta-feira, setembro 16, 2004
586. Declaração
Eu, PreDatado Amaral de Sousa, declaro que sou incompetente. Não sei gerir o meu blog, uns dias faço 6 posts, outros não faço nenhum. Já tentei gerir isto com mais um compincha, mas andamos sempre às turras. Se o senhor ministro destas coisas, o tal de Blogão Feliz, me quiser despedir eu aceito. Mas tem de me passar para cá os meus 18.000 euritos por mês de reforma. É que parecendo que não eu já “trabalho” nisto há quase um ano.
Eu, PreDatado Amaral de Sousa, declaro que sou incompetente. Não sei gerir o meu blog, uns dias faço 6 posts, outros não faço nenhum. Já tentei gerir isto com mais um compincha, mas andamos sempre às turras. Se o senhor ministro destas coisas, o tal de Blogão Feliz, me quiser despedir eu aceito. Mas tem de me passar para cá os meus 18.000 euritos por mês de reforma. É que parecendo que não eu já “trabalho” nisto há quase um ano.
585. O álcool e os menores
Todas as semanas o LIDL manda pôr na minha caixa de correio uma publicação chamada “Dica” com publicidade às promoções da semana. Ao contrario de outros folhetos publicitários, este, trás alguns artigos interessantes, muitas das vezes fazendo eco do que algures já foi publicado noutra imprensa, mas que por ventura passam despercebidas a muita gente. A propósito de um pequeno texto sobre o consumo de álcool por menores, veio-me à memória um episódio que se passou comigo em 1992, na Califórnia. Na época, com 37 anos de idade, dirigi-me a um posto de combustível para comprar alguns maços de cigarros e um pack de cervejas. A funcionária, pediu-me, educadamente, a identificação para se certificar da minha idade. A venda pública de álcool (creio que de tabaco, também), era interdita a menores de 18 anos, o que me fez agradecer a simpatia da senhora, na óptica de quem se sentia elogiado por tal pedido. Ela explicou-me que, sem desconsiderar o, na altura, meu ar jovial, ela não tinha qualquer dúvida de que eu não tivesse menos de 18 anos. No entanto, como ela me explicou, se não me exigisse a identificação poderia ficar sujeita a que lhe fechassem o estabelecimento. Há aqui algum exagero na acção, quiçá algum fundamentalismo. Mas depois de ler o tal artigo na referida publicação, pergunto, quem fiscaliza a venda de bebidas alcoólicas a menores em Portugal? Eu próprio já o vi fazer e, sem ter qualquer responsabilidade oficial (que não moral), intervim, chamando a atenção do funcionário de uma bomba de gasolina. Era para o pai, respondeu o miúdo. O empregado, esse, ao menos, corou.
Todas as semanas o LIDL manda pôr na minha caixa de correio uma publicação chamada “Dica” com publicidade às promoções da semana. Ao contrario de outros folhetos publicitários, este, trás alguns artigos interessantes, muitas das vezes fazendo eco do que algures já foi publicado noutra imprensa, mas que por ventura passam despercebidas a muita gente. A propósito de um pequeno texto sobre o consumo de álcool por menores, veio-me à memória um episódio que se passou comigo em 1992, na Califórnia. Na época, com 37 anos de idade, dirigi-me a um posto de combustível para comprar alguns maços de cigarros e um pack de cervejas. A funcionária, pediu-me, educadamente, a identificação para se certificar da minha idade. A venda pública de álcool (creio que de tabaco, também), era interdita a menores de 18 anos, o que me fez agradecer a simpatia da senhora, na óptica de quem se sentia elogiado por tal pedido. Ela explicou-me que, sem desconsiderar o, na altura, meu ar jovial, ela não tinha qualquer dúvida de que eu não tivesse menos de 18 anos. No entanto, como ela me explicou, se não me exigisse a identificação poderia ficar sujeita a que lhe fechassem o estabelecimento. Há aqui algum exagero na acção, quiçá algum fundamentalismo. Mas depois de ler o tal artigo na referida publicação, pergunto, quem fiscaliza a venda de bebidas alcoólicas a menores em Portugal? Eu próprio já o vi fazer e, sem ter qualquer responsabilidade oficial (que não moral), intervim, chamando a atenção do funcionário de uma bomba de gasolina. Era para o pai, respondeu o miúdo. O empregado, esse, ao menos, corou.
quarta-feira, setembro 15, 2004
584. Schubert
A Melancia pediu, eu prometi, o Schubert concordou e ei-lo imponente à espera da tua Paloma, Melancia.
A Melancia pediu, eu prometi, o Schubert concordou e ei-lo imponente à espera da tua Paloma, Melancia.
583. De onde?
Da Grand Place em Bruxelas, ou sentado no Chez Lion a comer moules au frites, ou simplesmente recostado numa poltrona no seu gabinete de apoio a um comissário europeu. De dentro do museu do Louvre ou sentado à beira do Sena, portátil no colo e GPRS activo. Ou talvez das escadarias de Monmartre. Do Castelo dos Mouros em Sintra, do Miradouro de Santa Luzia, da praia do Furadouro, do alto da Senhora da Graça, da Praia da Luz, em Lagos ou do cabo da Roca. Até do Pulo do Lobo, da Tapada da Mina de S. Domingos, das termas de Monfortinho e do miradouro de Almada. De uma rua em Toronto, da ilha de Bali na Indonésia, de Tokyo e de Kyoto, de Beijing ou Xangai ou sentados nas ameias da Grande Muralha. Comendo caviar em Sebastopol. De Bucareste, de Varsóvia, de Budapeste, de Praga, de Baku, de Kiev, de Tallin, de S. Petersburgo, de Novorosisky. Sentado numa cadeira do Bolshoi no intervalo de uma peça. Do New London Theatre, de qualquer teatro de Edinburgh, do Scalla em Milano, de um bar algures no Bairro Alto, de uma discoteca na 24 de Julho. A comer jaquinzinhos numa tasca em Cacilhas, ou caldeirada num restaurante em Sesimbra. Do Leu em Setúbal entre um pedaço de choco frito e uma garfada de salada mista. Da Ilha do Mel no Paraná, de Francisco Noronha ou do Morro de S. Paulo. De Salvador, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, S. Luís do Maranhão. Do Pantanal, de Manaus, da Foz do Iguaçu. De Buenos Aires, Santiago, La Paz, Lima. De Marrakech, Tunes, Argel, Cairo, Lagos, Mogadíscio, Lusaca, Nuaquexote, Bissau, Luanda, Maputo, Dili. Da Plaza Mayor, em Madrid, enquanto saboreiam um cocinillo na Antiga Casa Botin, ou das Ramblas em Barcelona. Da praia de S. João na Caparica, do meio de um piquenique nas dunas da Fonta da Telha, da linha do Estoril e da linha de Sintra. Do Castelo de Palmela. Deixando de lado aquela presa de entrecosto num Cozido à Portuguesa em canal Caveira. Dos corredores do Parlamento Europeu, ou de uma torre na avenida Paulista. De Nova Iorque, dentro do elevador no 81º andar do Empire State Building. De Long Beach e de Sacramento. Desfrutando os maravilhosos sons de Niagara Falls ou de Saint Souce Marie no Michigan. De todos os cantos do mundo elas e eles, as minhas amigas leitoras e os meus amigos leitores vieram aqui passar uns momentos com o PreDatado. Por isso foram 15.000, as visitas que me fizeram. Eu escrevo neste blog porque gosto. Mas escrevo, fundamentalmente, para vocês. Obrigado pelo apoio e pelo incentivo. Bem hajam!
PS. O Schubert disse-me que também vieram da Gatolândia. Fica aqui a adenda. Justa.
Da Grand Place em Bruxelas, ou sentado no Chez Lion a comer moules au frites, ou simplesmente recostado numa poltrona no seu gabinete de apoio a um comissário europeu. De dentro do museu do Louvre ou sentado à beira do Sena, portátil no colo e GPRS activo. Ou talvez das escadarias de Monmartre. Do Castelo dos Mouros em Sintra, do Miradouro de Santa Luzia, da praia do Furadouro, do alto da Senhora da Graça, da Praia da Luz, em Lagos ou do cabo da Roca. Até do Pulo do Lobo, da Tapada da Mina de S. Domingos, das termas de Monfortinho e do miradouro de Almada. De uma rua em Toronto, da ilha de Bali na Indonésia, de Tokyo e de Kyoto, de Beijing ou Xangai ou sentados nas ameias da Grande Muralha. Comendo caviar em Sebastopol. De Bucareste, de Varsóvia, de Budapeste, de Praga, de Baku, de Kiev, de Tallin, de S. Petersburgo, de Novorosisky. Sentado numa cadeira do Bolshoi no intervalo de uma peça. Do New London Theatre, de qualquer teatro de Edinburgh, do Scalla em Milano, de um bar algures no Bairro Alto, de uma discoteca na 24 de Julho. A comer jaquinzinhos numa tasca em Cacilhas, ou caldeirada num restaurante em Sesimbra. Do Leu em Setúbal entre um pedaço de choco frito e uma garfada de salada mista. Da Ilha do Mel no Paraná, de Francisco Noronha ou do Morro de S. Paulo. De Salvador, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, S. Luís do Maranhão. Do Pantanal, de Manaus, da Foz do Iguaçu. De Buenos Aires, Santiago, La Paz, Lima. De Marrakech, Tunes, Argel, Cairo, Lagos, Mogadíscio, Lusaca, Nuaquexote, Bissau, Luanda, Maputo, Dili. Da Plaza Mayor, em Madrid, enquanto saboreiam um cocinillo na Antiga Casa Botin, ou das Ramblas em Barcelona. Da praia de S. João na Caparica, do meio de um piquenique nas dunas da Fonta da Telha, da linha do Estoril e da linha de Sintra. Do Castelo de Palmela. Deixando de lado aquela presa de entrecosto num Cozido à Portuguesa em canal Caveira. Dos corredores do Parlamento Europeu, ou de uma torre na avenida Paulista. De Nova Iorque, dentro do elevador no 81º andar do Empire State Building. De Long Beach e de Sacramento. Desfrutando os maravilhosos sons de Niagara Falls ou de Saint Souce Marie no Michigan. De todos os cantos do mundo elas e eles, as minhas amigas leitoras e os meus amigos leitores vieram aqui passar uns momentos com o PreDatado. Por isso foram 15.000, as visitas que me fizeram. Eu escrevo neste blog porque gosto. Mas escrevo, fundamentalmente, para vocês. Obrigado pelo apoio e pelo incentivo. Bem hajam!
PS. O Schubert disse-me que também vieram da Gatolândia. Fica aqui a adenda. Justa.
terça-feira, setembro 14, 2004
582. Ser pai é,
- Ficar a tomar conta do puto, mudar-lhe a fralda e quando a mãe chega ele estar borrado até ao pescoço;
- Carregar com os vinte sacos do supermercado escada a cima, porque ele prefere o colo da mãe;
- Tentar convencê-los a ser do Benfica e ela preferir o Sporting, cedendo à chantagem da mama;
- Tirar do carro, armar o carrinho, tirá-los dos braços da mãe, pô-los no carrinho, apertar os cintos, empurrar o carrinho, dá-los para os braços da mãe, fechar o carrinho, meter o carrinho no carro;
- Ter a certeza que eles disseram primeiro papá do que mamã;
- Dizer estremunhado e virado para o outro lado “vê lá se acordas que a menina parece que está a chorar”;
- Dar-lhes um beijo antes de sair para o emprego, outro quando chega, afagar-lhes a cabeça e ficar a rezar para que ao Sábado ou ao Domingo eles não perguntem “mãe, este senhor que vem cá aos fins-de-semana é que é o pai?”
- Poder dizer “o teu filho já fez merda” quando eles fazem asneira e poder dizer “o meu filho é fixe”, quando eles fazem coisas boas;
- Não perceber porque é que a prancha de surf do ano passado já não serve; será que as ondas cresceram?
- Ampliar os armários da filha porque os cento e vinte pares de sapatos, chinelas, saias, blusas, vestidos, cuecas, soutiens e o diabo a sete, já não cabem no guarda-roupa;
- Pegar no berbequim, furar e apertar parafusos porque é preciso colocar os suportes da viola;
- Pagar as quotas do Sporting à filha, quando aquele dinheirinho era bem mais empregue numas jolas;
- Fazer-lhe o nó da primeira gravata;
- Dar uma de cota e explicar porque é que não quer que ele use brinco, porque é que não quer que ele use piercings, porque é que não quer que ele faça tatuagens.
- Emprestar-lhes o carro sempre que eles pedem e dar-lhes a chave mesmo quando eles não pedem, para poder ficar a sós com a mãe;
- Ter de ouvir rock punk hardcore em volume 17, quando está sentado no sofá a ler o jornal do fim-de-semana passado;
- Ficar babadinho até aos pés quando ela se licencia ou quando ele entra na universidade;
- Amar uma mulher que foi capaz de fazer as outras oitocentas e quarenta e duas coisas, aqui não relatadas e, que só ela “sabe” fazer.
(este post é dedicado à vieira do mar e por ricochete à papoila)
- Ficar a tomar conta do puto, mudar-lhe a fralda e quando a mãe chega ele estar borrado até ao pescoço;
- Carregar com os vinte sacos do supermercado escada a cima, porque ele prefere o colo da mãe;
- Tentar convencê-los a ser do Benfica e ela preferir o Sporting, cedendo à chantagem da mama;
- Tirar do carro, armar o carrinho, tirá-los dos braços da mãe, pô-los no carrinho, apertar os cintos, empurrar o carrinho, dá-los para os braços da mãe, fechar o carrinho, meter o carrinho no carro;
- Ter a certeza que eles disseram primeiro papá do que mamã;
- Dizer estremunhado e virado para o outro lado “vê lá se acordas que a menina parece que está a chorar”;
- Dar-lhes um beijo antes de sair para o emprego, outro quando chega, afagar-lhes a cabeça e ficar a rezar para que ao Sábado ou ao Domingo eles não perguntem “mãe, este senhor que vem cá aos fins-de-semana é que é o pai?”
- Poder dizer “o teu filho já fez merda” quando eles fazem asneira e poder dizer “o meu filho é fixe”, quando eles fazem coisas boas;
- Não perceber porque é que a prancha de surf do ano passado já não serve; será que as ondas cresceram?
- Ampliar os armários da filha porque os cento e vinte pares de sapatos, chinelas, saias, blusas, vestidos, cuecas, soutiens e o diabo a sete, já não cabem no guarda-roupa;
- Pegar no berbequim, furar e apertar parafusos porque é preciso colocar os suportes da viola;
- Pagar as quotas do Sporting à filha, quando aquele dinheirinho era bem mais empregue numas jolas;
- Fazer-lhe o nó da primeira gravata;
- Dar uma de cota e explicar porque é que não quer que ele use brinco, porque é que não quer que ele use piercings, porque é que não quer que ele faça tatuagens.
- Emprestar-lhes o carro sempre que eles pedem e dar-lhes a chave mesmo quando eles não pedem, para poder ficar a sós com a mãe;
- Ter de ouvir rock punk hardcore em volume 17, quando está sentado no sofá a ler o jornal do fim-de-semana passado;
- Ficar babadinho até aos pés quando ela se licencia ou quando ele entra na universidade;
- Amar uma mulher que foi capaz de fazer as outras oitocentas e quarenta e duas coisas, aqui não relatadas e, que só ela “sabe” fazer.
(este post é dedicado à vieira do mar e por ricochete à papoila)
581. Orçamentos
- Olá, bem disposto?
- Cansado, mas feliz!
- Porquê tanta felicidade?
(o meu espelho, hoje nem estranhou de eu cortar a barba às 9h30; apenas reparou no meu ar de felicidade)
- Então não leste o meu post de baixo?
- Li sim, mas isso deixa-te feliz?
- Claro, os gajos tiveram que pagar 2 euros e meio, enquanto que eu só paguei 2 euros!
- Toma que já almoçaram!
(agora foi o meu espelho que exagerou. Eu posso estar feliz, mas não uso expressões tão popularuchas assim)
- E que me contas mais? – (insistiu)
- E agora meu querido espelho é que vão ser elas cá em casa!
- Cá em casa? O que é que cá em casa tem a ver com os Espíritos Santos? Viraste católico?
(eu não aguento isto. O espelho a fazer trocadilhos de mau gosto. Um gajo a falar a sério e ele sempre com piadinhas de algibeira. Estive quase para lhe virar as costas, mas..)
- Sim cá em casa; O João vai passar a pagar uma taxa por cada iogurte que comer. O mesmo vou fazer à Anita, nem que ela rejeite o jantar por achar que está gorda. Leva com um imposto-sobre-o-desperdício. E a Maria, se a apanho a comer uma torrada com manteiga, ao pequeno almoço, leva com a taxa-sobre- produtos-que-podem-causar-colestetrol. E no fim do ano vão passar a fazer uma declaração mod. 33, para pagarem o ISGED e o ISGPQNVAD.
. Que impostos são esses?!!!!
(desta vez admiti-lhe a interrogação pasmada que fez; de facto são dois novos impostos familiares, dos quais ele não tem conhecimento prévio. Ainda estão em estudo e só serão discutidos, cá em casa, no próximo plenário à mesa de jantar)
- Imposto-Sobre-Gastos-Em-Discotecas e Imposto-Sobre-Gastos-Para-Quem-Não-Vai-A-Discotecas.
- Ó Pré! (como é carinhoso o meu espelho, quando me trata por Pré). Tu levaste mesmo a sério aquela coisa do Bagão dizer que o Orçamento de Estado é como o Orçamento Familiar, não levaste?
- Olá, bem disposto?
- Cansado, mas feliz!
- Porquê tanta felicidade?
(o meu espelho, hoje nem estranhou de eu cortar a barba às 9h30; apenas reparou no meu ar de felicidade)
- Então não leste o meu post de baixo?
- Li sim, mas isso deixa-te feliz?
- Claro, os gajos tiveram que pagar 2 euros e meio, enquanto que eu só paguei 2 euros!
- Toma que já almoçaram!
(agora foi o meu espelho que exagerou. Eu posso estar feliz, mas não uso expressões tão popularuchas assim)
- E que me contas mais? – (insistiu)
- E agora meu querido espelho é que vão ser elas cá em casa!
- Cá em casa? O que é que cá em casa tem a ver com os Espíritos Santos? Viraste católico?
(eu não aguento isto. O espelho a fazer trocadilhos de mau gosto. Um gajo a falar a sério e ele sempre com piadinhas de algibeira. Estive quase para lhe virar as costas, mas..)
- Sim cá em casa; O João vai passar a pagar uma taxa por cada iogurte que comer. O mesmo vou fazer à Anita, nem que ela rejeite o jantar por achar que está gorda. Leva com um imposto-sobre-o-desperdício. E a Maria, se a apanho a comer uma torrada com manteiga, ao pequeno almoço, leva com a taxa-sobre- produtos-que-podem-causar-colestetrol. E no fim do ano vão passar a fazer uma declaração mod. 33, para pagarem o ISGED e o ISGPQNVAD.
. Que impostos são esses?!!!!
(desta vez admiti-lhe a interrogação pasmada que fez; de facto são dois novos impostos familiares, dos quais ele não tem conhecimento prévio. Ainda estão em estudo e só serão discutidos, cá em casa, no próximo plenário à mesa de jantar)
- Imposto-Sobre-Gastos-Em-Discotecas e Imposto-Sobre-Gastos-Para-Quem-Não-Vai-A-Discotecas.
- Ó Pré! (como é carinhoso o meu espelho, quando me trata por Pré). Tu levaste mesmo a sério aquela coisa do Bagão dizer que o Orçamento de Estado é como o Orçamento Familiar, não levaste?
580. Diferenciação positiva
Acabei de chegar do Centro de Saúde do Laranjeiro. Hoje estou feliz! Apesar de termos estado desde as 6 da manhã à chuva, na fila para marcar uma consulta, lá estive em amena cavaqueira com o Ricardo Espirito Santo Salgado, o Américo Amorim, o Belmiro de Azevedo e o não sei quantos de Mello (com dois éles, sim, com dois éles). Todos ali, na fila indiferentes à humidade da madrugada, para marcarmos as nossas consultazinhas. E toma! Eles pagaram uma taxa moderadora muito mais alta que eu.
(o Bagão, passou de carro e cumprimentou-nos; acho que não ficou nada admirado de ver gente tão rica num Centro de Saúde)
Acabei de chegar do Centro de Saúde do Laranjeiro. Hoje estou feliz! Apesar de termos estado desde as 6 da manhã à chuva, na fila para marcar uma consulta, lá estive em amena cavaqueira com o Ricardo Espirito Santo Salgado, o Américo Amorim, o Belmiro de Azevedo e o não sei quantos de Mello (com dois éles, sim, com dois éles). Todos ali, na fila indiferentes à humidade da madrugada, para marcarmos as nossas consultazinhas. E toma! Eles pagaram uma taxa moderadora muito mais alta que eu.
(o Bagão, passou de carro e cumprimentou-nos; acho que não ficou nada admirado de ver gente tão rica num Centro de Saúde)
segunda-feira, setembro 13, 2004
579. Sou uma Estrela
Por sugestão do blog da minha amiga Pê, fiz o quiz e sou:
You are the Star card. The Star is the light of
hope. Shining in the night, sending light into
darkness, the stars provide direction to
sailors and are a field on which to dream.
Humanity used to look up at the sky and desire
to be there, to find out what it all meant, and
now we have been a distance into space and have
elementary ideas of the makeup of all the
different stars. This kind of achievement adds
further fuel to our hopes. The eternal,
slow-moving stars that will be long shining
past the end of our own existence provide hope
of immortality, and the vast space they suggest
and the very mystery they hold provide us with
excitement and knowledge yet to be discovered.
Image from: Danielle Sylvie Taylor
http://members.limitless.org/~morpheum/gallery.html
Which Tarot Card Are You?
brought to you by Quizilla
Não está nada mal, não senhor.
- Ó Pre estás um bocado abichanado na foto, confessa!
( o meu espelho não tem tento na língua)
- Lá estás tu... hoje não estou para te aturar. Amanhã conversamos.
Por sugestão do blog da minha amiga Pê, fiz o quiz e sou:
You are the Star card. The Star is the light of
hope. Shining in the night, sending light into
darkness, the stars provide direction to
sailors and are a field on which to dream.
Humanity used to look up at the sky and desire
to be there, to find out what it all meant, and
now we have been a distance into space and have
elementary ideas of the makeup of all the
different stars. This kind of achievement adds
further fuel to our hopes. The eternal,
slow-moving stars that will be long shining
past the end of our own existence provide hope
of immortality, and the vast space they suggest
and the very mystery they hold provide us with
excitement and knowledge yet to be discovered.
Image from: Danielle Sylvie Taylor
http://members.limitless.org/~morpheum/gallery.html
Which Tarot Card Are You?
brought to you by Quizilla
Não está nada mal, não senhor.
- Ó Pre estás um bocado abichanado na foto, confessa!
( o meu espelho não tem tento na língua)
- Lá estás tu... hoje não estou para te aturar. Amanhã conversamos.
578. JanMarri Viãzici!
Ontem (e anteontem) fui visitar o Alentejo da minha Maria. A Tapada da Mina estava deliciosa, as águas claríssimas e, a temperatura, simplesmente de convidar a não sair. Além da banhoca, ainda deu para dormir uma soneca ao sol velado pelas ramagens de eucaliptos. Nesta época tem mais beleza, pois está menos cheia de gente e podemo-nos afundar no sono sem ser embalados por aquela “algarviada” de franciú misturado com alentejano.
Ontem (e anteontem) fui visitar o Alentejo da minha Maria. A Tapada da Mina estava deliciosa, as águas claríssimas e, a temperatura, simplesmente de convidar a não sair. Além da banhoca, ainda deu para dormir uma soneca ao sol velado pelas ramagens de eucaliptos. Nesta época tem mais beleza, pois está menos cheia de gente e podemo-nos afundar no sono sem ser embalados por aquela “algarviada” de franciú misturado com alentejano.
577. Juro que não sou supersticioso
A propósito de nada lembro-me de histórias. Passo alguns bons bocados do meu tempo no escritório do meu amigo Rocha. Num desses dias, ele convidou-me a visitar um navio e, como é das normas de segurança e protecção pessoal, ele ofereceu-me umas luvas. Deixei-as em cima de uma secretária que costumo utilizar quando vou ao escritório. Um dia destes as instalações foram assaltadas. Vidros partidos, gavetas e armários revoltos, coisas pelo chão e outras que “voaram”. Vieram as autoridades, espalharam por aqui e por acolá o produto e… não havia impressões digitais. Sabemos quanto os ladrões, hoje em dia, são prevenidos. Alguns dias depois, no balanço do falta não falta, entre muitíssimas outras coisas, faltavam, também, as minhas luvas. Não bastava o jardineiro ter deixado a escada, com que sobe às árvores, à mão de semear, quanto mais eu deixar as luvas prontinhas a não deixar vestígios. Hoje, olhei para cima da secretária e vi que estavam lá umas luvas novas. Corri à janela para ver se o jardineiro tinha guardado as escadas. Não vá o diabo tecê-las.
A propósito de nada lembro-me de histórias. Passo alguns bons bocados do meu tempo no escritório do meu amigo Rocha. Num desses dias, ele convidou-me a visitar um navio e, como é das normas de segurança e protecção pessoal, ele ofereceu-me umas luvas. Deixei-as em cima de uma secretária que costumo utilizar quando vou ao escritório. Um dia destes as instalações foram assaltadas. Vidros partidos, gavetas e armários revoltos, coisas pelo chão e outras que “voaram”. Vieram as autoridades, espalharam por aqui e por acolá o produto e… não havia impressões digitais. Sabemos quanto os ladrões, hoje em dia, são prevenidos. Alguns dias depois, no balanço do falta não falta, entre muitíssimas outras coisas, faltavam, também, as minhas luvas. Não bastava o jardineiro ter deixado a escada, com que sobe às árvores, à mão de semear, quanto mais eu deixar as luvas prontinhas a não deixar vestígios. Hoje, olhei para cima da secretária e vi que estavam lá umas luvas novas. Corri à janela para ver se o jardineiro tinha guardado as escadas. Não vá o diabo tecê-las.
sábado, setembro 11, 2004
575. Luto
Obviamente, hoje estou de luto. Estou de luto há três anos... ou mais. Se é verdade que Bin Laden me ofereceu o fato preto, também não é menos verdade que a camisa, a gravata, as meias e até os sapatos me foram oferecidos por outros. Peço desculpa se não vou aqui recordar todos os que me ofereceram tão negras vestes, mas não posso deixar de referir Bush, Sharon, Putin...
Obviamente, hoje estou de luto. Estou de luto há três anos... ou mais. Se é verdade que Bin Laden me ofereceu o fato preto, também não é menos verdade que a camisa, a gravata, as meias e até os sapatos me foram oferecidos por outros. Peço desculpa se não vou aqui recordar todos os que me ofereceram tão negras vestes, mas não posso deixar de referir Bush, Sharon, Putin...
sexta-feira, setembro 10, 2004
574. Schubert...
Vou passar o fim de semana ao Alentejo, mas desta vez não te levo comigo. Sabes, meu querido, tu estás na idade de andar às gatas e nós estamos com receio que vás atrás de alguma e te esqueças do caminho de volta (lembras-te daquele gajo que saiu para comprar tabaco e só voltou ao fim de 20 anos?). Ou que te aconteça algo. Mas não vais ficar abandonado. A Fátima vem cá pelo menos duas vezes por dia visitar-te e dar-te de comer. Eu sei que vais estranhar a falta de companhia. Eu ainda nem saí de casa e já estou a sentir a tua falta. Mas a vida é assim meu caro gato. Há pessoas que abandonam animais, há pessoas que abandonam pessoas. Nós voltaremos para te mimar dentro de 48 horas. É só um instantinho.
Vou passar o fim de semana ao Alentejo, mas desta vez não te levo comigo. Sabes, meu querido, tu estás na idade de andar às gatas e nós estamos com receio que vás atrás de alguma e te esqueças do caminho de volta (lembras-te daquele gajo que saiu para comprar tabaco e só voltou ao fim de 20 anos?). Ou que te aconteça algo. Mas não vais ficar abandonado. A Fátima vem cá pelo menos duas vezes por dia visitar-te e dar-te de comer. Eu sei que vais estranhar a falta de companhia. Eu ainda nem saí de casa e já estou a sentir a tua falta. Mas a vida é assim meu caro gato. Há pessoas que abandonam animais, há pessoas que abandonam pessoas. Nós voltaremos para te mimar dentro de 48 horas. É só um instantinho.
573. Produtividade
Eu escrevi isto num comentário ao blog da Ana. Assim, de repente, apeteceu-me copiar para aqui. Só um incorrígivel produtivo.
"Eu estou desempregado há 2 anos. Já produzi 24 meses de inactividade. O que é obra! Pela teoria do primeiro ministro eu terei direito a um bom aumento... de tempo de desemprego. Esperam-me mais 15 anos assim? "
(a propósito dos aumentos segundo a produtividade)
Eu escrevi isto num comentário ao blog da Ana. Assim, de repente, apeteceu-me copiar para aqui. Só um incorrígivel produtivo.
"Eu estou desempregado há 2 anos. Já produzi 24 meses de inactividade. O que é obra! Pela teoria do primeiro ministro eu terei direito a um bom aumento... de tempo de desemprego. Esperam-me mais 15 anos assim? "
(a propósito dos aumentos segundo a produtividade)
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