Lunch Time Blog
Segunda-feira. Uma pessoa vai ao mercado e ou encontra as bancas vazias ou vê carapau de olho vermelho. Não lhe resta senão optar pelo restaurante. Olha para as vitrinas e o que vê? Uma miséria franciscana. Depois pensa, não vou sair daqui sem comer. Embora nunca tenha ouvido o badalo do relógio, o cuco a fazer cu-cu, a corda no seu tic tac, tic tac, é aquela sensação da barriga a dar horas. Fica sem capacidade de raciocínio. Lê o cardápio e fica a coçar a cabeça. Não lhe apetece nada e ao mesmo tempo parece que o que vier à rede é peixe. Vê passar o garçon com uma travessa de óptimo aspecto, parecem boas as bifanas, pelo menos vêm bem ornamentadas. Come com os olhos, torna-se invejoso e diz, também quero. No início ataca com toda a adrenalina que a fome lhe transmite, mas, à segunda mastigadela, parece aqueles putos pequenos a quem se lhes começa a enrolar a comida na boca e a dizer “não quéiu mais”. Põe de lado, olha para as sobremesas e já sabe que não vai comer nada daquilo. Pede uma bica. Pede a conta também, paga, deixa gorjeta, a pensar que mal empregadinha e vai-se embora. Quando entra no carro está tão desconsolado… Mas ainda tem tempo. Então vai até à Costa, senta-se numa esplanada, pede uma garrafa de água das pedras bem fresquinha e fica a contemplar o mar.
PS. Nem vou contar nada ao Schubert quando chegar a casa. Já sei que me vai miar, roçar-me nas pernas, levar-me ao restaurante dele, pedir para me ajoelhar, baixar a cabeça na gamela e obrigar-me a comer da sua ração. Ele não quer que me falte nada.
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