Sobremesa (I)
Tenho com ela uma atitude nobre.
Suavemente, a rugosa veste retirando
Retribui-me essa nobreza, me mostrando
O véu sedoso que seu corpo cobre.
Espera de mim um pouco mais de aprumo.
Não a defraudo e, como se fora mestre
Dispo-a então dos restos que se veste
E já nua, chupo seu delicioso sumo.
Mas nem sempre esta atitude tomo
Gosto de a comer de feição diversa
Por isso a abro muitas vezes em flor.
E, egoísta, a seus gomos eu assomo.
(vou ser directo, deixemo-nos de conversa)
Sou louco por laranja, mas detesto a cor.
Alves Fernandes in Sobremesas
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