terça-feira, março 23, 2004

Religião

Obviamente, nem eu precisaria dizer isto, que as minhas amigas leitoras e os meus amigos leitores sabem que não sou nada de meter em assuntos religiosos. Nadinha mesmo. Eu nunca falei aqui em religião e prometo que irão passar várias luas até que o volte a fazer. Eu já fui católico (prefiro dizer isto do que utilizar o eufemismo de católico não praticante), baptizado, crismado e casado sob a bênção da igreja católica e por isso não me resta mais do que respeitar as convicções religiosas de cada um. Era o mais que faltava não respeitar os outros. No entanto um e-mail que recebi há uns dias e que por sorte não fez parte dos 75% que eu mando directo para o lixo sem abrir, tinha uma frase, que citarei mais tarde, a qual me inspirou estas linhas. Quando eu era solteiro, o meu, na época, futuro cunhado era já um fiel seguidor da igreja evangélica. Hoje é um proeminente pastor e uma pessoa de quem eu gosto muito. A sua personalidade religiosa, um tanto ao quanto ecuménica, permitia-lhe uma abertura de espírito para debater as igrejas e as religiões com outras orientações religiosas. Lembro-me nessa época de durante semanas a fio ele receber em sua casa, um duo mórmon e passarem horas a conversar. Vi-o discutir ideias com padres, com pessoas sem religião e com outras correntes evangélicas. Expectável era que, no caso dos mórmones, nem eles virassem Luteranos, nem o meu cunhado viesse a ser um futuro Elder. Como aliás se confirmou.
Comigo passou-se um caso até curioso e engraçado para ser contado. Quando eu era católico, todas as manhãs de Domingo eu assistia à Eucaristia Dominical na televisão. Pois era a essa hora que, não sei se de propósito ou apenas por coincidência de horários, sempre as Testemunhas de Jeová me tocavam a campainha. Um dos dias, convidei-os a entrar e os seus olhos brilharam. Conduzi-os à sala, onde a TV transmitia a Santa Missa, convidei-os a sentar e não só. Pedi-lhes que comigo assistissem à transmissão religiosa e que no final da celebração, então sim, conversaríamos. Não vale quase a pena vos contar o desfecho pois, é óbvio, que já adivinhastes. Não aceitaram o convite, o brilho nos olhos perdeu-se e saíram, educadamente.

Contado que foi o episódio e pedindo desculpa pela maçada da enorme introdução que fiz, vou partilhar convosco a frase que, pressupostamente é atribuída a um vivido sexagenário e que recebi no e-mail:

“As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas, consigo, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.”

Vocês podem ficar a pensar se tem ou não alguma verdade inserida. Eu tenho a certeza que sim.

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