quarta-feira, março 31, 2004

Lunch Time Blog

Tenho um compadre que um dia me disse que seria incapaz de comer língua de vaca, pelo facto de esta andar na boca dos animais. Que antes queria comer um ovinho estrelado. “Mas oh compadre Anastácio, você não come língua porque anda na boca dos animais e come o ovo que sai da cloaca da galinha”. “Tem toda a razão compadre, nunca tinha pensado nisso”. Mas isso, são outras histórias. No entanto, vem a propósito da minha opção para hoje. Levantei-me tarde e não tomei o meu habitual continental breakfast. Decidi fazer do meu almoço uma coisa ligeira e, eu próprio o preparei. Dois ovos numa tigela, batidos apenas 3 vezes (3 voltas leram bem?) com um garfo e com carinho. Depois em lume não muito forte mas suficiente para que o ovo não cole na frigideira, deitá-los devagarinho e não mexer. Enquanto frita a película no fundo da frigideira, organizadamente colocam-se os camarões, escaldados e descascados. Rijinhos para que o dente os sinta. Com cuidado para não partir, com uma colher de pau ou espátula de madeira, cobrem-se os camarões com o ovo. Se eu soubesse desenhar faria o esquema. Vou deixar isso para o Disperso, que ele é que é o artista da família. Depois num movimento único mas firme, levando a omoleta no ar, uma só cambalhota, ela cai direitinha mas do lado contrário sobre a frigideira. Apenas uma volta no ar. Cuidado ao tentarem fazer isso com alguém perto. Basta um olhar para o lado e ela cai-vos direitinha no chão. Fala quem já teve esse privilégio. A gargalhada geral não compensa a chatice. Duas rodelas de tomate maduro q.b. temperado com orégãos e um fio de azeite que simultaneamente cubra duas fatias de queijo de cabra fresco e aí está como se transforma um pequeno-almoço num delicioso almoço. Logo à tarde vou estar cheio de fome, mas isso agora não vem para o caso.

PS. Quando passei do meu pequeno escritório para a cozinha, o Shubert estava nas costas do sofá do sala a olhar-me por entre os vidros da porta. É o instinto animal. Miava como que pedindo encarecidamente, “convida-me para o teu almoço”. Quase me veio uma lágrima ao olho. Compensei-lhe a ração com uma guloseima das latinhas da Whiskas. Deve ter pensado, “do mal, o menos”.

Sem comentários: