segunda-feira, março 01, 2004

Talvez eu tenha uma chance


Hoje acordei a pensar em candidatar-me a Presidente da República. Vós, minhas amigas leitoras e meus amigos leitores bem sabeis que eu não sou nada de me candidatar a Presidente da República. Aliás não só vós, mas também os Srs. Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio o sabem, pois nunca lhes fiz frente nas eleições em que estes ilustres Senhores foram eleitos Presidentes.
Mas desta vez acho que tenho uma chance. Estive a fazer de memória uma retrospectiva da minha vida e acho que tenho condições. Vejamos:
- Fui presidente do Matadourense, o clube lá do meu bairro. A única condição que pus, para aceitar o lugar, foi não comer cozido à portuguesa em Canal Caveira. Bem sei que isso desagradou a alguns apoiantes meus, mas eu sempre assumo as minhas convicções. Também sei que estive pouco tempo na presidência, mas os que conhecem a história do clube sabem bem que eu só saí por causa de um tipo lá do Bairro que só por ser rico e dizer a toda a gente que era neto de um Marquês, quis ele ser presidente. Depois deu no que deu, o Matadourense lá se sagrou campeão do inter-bairros, mas ele teve que alinhar com o gajo lá de cima, quer dizer com o tipo do 5º Dto, que tem assim uma pronúncia esquisita e dizia que se o tal neto do marquês não se aliasse com ele não teriam força para derrubar o clube lá do bairro de barracas, o Sport Valdeão e Almada e que além disso ele que se pusesse a pau, pois passaria a deixar à solta o siamês e o pitbull.
- Na comissão de moradores do meu bairro sempre avisei que me iria candidatar. E se eu reunia apoios! Fazia cada discurso mais inflamado, que só visto. Uma vez comecei o discurso a falar mal dos gajos do bairro amarelo, só quem assistiu é que pode dizer quantos minutos me estiveram a bater palmas. Claro que no fim defendi uma aliança com eles. Como é que sem a aliança a gente conseguiria derrotar o bairro cor-de-rosa? O que menos gostavam em mim, era que eu só ameaçava ser presidente da comissão de moradores e na hora da verdade, retirava-me e apoiava sempre os outros. Desde que eu fosse vice, tudo bem.
- Já tenho 48 anos. Ora, para ser presidente basta ter 35. Portanto estou na idade. Mas já vos estou a ver a criticarem porque eu não uso gel no cabelo. Não uso mas já usei, ou esqueceram quem era o menino bonito das discotecas desde a Costa da Caparica a Sesimbra?
- Numa dessas noites, em que saía da disco bem acompanhado, já se vê, passei por uma vivenda enorme e disse para as minhas amigas “Vou comprar aquela casa”. “Apoiado” responderam elas. Claro que depois da compra nomeei uma para gestora das limpezas, outra para presidir ao arranjo do jardim, outra para fazer a gestão das compras com especial atenção à dispensa pois não quero que falte nada nas festas e ainda outra para estudar como é que evitamos, o vizinho chato que não nos deixa passar pelo terreno dele para irmos para a piscina. Claro que ela já anda a construir um túnel. Ainda houve uma que me disse “Oh Vivi, mas tens umas palmeiras tão bonitas na casa antiga”. Eu acho que ela não vai muito à bola comigo, mas eu não dei parte fraca: “Planta-se uns abacateiros. Também dá muita sombra”.
- Hoje não tenho tempo para escrever o resto das minhas actividades passadas, com detalhe, mas digo-vos apenas que não escrevo nem na Bola, nem no Publico, mas que escrevo para o QNoticias. E que já me deixei de debates televisivos. Agora debato na mesa do café. Não me posso expor a certas coisas.

Bom, eu não quero terminar sem dizer que se o meu amigo algarvio, o Aníbal (não é esse, caraças) é o Aníbal Lopes, que adora bolo-rei, sabe à brava de finanças e nunca se engana, se candidatar eu nem penso duas vezes: desisto imediatamente de recolher assinaturas.


PS. O Schubert está cada vez mais bonito.

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