quinta-feira, maio 20, 2004

380. Partidos

Em tempos de antanho fiz parte de um partido político. Daqueles que não tinham na base programática o centralismo democrático mas que o eram, obviamente. E só por isso, ou talvez por isso, eu fui militante desse partido. Hoje sou de esquerda, de pensamento livre, não engajado, por isso permito-me a todas as incoerências e não dou contas a ninguém a não ser à minha própria consciência. Sou assim mesmo, não há cura para o meu mal. É um mal que se eu fosse médico consideraria de bom colesterol. Mas isso também é ser juiz em causa própria, portanto deixemos de falar se estou certo ou estou errado. Mas ainda adianto algumas analogias. Um dia num fórum desportivo da TSF há alguns anos perguntava-se se sendo benfiquista declarado seria normal Fernando Santos ter aceite o cargo de treinador do FC Porto. A mim isso faz-me muita confusão, creiam. Sou pelas convicções. Ingenuidade, pensam os meus amigos. Eu prefiro essa ingenuidade a marcenarias. Hoje o meu clube está cheio de lagartos e tripeiros em cargos de direcção. Nem imaginam como isso me complica com os nervos.
Esta introdução vai longa para o texto que eu queria escrever, mas as palavras são como as cerejas. Ontem ouvi o Sr. Morais Saguemento dizer que a riqueza do PSD era a sua heterogeneidade de pensamento e de atitudes. Desculpem-me amigos mas isso não é um partido. É um conjunto de figurões à procura de lugares. É uma mão cheia de clubes, num só. É o senhor tripeiro Veiga na direcção do Benfica, é o senhor lagarto Vaz na direcção do Benfica. Pelo amor de Deus, quando é que será permitido um ateu consagrar uma eucaristia? Seria uma riqueza.

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