392. Lunch Time Blog
Enquanto preparo o almoço, vejo as notícias. Entre desgraças e bodas…futebol. E imagino o futebol a comer.
O espectador come couratos.
O jogador come a relva.
O árbitro come por baixo da mesa.
O empresário come-os a todos.
Um ou outro distribui fruta.
A Federação come que se farta.
Nós somos comidos como gente grande.
Eu, indiferente a estas comezainas futebolísticas, adianto o churrasco. O Schubert, atento aos cheiros, mia. Pergunta-me se tem de ser árbitro. Não meu querido, não precisas de comer debaixo da mesa. A minha Maria prepara a salada. Pergunto-lhe se as folhas de alface, por serem verdes lhe fazem lembrar a relva dos estádios. Ela não “está, nem aí”. Não me consegue ler o pensamento. Afinal de contas ela não joga futebol. A filha começa a preparar as sobremesas. Hoje não há doces. Temos uvas, melão e morangos. Dispensamos as laranjas. Há três dias que não se vê outra cor na televisão. É ela, menina, delicada, frágil quem distribui fruta. Como se isso fosse possível. O filho aparece só à hora da comida. Sentamo-nos os quatro à mesa.Somos uma federação. Comemos que nos fartámos. Depois, à hora do café, falamos da vida, do Governo, do desgoverno, do que damos sem nada, ou quase nada, em troca. Somos comidos como gente grande. Somos apenas parte da boda. O vinho era da Estremadura. Da portuguesa. Olé!
PS. Schubert, eu sei que, nestas coisas da vida, és um mero espectador. Vai um courato? Tu respondes-me num tom que até parece brincadeira, mas penso que estavas a falar a sério. Não, hoje não, quando for grande quero ser empresário.
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