Lunch Time Blog
Não tem tudo que ser carne ou peixe. Branco ou preto. Oito ou oitenta. Ou, numa lógica binária, zero ou um. Mas confesso, eu que não sou vegan, uma refeição para mim tem (ou melhor, deve) ter sempre carne ou peixe. Sinto-me incompleto, vazio. Quando não, só me apetece passar a tarde a mastigar. Mas aos Sábados, minhas amigas leitoras e meus amigos leitores, os meus almoços têm privilegiado o peixe. Não é tradição, não é mania. Talvez seja disponibilidade para ir ao mercado, com tempo, olhar com olhos de ver, escolher e comprar. Gosto de fazer as saladas e dar-lhes o toque de orégãos. Gosto de temperar calmamente o peixe grelhado com um fiozinho de azeite. Gosto de, com a pontinha da faca, ir separando os lombos da espinha, e ver aquela polpa branquinha a chamar o garfo. Gosto de saborear calmamente cada garfada, sem pressas, os sabores de mar se entranhando. Gosto de misturar os sabores ficados com os sabores pingados. Tomar um gole de vinho e ficar a apreciar a mistura. Gosto de dois dedos de conversa que não me retire do objectivo principal, que versem a frescura, a textura, o sabor, o cheiro. Não se discute política, não se fala em futebol, não há facto social. Há uma espécie de sagrado em torno do prato. Até à sobremesa que hoje foi só de fruta diversa, não em salada mas em cortes, num misto de tropicalidade e sabores do sul.
PS. O Schubert acompanhou o ritual. Nem ele miou. No final lambeu-se.
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